ECONOMIA
Baixo custo inicial e possibilidade de crescer rápido. Que tal abrir uma Startup?
Em tempos de crise financeira, te ensinamos um dos caminhos para criar uma empresa com grandes possibilidades de dar certo.
Publicado em 11/06/2015 às 10:00
Uma empresa com baixo custo, em sua fase inicial, que consegue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores através do emprego de tecnologias que podem ser facilmente replicáveis em qualquer lugar do mundo. Na quarta matéria da série "enfrentando a crise", da Rede Paraíba de Comunicação, o JORNAL DA PARAÍBA mostra como as chamadas startups têm se tornado alternativas para o atual momento econômico que o país vive e como, através da união de ideias criativas e do emprego da tecnologia, podem ser criadas empresas que chegam a ser expandidas por todo o mundo.
Com uma ideia simples, mas inovadora, o empreendedor Vinnie de Oliveira criou, por exemplo, a startup Glocal Arts. o primeiro espaço de comércio virtual dedicado à compra e à venda de obras artísticas. O site funciona da seguinte forma: primeiro, o artista faz um cadastro gratuito na plataforma, e a partir da primeira obra que disponibiliza em seu acervo, seu cadastro passa por uma avaliação. Sendo liberado, o artista já pode dar início à exposição de seus produtos e, também, a vendê-los. Os artistas têm total liberdade de escolher o valor que será cobrado pela sua obra e o único custo para ele será uma porcentagem na venda.
Criado em abril de 2014, a empresa surgiu durante o evento Startup Weekend, em João Pessoa, realizado em 2013. Foi aí que o jornalista Vinnie de Oliveira juntou-se aos desenvolvedores Luciano Nobre e Rimenes Ribeiro e pôs sua ideia em prática: conectar diretamente cliente e fornecedor sem participação de intermediários, no mundo das artes. De acordo com ele, um dos principais objetivos do produto é fomentar a economia criativa.
Hoje, a startup já visa outros patamares: se atualmente o site é focado apenas em obras de artes visuais, em breve ele estará aceitando, também, outros tipos de arte, como literatura e poesia. Além disso, a plataforma, que hoje dispõe de obras de artistas de todo o Brasil, em breve será expandida, também, para outros países. "Nós já recebemos contato com pessoas de Portugal, da Colômbia e de outros locais, que gostariam de levar essa ideia para fora. Mas para isso a gente precisa, ainda, fazer alguns ajustes técnicos na plataforma. É nisso que estamos trabalhando atualmente", explica o empreendedor Vinnie de Oliveira. Além disso, o site irá se tornar, também, em breve, um crowdfunding (termo usado para identificar iniciativas de financiamento colaborativo).
Uma outra startup que tem dado certo, também, é a Yupi Play: trata-se de uma rede de entretenimento para dispositivos móveis para crianças de até 12 anos com jogos desenvolvidos com o auxílio de especialistas em psicologia cognitiva que estimulam as habilidades infantis em diversas áreas do conhecimento, como capacidade motora e linguagens. O grande diferencial dos jogos, no entanto, é que há uma integração com um painel que pode ser acessado pelos pais através de qualquer dispositivo: através deste painel, os pais podem acompanhar a evolução das habilidades cognitivas dos seus filhos.
"A gente sempre teve a ideia de trabalhar com jogos e vimos que havia uma grande oportunidade no nicho de jogos infantis, mas precisávamos mostrar algo diferente", diz o proprietário da Yupi Play, Erisvaldo Júnior. Atualmente, a plataforma já conta com dois jogos próprios: "Brincando com o animazoo" e "Nas ondas do surf". O primeiro, inclusive, já ocupa o primeiro lugar na categoria Família do Google Play. Agora, porém, a startup já se prepara para uma nova fase: a de incluir os conteúdos de terceiros. Assim, mesmo que as crianças baixem jogos que não foram produzidos pela startup, os pais terão acesso ao painel de evolução.
