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ECONOMIA

Crediário ainda resiste na Paraíba

Mesmo com a popularização e acesso aos cartões de crédito, parcela considerável de paraibanos divide as compras no carnê.

Publicado em 22/08/2014 às 10:00 | Atualizado em 08/03/2024 às 17:44

Herança de um cenário macroeconômico instável, as compras no crediário perdem cada vez mais espaço no mercado e dão lugar aos pagamentos à vista e no cartão de crédito. Segundo um estudo divulgado pelo SPC Brasil, apenas um em cada dez consumidores realiza compras no crediário a cada 3 meses.

Entretanto, em João Pessoa várias lojas mantêm o carnê de pagamentos visando sobretudo aos antigos clientes, que aproveitam para ampliar o limite de crédito sem burocracia, mantendo viva uma das mais rudimentares modalidades de crédito.

Cerca de 40% dos clientes na análise do SPC afirmaram fazer até três compras por ano no carnê. É o caso da agricultora Maria José. Controlada nas finanças, ela afirma que só aciona o crediário uma ou duas vezes por ano. “É bom usar o carnê, porque tem como pagar. Ajuda bastante quando a gente precisa comprar alguma coisa”, conta. Ela é cliente do crediário da loja de sapatos Casa Pio há mais de 10 anos – um dos cerca de quatro mil clientes que ainda usam a modalidade na varejista de calçados.

A loja é uma das que mais resistem em manter viva a tradição do crediário. Para o gerente do escritório da Casa Pio em João Pessoa, Adriano Lima, o carro-chefe do marketing da empresa é o crediário. “O nosso forte é a venda sem entrada. Como divulgamos que a primeira parcela pode ser para 30, 60 ou 90 dias, as vendas feitas com cartões de terceiros é mínima. Dessa forma, nós fidelizamos os clientes”, afirma. Segundo ele, cerca de 99% das vendas são feitas no crediário. “Percebemos que os clientes deixam o saldo do cartão para comprar produtos em outras lojas”, diz a gerente de crediário da companhia, Elizabeth França.

Essa, entretanto, não é a realidade do mercado. Apesar de grandes redes varejistas locais e nacionais, como Casas Bahia, Magazine Luiza e Armazém Paraíba, terem planos variados de crediário, a forma de pagamento responde por uma parcela cada vez menor do consumo. “Sinceramente, o crediário já representou uma fatia muito grande das vendas. De dois anos para cá, quando ficou mais fácil fazer um cartão de crédito, caiu muito”, conta o supervisor-geral da Thiago Calçados, Adriano Roberto. Cerca de 20% das vendas da loja ainda são feitas no crediário – a maioria clientes antigos, bons pagadores.

Não é um fato isolado: o estudo do SPC mostra que 50% dos consumidores brasileiros nunca chegaram a fazer compras em carnês ou boletos. Por outro lado, 48% usam frequentemente o cartão de crédito como opção de pagamento, mesmo podendo arcar com juros estratosféricos: dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) apontam que o crediário tem taxa média de juros de 72,33% ao ano, enquanto o cartão acumula até 238,67% ao ano.

“O crediário é, para uma parte da população brasileira, sobretudo a que vive fora dos grandes centros urbanos, a única via para conseguir realizar compras de valores mais elevados”, considera o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.

Mesmo com o limite “extra”, especialistas recomendam que o consumidor acumule no máximo três prestações, sempre obedecendo ao limite de 30% da renda familiar.

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Jornal da Paraíba

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