ECONOMIA
Construção civil começa a desacelerar e tendência é reduzir o ritmo
Cenário de vendas do setor na Paraíba tende a se estabilizar e Sinduscon-JP diz que momento é de cautela.
Publicado em 09/01/2015 às 9:57 | Atualizado em 01/03/2024 às 11:43
Após passar por um boom imobiliário nos últimos anos, o setor da construção de João Pessoa começa a passar por uma forte desaceleração, tendência já apresentada no país. “O mercado está se estabilizando”, avaliou o empresário da construção civil Waldemir Lopes. O presidente do Sindicato da Indústria de Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP), Fábio Sinval, destacou que o momento é de cautela, e os próximos três meses dirão como ficará o mercado. Após oito anos ininterruptos de crescimento no faturamento do setor em João Pessoa, os números até novembro já sinalizam uma pequena retração. A realização das eleições em dois turnos e Copa Mundo também afetaram as vendas do setor neste ano atípico.
Outro dado que sinaliza baixa é a geração de emprego. Após um primeiro semestre mais forte, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, apontam que, na Paraíba, a construção civil registrou baixas de emprego nos saldos dos meses de outubro (-802) e novembro (-340). Somados, os dois meses acumulam déficit de 1,1 mil postos em meses de alta do emprego do setor. Em outubro e novembro foram desligados mais de 6,1 mil trabalhadores do setor da construção no Estado contra 5 mil contratações. O que significa um déficit de 1,1 mil trabalhadores no saldo de apenas dois meses, sendo 663 deles só em João Pessoa. Na capital, foram 198 demissões no saldo de outubro e 465 em novembro. O resultado do mês de dezembro ainda será divulgado em janeiro. Contudo, apesar dos dois últimos meses de baixa no ano, o saldo continua positivo no acumulado de onze meses (2.246 postos).
De acordo com Fábio Sinval, a tendência é que ocorram mais demissões. “As construtoras estão reajustando seus quadros de funcionários de acordo com a nova realidade do mercado, então ainda deve haver demissões sim, mas não estamos falando aqui de demissões em massa, deve ser uma coisa gradual e lenta”, afirmou.
O fim do chamado boom imobiliário é visto com bons olhos pelo empresário Waldemir Lopes. “Um amigo me falou uma vez, logo no início do boom, que nunca foi tão ruim construir. Fiquei aliviado porque alguém concordou comigo, achava que só eu pensava assim”, contou. Para ele, o ritmo anormal que o mercado enfrentou nos últimos anos levou à escassez de mão de obra, que se tornou muito cara, assim como o preço dos terrenos e do material de construção. “Tudo era vendido a peso de ouro”, disse.
A única vantagem, segundo ele, era a rapidez com que as vendas eram realizadas. “Você terminava a obra, já estava tudo vendido. Isso era bom”, lembrou. Waldemir Lopes afirmou que agora, passada a euforia, os construtores passarão a caminhar em um terreno mais sólido, com a opção de escolher uma mão de obra mais qualificada por um preço mais justo. “A corrida por pedreiros não é mais necessária”, analisou justificando as demissões recentes.
O empresário disse ainda que a normalização do mercado deve beneficiar também os consumidores, que poderão escolher o imóvel escolhido com mais calma, inclusive com mais oportunidade de negociar preços.
Comentários