Qualquer um pode abrir sua Start-up
Presidente da Associação Brasileira de Startups, André Diamond, alerta que o ideal é começar com o sonho de criar algo incrível
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Startups, André Diamond, qualquer um pode abrir uma startup. É preciso, no entanto, ter uma boa ideia de negócio que possa atrair e reter clientes de forma a ganhar espaço de mercado em escala, ou seja, poder atingir rapidamente um grande número de usuários a custos relativamente baixos. Geralmente, a startup tem estruturas enxutas, com equipes formadas por poucas pessoas, com flexibilidade e autonomia. "Normalmente, uma startup de base tecnológica precisa de programadores e designers em seu time, além dos gestores, vendedores e pessoal do marketing", exemplifica o presidente da ABStartups.
Outras características das startups são a repetibilidade (deve ser possível replicar ou reproduzir a experiência de consumo de seu produto ou serviço de forma relativamente simples, sem exigir o crescimento na mesma proporção de recursos humanos ou financeiros); flexibilidade e rapidez (em função de sua característica inovadora, do ambiente incerto e altamente competitivo, a startup deve ser capaz de atender e se adaptar rapidamente às demandas do mercado); e, também, é preciso estar antenado nas tendências, nas questões jurídicas e contábeis de ter um negócio. "Afinal, não é um hobby. O ideal é começar com amigos ou conhecidos que compartilhem de valores pessoais e do sonho de criar algo incrível. Depois é aprender a validar e ver se de fato a ideia pode virar um negócio", pontua.
Na hora de conseguir um investidor para colocar em prática o negócio, o empreendedor deve ter alguns cuidados. "Na hora de conversar com o investidor, o essencial é ter humildade. Primeiro, humildade para chegar no investidor ou acelerador e conseguir a atenção deste cara que está rodeado de empreendedores que também querem atenção. Segundo ponto é que você tem um projeto que às vezes na sua cabeça é bom, mas na cabeça dele não. E, terceiro, porque você pode afirmar que seu produto / serviço não tem concorrente ou é o primeiro no mercado e não é e ele sabe disso", alerta o especialista.
O investidor deve ser muito bem estudado: o empreendedor precisa fazer uma busca de quem é esse investidor e de qual área ele é. Se ele é da área de varejo, por exemplo, não vale apresentar um produto na área de saúde. "É óbvio que o cara pode ter um olhar que pode te ajudar, mas procure pessoas que tenham o mesmo perfil ou a mesma tese de investimento que o seu segmento de mercado", indica. Por fim, procure deixar a apresentação do seu produto ou serviço fluido, sem deixar que a apresentação fique pesada ou agressiva. Não tenta falar do investimento, valores e afins. Procure mostrar o seu passado, o que você está fazendo, porque você decidiu investir neste mercado, o que o investidor acha do mercado, o que ele está vendo lá fora, se tem alguém para recomendar. "Enfim, seja muito mais solícito e menos agressivo", finaliza.
Agência criativa é uma saída para quem não sabe por onde começar
Para o caso do idealizador da startup não seja um técnico específico daquele negócio - ou seja, caso a ideia seja de um aplicativo e o idealizador não seja um desenvolvedor, por exemplo - uma saída possível é buscar a ajuda de uma agência criativa. "Quando você tem uma ideia, normalmente você acha que aquela é a melhor ideia do mundo - é normal isso acontecer. O que nós fazemos é ir a campo para ver se aquilo ali é realmente viável ou não. Sendo, realmente, uma boa ideia, nós fazemos a validação daquilo ali", explica o sócio-proprietário da Wake Up Digital, Igor Portela.
