ECONOMIA
Brasileiro tem quase um terço da renda pendurada em dívida
Comprometimento da renda manteve-se estável nos últimos três meses, mas está em patamar superior ao verificado em abril do ano passado.
Publicado em 30/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 12:26
Os brasileiros têm quase um terço da renda comprometida com o pagamento de dívidas, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O comprometimento da renda manteve-se estável nos últimos três meses, em 30,9% de fevereiro a abril, mas está em patamar superior ao verificado em abril do ano passado, quando as famílias tinham 29,9% da renda comprometida com o pagamento de dívidas.
A pesquisa mostrou ainda que houve um aumento no número de endividados na passagem de março para abril. O porcentual de famílias que declararam possuir algum tipo de dívida passou de 61% para 62,3%. No entanto, a CNC ressalta que o total de endividados ainda é menor do que o verificado em abril do ano passado, assim como em meses anteriores.
A pesquisa considera como dívidas as parcelas a vencer em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro ou seguro.
“Não há tendência de crescimento do endividamento, foi uma alta pontual. O resultado ainda está abaixo do que foi registrado em janeiro e fevereiro. A nossa avaliação é de que existe um processo de moderação do endividamento, devido à alta do custo do crédito”, apontou Marianne Hanson, economista da CNC.
Já o aumento na inadimplência verificado também pela pesquisa em abril foi considerado pela economista como um movimento sazonal. O total de famílias inadimplentes passou de 20,8% em março para 21% neste mês.
“É a terceira alta consecutiva no número de inadimplentes. Esse movimento acontece normalmente no início do ano, é sazonal, provocado pelos gastos característicos desse período. Mas também tem outra razão, que é o crédito mais caro. Hoje, as condições de negociação de dívidas estão piores do que em relação ao ano passado”, lembrou Marianne.
O porcentual de famílias que declararam não ter condições de pagar as contas ou dívidas em atraso foi de 6,9% em abril, ante 7,1% em março. Em abril do ano passado, essa fatia que continuaria inadimplente totalizava 6,7%.
TAXA DE JUROS SOBE
A taxa de juros do crédito para as famílias de 41,6% ao ano, em março deste ano, é a mais alta desde fevereiro de 2012, quando ficou em 41,7% ao ano, de acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados ontem.
A alta dos juros ocorre em momento de ciclo de alta da taxa básica Selic, usada pelo BC para regular a inflação. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a Selic, que serve de referência para as demais taxas no mercado, nove vezes seguidas.
Atualmente, a Selic está em 11% ao ano. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o crédito é um canal importante de transmissão dos efeitos da alta da Selic.
“Boa parte das modalidades [de crédito] tem taxas de juros em março deste ano superior àquela observada no início do ano passado, refletindo o ciclo [de alta da Selic], mas muito aquém do pico histórico.
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