CULTURA
Opinião: ‘X-Men – Fênix Negra’ é genérico e sem brilho
Jamarrí Nogueira comenta sobre último filme da franquia X-Men, que está em cartaz nos cinemas.
Publicado em 16/06/2019 às 8:00 | Atualizado em 16/06/2019 às 15:45
O último filme da franquia X-Men – antes do esperado reboot – merecia um tratamento melhor... Em sua trajetória, as produções a respeito dos mutantes registraram altos e baixos, mas essa saideira com ‘’X-Men – Fênix Negra’ é um disparate. É uma afronta ao espectador. É uma forma de sair pela porta dos fundos... O longa dirigido Simon Kinberg (estreante como diretor, mas veterano da franquia) está em cartaz nos cinemas paraibanos. Assim como no resto do mundo, a estreia por aqui foi um fiasco de público e de crítica.
Falta uma história forte o bastante para prender o espectador. Também falta densidade nos conflitos existenciais e há a quase ausência daquilo que é a essência dos demais filmes da franquia: o confronto envolto em preconceito entre humanos e mutantes. Pior ainda para o filme: a vilania é tão assustadora quanto um ursinho de pelúcia em uma loja de shopping center. Ou seja: nada assustadora! Nem mesmo a morte de duas personagens importantes para os mutantes torna o filme trágico e atraente o bastante.
‘X-Men – Fênix Negra’ se passa em 1992. A sequência inicial mostra os mutantes como heróis nacionais. Sem conflitos com humanos, o professor Charles Xavier (James McAvoy) agora dispõe de contato direto com o presidente dos Estados Unidos. Quando uma missão espacial enfrenta problemas, o governo convoca a equipe mutante para ajudá-lo. Liderado por Mística (Jennifer Lawrence), os X-Men partem rumo ao espaço em uma equipe composta por Fera (Nicholas Hoult), Jean Grey (Sophie Turner), Ciclope (Tye Sheridan), Tempestade (Alexandra Shipp), Mercúrio (Evan Peters) e Noturno (Kodi Smit-McPhee).
A equipe é resgatada pelos mutantes, mas o comandante humano fica para trás. Após a ordem de não desistir dele, Jean Grey fica presa no ônibus espacial e é atingida por uma poderosa força cósmica. Ela assimila a energia e seus poderes passam a ser supremos. Diabólicos, quiçá... Não morre, que acaba absorvida em seu corpo. De volta ao planeta Terra, Jean inicia uma busca para compreender suas origens e o passado pouco explicado sobre a morte dos pais e sobre sua ida para a escola de mutantes...
As descobertas não são nada agradáveis... Além disso, um grupo de alienígenas liderado pela personagem de Jessica Chastain inicia uma tentativa de cooptação de Jean Gray para roubar a energia que ela assimilou durante a missão espacial. Esses alienígenas deveriam ser os vilões, mas têm a mesma força de uma panela com caldo de batata. Não convencem como malignos nem são eficientes em seus planos de dominar o mundo. São limitados. Impressiona ainda mais porque Chastain (aquela de ‘Histórias cruzadas’) é excelente atriz, mas não consegue conquistar a plateia porque o perfil psicológico de sua personagem não ajuda nadinha.
Falta maturidade
O diretor Kinberg recebeu a missão de rejuvenescer a franquia. Conseguiu é torna-la desinteressante. Um fracasso! Aliás, ‘X-Men – Fênix Negra’ é a crônica da tragédia anunciada. Sua produção teve cenas e mais cenas refeitas. E sua estreia foi remarcada e remarcada e remarcada para – evitando bater de frente com outros lançamentos de blockbusters – não ser um total fiasco. É tão ruim que nem os efeitos especiais e maquiagem (pontos fortes da franquia) são convincentes.
Falta maturidade nos diálogos. Falta a construção de um roteiro que amalgame as cenas de ação e as torne menos previsíveis. Falta direção. Falta... É o que mais pode ser dito a respeito desse longa: falta muita coisa! Falta até capacidade de gerar empatia em Sophie Turner enquanto sobe e desce a ladeira do desequilíbrio emocional (frente às descobertas sobre seu passado e dificuldades em domar seus poderes). É uma aventura genérica e sem brilho. Torçamos pelo reboot...
* Jamarrí Nogueira escreve sobre arte, cultura e comportamento no Jornal da Paraíba aos domingos
Comentários