Entenda como funciona: em primeiro lugar, é a hora de compartilhar sua ideia com a agência criativa. Depois, (no caso da Wake up Digital), a agência oferece uma consultoria gratuita para que você possa amadurecer sua ideia. O terceiro passo é a criação de toda a identidade visual da sua empresa, com logomarca, cartões de visita, websites e vídeo institucional. Depois, a agência faz o seu plano de negócio, o planejamento estratégico e o plano de marketing. "Te damos o caminho certo para seguir", pontua. Logo após, é a hora da constituição da empresa, o que dará vez à execução da ideia, através da criação de loja virtual, aplicativo web e / ou aplicativo para celulares e tablets. A agência também faz a campanha publicitária nos meios digitais e, depois disso, mede o sucesso da campanha e orienta o empreendedor para que possa crescer ainda mais.
Parceria com o Sebrae
Igor Portela, da Wake Up, destaca a importância de buscar uma agência para dar um norte ao novo negócio. (Foto: Rizemberg Felipe_)
A agência funciona em parceria com o Sebrae. Caso a ideia seja validada, portanto, é hora de correr para o Sebrae em busca de um possível investidor. Para aqueles que estão iniciando, o Sebrae possui uma vasta experiência em áreas comuns a todos os negócios: aprender sobre fluxo de caixa, gestão financeira e noções administrativas, por exemplo. Na Paraíba, existe, ainda, o projeto de apoio às startups, chamado Start PB, que atualmente monitora cerca de 60 startups e 180 profissionais. De acordo com a gerente do projeto, Danyele Raposo, a proposta é de procurar ações de desenvolvimento e capacitação para os empreendedores e ajudá-los no sentido de que eles se desenvolvam e saiam desta etapa.
"A startup é um momento que estes projetos passam. É o momento que compreende a idealização do que quer ser feito até quando passam a se estabelecer no mercado e se solidificam. Nós acompanhamos estes projetos, damos uma espécie de capacitação para elas, de três meses, que chamamos de uma pré-aceleração. Nestes momentos, realizamos eventos para que os empreendedores apresentem os projetos para uma banca de investidores. Serve como uma vitrine. Também damos consultoria individual para os projetos", explica. Os projetos são acompanhados por quatro anos, que normalmente é o período em que deixam de ser startups e se consolidam como empresas.
Os empreendedores chegam com a ideia e, a partir disso, o Sebrae os ajuda a fortalecer o modelo de negócios colocando os projetos no mercado. "De seis meses a um ano já começam a receber investimentos externos. Temos pelo menos quatro projetos que já receberam dinheiros de editais. Pelo menos R$ 300 mil de investimento", aponta.
Quem não tem dinheiro e estrutura pode partir para trabalhar em coworking
Uma outra alternativa que tem dado certo para os empreendedores de startups são os coworking - um espaço dividido por profissionais de diferentes áreas. Mais do que dividir custos, a ideia é fazer parte de uma comunidade: os profissionais podem, assim, colaborar entre diferentes projetos das mais diversas áreas. Em João Pessoa, em um dos bairros mais centrais da cidade, no Bairro dos Estados, há o Tot Coworking, que há mais de dois anos no mercado atende além das startups, também pequenas e grandes empresas que funcionam em regime de trabalho remoto.
O ambiente, que tem cerca de 300 metros quadrados, tem um fluxo médio de 20 a 30 pessoas. Mensalmente, são mais de 80 profissionais que utilizam os serviços do coworking. O ambiente possui duas salas compartilhadas, onde o profissional pode dividir o espaço com outras pessoas e trabalhar diariamente, uma sala para a realização de reuniões mais reservadas e privadas, uma sala de ideias contendo livros, revistas e quadros na parede para desenvolvimento de insights e projeto e uma sala para realização de pequenos evetos, como palestras e workshops.
"O legal do coworking é que qualquer pessoa pode ter um espaço bacana pra trabalhar e ainda conseguir um networking muito legal pra aumentar os negócios", afirma o sócio-proprietário do local, Jorge Wanderley. Hoje, concentram-se no local profissionais das áreas de desenvolvimento web, design, relações públicas, administração, engenharia, social media, publicidade, arquitetura e turismo.
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