Criptomoedas eram usadas por Antônio Ais para se manter na Argentina

Antônio Ais e Fabrícia Ais foram presos nesta quinta-feira (29), em Escobar, na Argentina, a partir de uma colaboração entre a Polícia Federal e representantes da Interpol na Argentina, por aplicar golpes com criptomoedas.

Foto: Edgar Su/REUTERS

Antônio Inácio da Silva Neto, mais conhecido como Antônio Ais, e a esposa, Fabrícia Farias, sócios da empresa de criptoativos Braiscompany, estavam usando criptomoedas para se manterem na Argentina durante o ano que estiveram foragidos. A informação foi compartilhada pela Polícia Federal, durante uma coletiva na manhã desta sexta-feira (1º).

casal foi preso nesta quinta-feira (29), em Escobar, na Argentina, a partir de uma colaboração entre a Polícia Federal e representantes da Interpol na Argentina. De acordo com a sentença que condenou os dois, juntos, a mais de 150 anos de prisão, o casal desviou cerca de R$ 1,11 bilhão e fez mais de 20 mil clientes como vítimas a partir de golpes com criptomoedas.

Os advogados Nelson Wilians e Santiago Andre Schunck, representantes legais de Antônio Inácio da Silva Neto e sua esposa, Fabrícia Farias, esclarecem que até o presente momento não tiveram acesso aos detalhes relativos à prisão. “Enfatizamos nossa confiança no sistema judicial e acreditamos que, no curso do processo, todos os aspectos relacionados ao caso serão esclarecidos, com serenidade”.

De acordo com o delegado Guilherme Torres, Antônio e Fabrícia fugiram por fronteira terrestre, diretamente para Argentina. Para isso, usaram uma identidade falsa, a partir de documentos de parentes, que consentiram o uso da documentação pelo casal.

Na Argentina, Antônio Ais estava vivendo em uma casa, com a esposa Fabrícia Ais, e fazia uso, inclusive, de uma academia de ginástica.

Segundo a sentença que condenou o grupo, estima-se que, até o momento, 16% do R$ 1,1 bilhão movimentado pelo esquema (R$ 176 milhões) foram desviados diretamente em favor do casal.

Entenda o golpe com criptomoedas

A Braiscompany é uma empresa fundada e sediada em Campina Grande, no Agreste da Paraíba. A empresa, idealizada pelo casal Antônio Ais e Fabrícia Ais, era especializada em gestão de ativos digitais e soluções em tecnologia blockchain. Os investidores convertiam seu dinheiro em ativos digitais, que eram “alugados” para a companhia e ficavam sob a gestão dela pelo período de um ano. Os rendimentos dos clientes representavam o pagamento pela locação dessas criptomoedas.

Com os golpes com criptomoedas, a Braiscompany prometia um retorno financeiro ao redor de 8% ao mês, uma taxa considerada irreal pelos padrões usuais do mercado, segundo o Ministério Público. Milhares de moradores de Campina Grande investiram suas economias pessoais na empresa, motivados pelo boca a boca entre parentes, amigos e conhecidos. Antônio Neto Ais, o fundador da companhia, disse em uma live que gerenciava R$ 600 milhões de 10 mil pessoas a partir de criptomoedas.

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Antônio Ais durante prisão na Argentina. Foto: TV Paraíba/Reprodução

O que o ‘casal Braiscompany’ fez durante um ano foragidos?

  • Antônio Ais e Fabrícia Farias moraram em Palermo, em La Plata, em Nordelta e foram descobertos morando em um campo em Escobar, em Haras Santa María, com os dois filhos pequenos.
  • O casal Braiscompany havia entrado no país em meados de 2023, por Puerto Iguazú, por via terrestre.
  • Conforme o Jornal Clarín, há informações de que ele pretendia fugir para Dubai. Antônio Ais teria vivido em diferentes partes dos subúrbios e da cidade de Buenos Aires desde que fugiu do Brasil.

Como a polícia chegou até o casal Braiscompany?

  • A polícia teria identificado a localização de Antônio Ais há cerca de uma semana, de acordo com o Jornal Clarín.
  • Após a informação de uma identidade falsa que utilizava, em nome de João Felipe Costa, embora ao chegar ao país tenha usado outra identificação, também falsa, os investigadores da Interpol rastrearam compras num supermercado e também num ginásio. Foi assim que chegaram ao Haras Santa María.
  • Para fazer o acompanhamento, a Interpol utilizou um drone com o qual conseguiu identificar o carro que a família utilizava. Nesta quinta, quando o brasileiro chegou na casa, duas brigadas da Polícia Federal o aguardavam e bloquearam seu caminho.
  • O Clarín explica que, segundo a Polícia, ele tentou fugir, mas já algemado, confirmou que era a pessoa procurada.