ECONOMIA
Crédito para reformar ou compra de material de construção está mais caro
Linha de crédito da Construcard da Caixa subiu de até 2,33% para 2,40% ao mês. Lojistas acreditam que alta deve impactar negativamente.
Publicado em 20/02/2015 às 6:00 | Atualizado em 21/02/2024 às 16:17
O financiamento para a reforma ou compra de material de construção ficou mais caro pela linha de crédito da Caixa Econômica Federal, o Construcard. A instituição financeira elevou neste mês as taxas de juros mensais do programa, que antes era de 1,50% a 2,33% e agora varia de 1,60% a 2,40%. Para lojistas do setor da construção, a medida deve impactar negativamente no mercado paraibano, que já registrou retração de até 30% no mês de janeiro em João Pessoa, comparado ao mesmo período do ano passado.
O teto dessa faixa vale para os empréstimos com prazos mais longos de pagamento e para clientes sem relacionamento com o banco. Com a dificuldade de acesso ao crédito, dentro de um contexto econômico de reajustes como a do combustível e inflação em alta, os donos de lojas de material de construção na capital paraibana mostram-se preocupados com a situação das empresas e não esperam recuperação das perdas a curto prazo.
“Estamos tentando equilibrar as finanças porque o futuro é de incertezas. Em janeiro enfrentamos queda de 20% a 30% e já estamos prevendo um primeiro semestre também de queda, que pode chegar a 40%”, revelou o proprietário da loja “Torres Telhas”, José Torres de Abrantes. De acordo com José Torres, a alta do combustível por causa do reajuste do PIS/Cofins (R$ 0,22 por litro da gasolina e R$ 0,15 por litro do diesel) já repercute no preço do frete e mesmo com a retração nas vendas, este aumento será repassado para o consumidor ainda este mês.
“Já estou pagando mais caro pelo frete cerca de 10% e até agora isso não foi passado para o consumidor. No entanto, não temos mais como segurar os preços e vamos reajustar este mês. E com este crédito mais caro, com certeza o mercado vai ser influenciado”, ressaltou Torres.
A gerente do Depósito Santa Júlia, Jandira de Albuquerque, frisou que desde o mês de dezembro já percebeu uma redução nas vendas. E em janeiro a baixa já chegou a 15% comparado ao mesmo período de 2014.
“Agora, com este fechamento no acesso ao crédito o impacto será negativo. Do jeito que vai, o negócio vai se arrastando e acredito que a tendência vai ser de queda até junho”, revelou.
De acordo com Jandira Albuquerque, os reajustes que passaram a vigorar há algumas semanas já encareceram produtos como areia e cimento. “Temos que repassar esta alta para o consumidor. Somente o saco de cimento aumentou R$ 1,50 e hoje custa R$ 26”.
Para tentar sobressair neste momento de crise, os empresários tentam reduzir ao máximo as despesas das empresas e evitam contratar mão de obra, optando por empregados terceirizados.
Segundo a Caixa, o alinhamento das taxas de juros do produto Construcard teve por finalidade manter a competitividade do produto, considerando as alterações da taxa básica de juros Selic. O banco lembrou que mesmo com o reajuste, as taxas adotadas, aliadas às condições de prazo e limites, permanecem as mais atrativas do mercado.
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