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ECONOMIA

"Combato o excesso de burocracia"

Confira entrevista completa com o presidente do  Sinduscon-JP, Irenaldo Quintans.

Publicado em 14/10/2012 às 19:30

JORNAL DA PARAÍBA - Quais são os maiores entraves ao crescimento do setor?

Irenaldo Quintans - São a burocracia e a falta de infraestrutura. Primeiro, nós não inventamos bairros, nós vamos para onde a infraestrutura está. Temos o desafio da falta de mão de obra qualificada, mas, para que o construtor empreenda, é preciso antes uma cidade com água, ruas pavimentadas, esgoto, escolas e creches. Outro problema que combato muito é o excesso de burocracia dos órgãos públicos. Isto vai desde a não liberação dos alvarás até as concessões de licenças ambientais e lentidão nos cartórios. É um conjunto de órgãos que legalizam a construção civil, mas que não acompanharam a evolução do setor. E vale lembrar que tempo é dinheiro.

JP - E quanto à carga tributária brasileira?

ENTREVISTADO - Com relação aos tributos, olha só, para construir uma casa popular calculamos de 30% e 40% de impostos embutidos em material e mão de obra. E não é só isso, para quem compra, os tributos também são muito altos. As pessoas, às vezes, têm dinheiro para comprar, mas não têm para legalizar o imóvel e isso deveria ser mais acessível, já que a ideia é dar acesso às camadas de baixa renda. O sindicato, a CBIC combatem isso. Queremos reduzir esse custo não para colocar mais dinheiro no bolso, mas para tornar nosso produto mais competitivo. Nosso imóvel poderia ser mais acessível.

JP - Como é a participação de empresas estrangeiras na capital?

ENTREVISTADO - Somos mais 350 empresas em João Pessoa, sendo 250 empresas filiadas. A grande maioria das empresas do setor são de capital paraibano, com pessoas daqui, que estão há 20 ou 30 anos no mercado local. A presença estrangeira neste setor ainda é pouco representativa para a capital. Elas são muito bem-vindas, de qualquer forma, porque nós temos um mercado tranquilo, no qual não temos registros de atrasos de obras, quer dizer, não chegam denúncias ao conhecimento do Sinduscon.

JP - Porque sentimos uma elevação dos preços na capital e se fala tanto em especulação imobiliária?

ENTREVISTADO - O trabalhador da construção civil obteve grandes ganhos nos últimos anos. Durante esses seis anos em que eu estive à frente do Sinduscon, como presidente, em nenhum desses anos ele deixou de ter ganhos reais acima da inflação. Em 2011, contabilizou-se entre 12% e 14% de aumento. Em termos reais, eles ganham bem melhor do que há cinco anos atrás e eu fico muito feliz em ter participado disso. Além destes custos com mão de obra, o terreno em João Pessoa ficou mais caro. É natural que, com o aumento da procura, eles fiquem mais escassos e mais caros. Não há força que impeça isso. Então, se o terreno somado à mão de obra representam 50% dos custos do empresário numa obra e eles sobem, é muito difícil não repassar isso no preço de venda. Mesmo assim, com custos semelhantes a Pernambuco e ao Rio Grande do Norte, ainda temos o metro quadrado mais barato do Nordeste, somos lanterninhas nesse ranking.

JP - Haverá estabilização ou equilíbrio desses preços?

ENTREVISTADO - Bem, o mercado pessoense teve há três ou quatro anos preços mais altos – recuperando margens de lucros pequenas do passado -, mas começamos a sentir que os preços estão desacelerando, entrando no equilíbrio. Esse equilíbrio não quer dizer redução dos preços, mas que eles vão subir menos. O setor em 2010 cresceu 12% ao ano, daqui para frente, deverá crescer entre 4% e 5% ao ano.

JP - E quanto aos imóveis, tendem a ficar menores?

ENTREVISTADO - Eles não estão menores, estão, na verdade, mais racionais. O que é isto? Antigamente, não havia uma preocupação com espaços ociosos, mas agora estamos aprimorando os projetos. Porque você tem em unidades com menos espaço na área útil, só que com áreas comuns maiores e cheias de atividades. O produto imobiliário é essencial, tanto quanto outras necessidades, é preciso para abastecer as pessoas de casas e, em uma cidade como João pessoa, é preciso acomodar gente em prédios populosos, para que as pessoas possam dividir as despesas do condomínio. Este é outro fator.
Temos excelentes arquitetos que são referência no país e também temos um novo perfil de consumidor do produto imobiliário, que é aquele que está mais antenado, mais exigente, ele quer conforto, qualidade. João pessoa tem oferta em todos os bairros e para praticamente todas as faixas econômicas – com metros quadrados de mil até seis mil reais. O consumidor consegue comprar o que deseja, onde ele quer e com todos os equipamentos, contudo não precisa ser rico para isso.

JP -Onde está o futuro da construção civil? Como as empresas serão mais competitivas no mercado?

ENTREVISTADO - O futuro está direcionado à sustentabilidade. Esta é a tendência mundial. Nosso desafio daqui para a frente é continuar verticalizando, porque fora da verticalização não há desenvolvimento habitacional, mas com respeito à natureza e ao limite de crescimento da cidade. Quando digo que a verticalização é essencial, digo isto porque estima-se que, em poucos anos, nove a cada 10 pessoas vivam em centros urbanos e, para acomodar essas pessoas, não há solução fora da verticalização. Contudo acredito que este deve ser um processo inteligente, com as boas práticas da construção, uso de energia solar, bons projetos que reduzam o consumo da energia elétrica com janelas maiores e um bom plano diretor – este que é uma das atribuições do novo prefeito de João Pessoa. Práticas que, juntas, reduzem o impacto da construção na natureza e são a chave para o crescimento do setor.

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Jornal da Paraíba

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