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CULTURA

Woody Allen ao molho italiano

Comédia 'Para Roma com Amor' de Woody Allen, entra em cartaz nesta sexta-feira (29) no Cinespaço Mag Shopping e no Box Cinépolis.

Publicado em 28/06/2012 às 6:00


O visto de trabalho de Woody Allen na Europa tem um prazo mais alongado que o de um viajante comum. Sem contar o breve retorno a Manhattan com Tudo Pode Dar Certo, em 2009, o cineasta já está no Velho Continente desde 2005, em uma peregrinação que já passou por três países e chega agora à Itália, carimbando seu passaporte com o sexto longa fora de casa.

Para Roma, com Amor (To Rome With Love, EUA, Itália, Espanha, 2012) entra em cartaz amanhã em salas do Cinespaço Mag Shopping e do Box Cinépolis João Pessoa. Como o título sugere, o filme é uma declaração de amor à 'cidade aberta', assinada por um diretor que admite não gostar dos próprios filmes, mas que nutre uma simpatia profunda pela tradição cinematográfica inaugurada pelo movimento neorrealista, bem longe dos EUA.

Na comédia, que o JORNAL DA PARAÍBA viu na Itália, em abril, na data de sua estreia internacional, Woody Allen volta suas lentes de aros grossos a uma Roma labiríntica, na qual nos deparamos com parte daquele patrimônio que o nova-iorquino diz ter incorporado à sua "visão de mundo".

Em seu segundo trabalho com Allen, por exemplo, Pénelope Cruz (Vicky Cristina Barcelona) interpreta uma prostituta barraqueira com clara inspiração no baixo meretrício de Fellini. A personagem está por trás de um dos quatro núcleos da narrativa que se intersecciona, como é de praxe, em questões que pairam sobre a consciência artística de um realizador em sua plena maturidade.

A questão fundamental, que aflorou nos passeios pelo museu a céu aberto do Antigo Império, é: afinal de contas, onde a arte encontra sua expressão genuína?
Nas ruelas de Roma, o arquiteto John (Alec Baldwin) encontra-se acidentalmente com Jack (Jesse Eisenberg), um estudante de arquitetura que está prestes a colocar sua brilhante carreira a perder por Monica (Ellen Page), uma jovem com pretensões de ser atriz.

O encontro, com os resquícios estéticos de Meia-Noite em Paris (2011), faz parte também de uma série de desencontros em uma metrópole apresentada por um guarda de trânsito que não consegue controlar o fluxo caótico de carros, mobiletes e bicicletas.

Woody Allen (que não era visto atuando desde Scoop - O Grande Furo, em 2006) volta a contracenar com o elenco no papel de um apreciador de música que tenta convencer o sogro de seu filho, um verdadeiro 'tenor de chuveiro', a cantar profissionalmente, à frente de uma orquestra, em um teatro lotado.

Apesar do humor bem dosado e inteligente, o filme sofreu um certo desprestígio crítico na Itália, onde o público se incomodou com algumas figuras estereotipadas, como a do 'cidadão comum', interpretado por um Roberto Benigni em ótima forma.

A obra, porém, está para a filmografia de Woody Allen como Minha Viagem à Itália (1999) está para a do conterrâneo Martin Scorsese: uma homenagem sincera e espontânea ao país da botinha.

Imagem

Jornal da Paraíba

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