ECONOMIA
Comer fora representa gasto de R$ 1,4 bi
Volume de vendas em serviços que incluem alimentação fora de casa, tiveram um aumento na receita de 12,6% em maio na Paraíba.
Publicado em 31/07/2014 às 6:00 | Atualizado em 04/03/2024 às 16:07
O hábito de comer fora de casa está sustentando o crescimento nas receitas dos bares e restaurantes na Paraíba, a despeito do cenário de “estagflação” – baixo crescimento e inflação alta – da economia brasileira. Enquanto o comércio aumenta a duras penas, o volume de vendas mês após mês, os serviços prestados às famílias, que incluem alimentação fora de casa, tiveram um aumento na receita de 12,6% em maio na Paraíba, segundo o indicador mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, o indicador soma uma variação positiva de 20,9%; já nos últimos 12 meses, o aumento foi de 19,7%.
Essa tendência foi prevista no estudo anual IPC Maps, que projeta quanto os consumidores brasileiros devem gastar no ano. Até o final de 2014, o gasto dos paraibanos com alimentação fora de casa deve atingir R$ 1,44 bilhão, aumento de 14,4% em relação à estimativa do ano anterior, de 1,15 bilhão.
Apesar de ainda ser um consumo seis vezes menor do que o segmento de alimentação no domicílio, o crescimento foi superior e deve se manter nos próximos anos. Entre 2013 e 2014, os gastos com feira chegaram a R$ 6,10 bilhões, aumento de 10% na previsão.
As famílias de João Pessoa serão responsáveis por quase um terço dos gastos nessa categoria, com R$ 451,5 milhões. Para o coordenador do estudo, Marcos Pazzini, as despesas com alimentação fora do domicilio têm crescido graças a dois fatores principais: “a melhoria do poder aquisitivo da população, graças ao processo de migração social e ao fato das mulheres estarem cada vez mais trabalhando fora, o que eleva a renda domiciliar e obriga as famílias a fazerem algumas refeições fora de casa”, diz.
Tanto na Paraíba quanto em João Pessoa, as classes econômicas A e B detêm a maior fatia na expectativa de gastos com restaurantes e bares. No estado, 60% do consumo nesse segmento será atribuído às classes no topo da pirâmide; na capital, esse percentual sobe para 72%. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes na Paraíba, Marcos Mozzini, acredita que as mudanças socioeconômicas e comportamentais do paraibano estimulam o mercado de alimentação.
“O setor de serviços em geral está bem aquecido. Fazer almoço em casa é mais caro do que comer fora; as pessoas não têm mais tempo de ir em casa almoçar para depois voltar ao trabalho. A mobilidade urbana também dificulta isso. O trabalho e a falta de tempo praticamente obrigam as pessoas a comerem fora”, explica o dirigente. Outros fatores incluem o aumento da participação das classes C e D, reajustes do salário mínimo acima da inflação e regulamentação da PEC 72/13 (PEC das Domésticas). “O mercado responde à medida em que há demanda”, lembra Mozzini.
No Estado, a classe C detém uma parcela de consumo de 32,4% no segmento de alimentação fora do lar, enquanto as classe D e E sustentam apenas 6,75%. Em João Pessoa, esses percentuais são de 24,1% e 3,58%, respectivamente.
CONSULTOR RECOMENDA CONTROLE
Os gastos com alimentação fora do lar devem vir depois do pagamento das faturas da casa. Essa é a opinião do consultor financeiro Guilherme Baía, que alerta para a necessidade de se evitar imprevistos. “O que eu recomendo é organizar as contas para serem pagas logo após o recebimento do salário, e depois seja definido um limite para gastos com alimentação”, defende.
Ele lembra que para muitas pessoas comer em restaurantes não é luxo, mas uma necessidade diária. “Há pessoas que vivem sozinhas e outras que trabalham o dia inteiro fora de casa, ou ambos. Uma outra condição que faz com que esse gasto não seja supérfluo é quando alguém depende de almoços em restaurantes e bares para aumentar sua rede de relacionamentos. É o caso de profissionais autônomos”, afirma.
Mesmo que seja uma necessidade, é preciso ter cuidado e controle nos gastos com alimentação fora do lar. Um levantamento feito pela GuiaBolso, empresa que desenvolve aplicativos para gerenciamento financeiro, aponta que 48% dos seus usuários extrapolou os gastos em restaurantes no mês de junho – em que pese a Copa do Mundo, que aumentou o fluxo de clientes nos estabelecimentos. Essa imprevidência pode resultar na armadilha do crédito desnecessário.
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