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CULTURA

Zé Lins em alta na França

Obra de José Lins do Rêgo ganha as prateleiras das livrarias francesas, a tradutora Paula Salnot conversou com o JORNAL DA PARAÍBA.

Publicado em 09/07/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:20

A obra de José Lins do Rego (1901-1957) renasceu na França, país no qual o autor paraibano gozou de tímido prestígio após 1953, data da primeira tradução de Menino de Engenho (1932). Publicada no ano passado em nova tradução, junto com Cangaceiros (1938), a obra já frequenta as prateleiras das livrarias francesas e, este ano, será incluída no programa de estudos lusófonos da Universidade de Sorbonne.

Quem traz a novidade é Paula Salnot, tradutora da obra de Zé Lins no país e fundadora da Editora Anacaona, criada em 2009 com o objetivo de difundir a literatura brasileira na Europa. Em visita ao Brasil, onde participou da 1ª edição do 'Colóquio de Tradução e Autoria', em Campina Grande, e da 11ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, a tradutora falou com exclusividade ao JORNAL DA PARAÍBA e antecipou detalhes sobre o andamento da tradução de Fogo Morto (1953), que foi classificado na seleção do Programa de Residência de Tradutores Estrangeiros no Brasil, da Fundação Biblioteca Nacional (FBN).

“A obra de José Lins do Rego está tendo uma repercussão vagarosa, mas regular na França”, afirma Paula Salnot, que escolheu o Salão do Livro de Paris, no último mês de março, como plataforma de lançamento dos dois primeiros títulos. “As encomendas mensais das lojas giram em torno de 10 a 15 exemplares, no caso do Menino de Engenho, e a propaganda que fizemos entre as bibliotecas públicas deram muito resultado”.

Segundo a tradutora, tal propaganda procurou chamar a atenção das instituições para a escassez de clássicos brasileiros entre os acervos literários. “Uma biblioteca que dispõe de autores clássicos da literatura em língua inglesa, alemã ou italiana não pode se furtar de ter também autores clássicos em língua portuguesa. Assim, um acervo que tem Faulkner ou Fitzgerald não pode deixar de ter também José Lins do Rego”, justifica Paula, que aproveitou sua passagem pela Paraíba para visitar um engenho de cana-de-açúcar e conhecer 'in loco' o universo narrado pelo escritor.

“Uma das grandes dificuldades de traduzir José Lins é dar uma dimensão do seu regionalismo em outra língua. Quando você fala em sertão para o público francês ele não tem ideia do que vem a ser isso: você pode compará-lo com um deserto, mas a imagem que virá à cabeça do leitor se aproximará muito mais de uma paisagem africana que brasileira, com a sua fauna e flora”, descreve.

Para transpor este ambiente tipicamente nordestino para as páginas, Paula Salnot contou com a colaboração do artista gráfico carioca André Diniz, que ilustrou as obras com um traço livremente inspirado em trabalhos de xilogravura. “André fez estas 'xilogravuras photoshopadas', como ele gosta de chamar, inspiradas em sua primeira leitura dos livros. Ele dizia que sempre tinha 'escapado' de José Lins, mas quando conheceu O Menino de Engenho ligou para mim e se perguntou como era que podia ter ficado 35 anos sem lê-lo. Ele ficou feliz com o resultado e está super empolgado com o projeto de Fogo Morto”.

Além das ilustrações de capa e miolo de André Diniz, as edições contam com um ensaio introdutório apresentando José Lins do Rêgo sob a ótica de críticos como Antonio Candido e Tristão de Ataíde (1893-1983). O título do ensaio é extraído de um texto deste último que define o romancista paraibano como 'O Balzac brasileiro', reforçando um caráter nacional do ficcionista que, no entendimento de Paula Salnot, se sobressai ao próprio regionalismo. “Na minha tradução, pelas dificuldades que apresentei, optei por abdicar do regionalismo em prol de uma brasilidade. As páginas de José Lins cheiram a Brasil”, declara.

Filha de pai venezuelano e mãe francesa, Paula Salnot se diz apaixonada pelo Brasil, que procurou depois da adolescência, em uma fase de sua vida na qual queria recuperar suas origens latinas.

“Na verdade, devo ter sido brasileira em vida passada. Me sinto completamente à vontade aqui e a cultura do país me apetece muito mais que a da Venezuela, por exemplo. Venho todos os anos e tenho muitos amigos por aqui”, sublinha a cicerone de inúmeros escritores brasileiros contemporâneos que têm hospedagem garantida em seu apartamento na região da Bastilha, em Paris (onde vive com o marido e dois filhos).

Alguns deles, como Marçal Aquino, já tiveram seus livros traduzidos por Salnot e hoje fazem parte do catálogo da Anacanoa, que também vende coletâneas em português em sua loja virtual www.anacanoa.fr

Com planos de lançar, ainda este ano, a edição francesa de Carvão Animal (2011), romance de Ana Paula Maia, Paula Salnot se entusiasma com a situação política e econômica do Brasil atual, que abre perspectivas para a popularização da literatura brasileira lá fora. “Quero estar na França quando a literatura brasileira estourar por lá”, conclui.

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Jornal da Paraíba

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