Wando morre aos 66 anos

As calcinhas estão de luto. Famoso por jogar e receber as peças íntimas de fãs em seus shows, o cantor Wando morreu ontem, aos 66 anos, em Minas Gerais, vítima de uma parada cardiorrespiratória. A informação foi divulgada pelo hospital Biocor, onde ele estava internado desde o dia 27 de janeiro. O enterro acontece na manhã desta quinta-feira, no Cemitério Bosque da Esperança, em Belo Horizonte.

Segundo boletim hospitalar, no começo da semana o quadro do cantor era estável, apresentando uma significativa melhora.

"Estou na oficina de Deus arrumando a turbina. Me aguardem", chegou a ser divulgado um bilhete do mineiro de Arraial de Bom Jardim. Wando apresentou um súbito agravamento na madrugada de ontem e teve a parada às 8h.

Na Paraíba, as últimas arremessadas de calcinhas foram há quase dois anos, em João Pessoa, junto com José Augusto.

“Ele marcou nosso imaginário romântico”, coloca Sinfrônio Petrônio da banda paraibana Omelete, que tem no seu repertório sucessos do artista como a famosa 'Fogo e paixão'.

“São músicas que fazem parte do nosso itinerário sentimental.”

Para Petrônio, cantores como Wando, Biafra, Gilliard e Márcio Greyck eram considerados 'rômanticos' na época e depois foram taxados de 'bregas', rótulo abraçado pelos próprios artistas como forma de serem notados no mercado fonográfico.

“Brega sempre tem romantismo”, define a médica campinense Fátima Patrícia. Fã do cantor, ela estava na sua última apresentação em Campina Grande, em maio de 2009. “A maioria eram mulheres de todas as faixas etárias, desde as simples até as da alta sociedade.”

Patrícia se recorda do habitual arremesso de calcinhas no palco: Wando cheirava e guardava as peças. Ele tem uma coleção com mais de 17 mil delas na sua casa. A fã também presenciava as 'brigas' femininas por maçãs beijadas e jogadas para o público pelo cantor.

Conferido em uma visita ao camarim do artista após o show, Fátima Patrícia acha que o segredo do seu sucesso estava na sua “voz bonita” e sua verve, principalmente dirigida às mulheres carentes.

O cantor paraibano Alexandre Tann disse que 'Fogo e paixão' é uma das canções mais pedidas em seu show. "É uma grande perda para a MPB e para o que popularmente a gente chama de 'música de dor-de-cotovelo'", lamenta.

'CALCINHA PRETA DAY'
O sucesso de Wando começou nos anos 1970 com a canção 'Moça', que fez parte da trilha sonora da novela Pecado Capital.

O compacto vendeu 1,2 milhão de cópias.
Nos anos 1980, auge de sua carreira, ele const

ruiu a alcunha de 'o cantor mais erótico do Brasil' devido ao teor de suas letras e as performances nos shows. Ao todo, Wando gravou 30 álbuns e compôs mais de 400 canções, resultando em vendas estimadas em 10 milhões de cópias. Romântico Brasileiro, Sem Vergonha, seu último disco de inéditas, foi lançado em 2005.

A morte do cantor mineiro gerou reações imediatas do público e celebridades nas redes sociais. "Wando é de um tempo que bem conheci: o sucesso não tinha 'apoiadores' nem jabá, era o povo quem fazia, espontaneamente", postou no Twitter Fafá de Belém.

"Chora coração, passarinho na gaiola, feito gente na prisão", colocou no microblog a filha do cantor, Mariana Belém, recordando os versos de um grande sucesso do pai.

"Bem na lua cheia. É hoje que os amantes se transformam em lobos e ficam a noite toda 'uiWando'", brincou o ator e cantor Alexandre Nero.

Os posts mais tuitados remetem ao seu maior hit, 'Fogo e paixão', e ao luto por sua morte, chegando a batizar o dia de ontem de 'calcinha preta day'.