Burocracia trava setor calçadista brasileiro

Mais de 50 empresas nordestinas estão tendo a oportunidade de expor produtos como sapatos, sandálias, tênis, sapatilhas, chuteiras e diversos acessórios de couro, atraindo lojistas de 25 estados brasileiros no Gira Calçados, maior evento calçadista do Nordeste, que teve início ontem, na Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep), em Campina Grande.

O evento também está sendo uma valiosa oportunidade de capacitação e realização de negócios, bem como uma forma de conhecer mais o mercado e suas possibilidades de atuação, através do 1º Seminário Calçadista Brasileiro, que fez parte da programação do primeiro dia do Gira Calçados, abordando o tema “Inovação na Indústria, Componentes e Varejo da Moda”.

Durante o seminário, os participantes tomaram conhecimento sobre aspectos que dificultam o desenvolvimento do setor calçadista brasileiro, a exemplo do “aparato burocrático” citado pelo consultor especialista do ramo calçadista, Luis José Coelho, quando de sua abordagem sobre gestão industrial e competitividade.

Segundo ele, a carga tributária, a legislação trabalhista, logística e regulamentação brasileiras são fatores de entrave para o setor, devido aos altos custos que provocam e impedem uma produção calçadista mais competitiva com relação aos produtores internacionais. Ele citou como exemplo da baixa competitividade, o fato de o Brasil ser o terceiro maior produtor de calçados do mundo, mas em termos de exportação ocupar apenas a 13ª colocação no ranking mundial.

“O 'aparato burocrático' que existe no Brasil não há em nenhum outro lugar do mundo. Ele abafa o poder empreendedor do setor, ao ponto de desestimular as empresas a trabalharem na formalidade e trava o crescimento das empresas em atuação, porque eleva os custos, dificulta o escoamento da produção e torna o produto, apesar da boa qualidade, desinteressante para os compradores internacionais que acabam por investir em mercados que não possuem uma oneração tão significativa”, disse Luis José Coelho.

No tocante a Paraíba, o presidente da Abicalçados, Heitor Klein, frisou que as empresas paraibanas de calçados precisam investir mais em maquinário, produtividade e qualidade, uma vez que há uma grande quantidade de pequenas empresas, mas elas não conseguem ter uma produtividade representativa, com exceção da Alpargatas, que concentra 99% da produção calçadista do Estado. “É preciso investir em um modelo de gestão para estas empresas, porque se excluir a Alpargatas, a produção paraibana é ínfima e se torna difícil competir de igual para igual com outros produtores”, destacou.

O Gira Calçados continua hoje, com a Rodada de Negócios, a partir das 8h, onde fabricantes de calçados e acessórios do Nordeste ofertarão seus produtos a compradores nacionais e internacionais, lojistas e representantes de grandes redes, e o showroom de máquinas e componentes, com empresas expositoras de máquinas de calçados e componentes. Também acontecem hoje as clínicas tecnológicas de colagem para calçados, vitrismo, conceitos e aplicações e tecnologia em laminados.

A Rodada de Negócios e o showroom também acontecem amanhã, bem como as clínicas tecnológicas sobre certificação de calçados de segurança, linhas de crédito e logística.