ECONOMIA
Cenário favorável para novas empresas de TI
Empresas de TI aumentam no Estado, mas encontram cenários diferentes em Campina Grande e João Pessoa.
Publicado em 24/10/2012 às 6:00
Campina Grande é hoje considerada uma das principais regiões para se investir em mercado de Tecnologia da Informação (TI), graças ao cenário favorável que as novas empresas (startups) desse segmento conseguem encontrar na cidade, que conta hoje com um parque tecnológico, três universidades públicas e uma incubadora de empresas de TI, além do desconto de 50% sobre o Imposto Sobre Serviço (ISS).
A gerente da Incubadora Tecnológica de Campina Grande, Morgana Tito, explicou que pequenos incentivos podem ser essenciais para o sucesso dos novos empreendimentos. “Investir em software é algo caro no nosso país, por isso é importante que as startups consigam apoio fiscal. Em Campina Grande, como existe desconto de ISS para esse setor, as empresas podem ficar mais aliviadas, é uma forma de incentivar os empreendimentos inovadores”, comentou.
Para Danyele Raposo, gestora do Farol Digital, projeto ligado ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas na Paraíba (Sebrae-PB), as empresas campinenses têm maior longevidade no mercado tecnológico graças ao histórico de incentivos que o setor encontra na cidade. “A diferença de Campina Grande é o apoio acadêmico. Desde o início da faculdade há investimento no setor de tecnologia, com grupos de docentes com perfil empreendedor. Além disso, a prefeitura da cidade se preocupa com o segmento, investe em políticas que incentivam as empresas”, contou.
Presente no mercado tecnológico de Campina Grande há 35 anos, a APEL - Aplicações Eletrônicas, que trabalha com sistemas de sonorização, é uma dessas que teve o pontapé inicial dentro da universidade, conforme explicou o diretor Clóvis Vidal. “Um professor nosso estava com uma pesquisa de Mestrado em sistemas de sonorização de linhas telefônicas.
Estudamos a ideia e decidimos industrializar o produto”, lembrou.
O sucesso da empresa, que hoje abastece sistemas de sonorização em aeroportos e metrôs de Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, só foi possível graças ao apoio que os recém-formados conseguiram obter no espaço acadêmico. “Fomos pioneiros no mercado e a universidade foi essencial para despertar nosso interesse em abrir a empresa.
Fomos evoluindo nos serviços e hoje atendemos diversas cidades brasileiras”, afirmou Clóvis Vidal.
Em João Pessoa, por sua vez, a realidade observada é diferente.
Na capital, as empresas de TI são mais populosas, mas não costumam vingar com a mesma proporção que os empreendimentos campinenses. Uma das razões para esse cenário é o tímido incentivo público que as empresas encontram na capital, aliado à desvinculação com as universidades, fato que gera maior vulnerabilidade a essas empresas.
Segundo informações do Sebrae-PB, uma média de 40 empresas de TI são abertas por ano na capital, enquanto em Campina Grande esse número não passa de 20. Os empreendimentos campinenses, entretanto, costumam ter maior tempo de duração, com empresas com mais de 30 anos de existência, enquanto a média de vida das startups pessoenses não chega à metade disso.
Para Pedro Alves, diretor da VSoft, empresa pessoense que atua no segmento de softwares de segurança, faltam incentivos em João Pessoa. “Aqui na cidade temos um mercado maior, com mais empresas, mas o empresário aqui começa do zero. Ele aprende sobre negócios fazendo negócios”, ressaltou.
De acordo com Pedro Alves, as startups de Campina Grande estão à frente das novas empresas da capital, devido ao apoio que esses empreendimentos conseguem na cidade. “Em Campina Grande eles têm uma infraestrutura apropriada para quem está começando. Aqui em João Pessoa as empresas têm que começar de forma independente, o risco é maior”, concluiu.
O secretário de Ciência e Tecnologia de João Pessoa, Sales Dantas, informou que a secretaria trabalha com duas vertentes: a primeira é voltada para a inclusão digital, e a segunda, que está em execução, visa a busca por parceiros que movimentem o mercado tecnológico da cidade. “Estamos buscando novos parceiros que se interessem em entrar no nosso mercado.
Também estamos fazendo parcerias com as universidades, para incentivar as pesquisas em Tecnologia da Informação”, disse o secretário. (Especial para o JP)
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