ECONOMIA
Crise atinge ambulantes de JP e vendas de fim de ano caem 70%
Nem os camelôs escaparam da carise econômica. Os negócios já apresentam queda de quase 70% em relação a 2014.
Publicado em 11/12/2015 às 7:29
A crise econômica acrescida de perda de poder de compra de consumidores de baixa renda que tem afetado o bolso dos brasileiros já atingiu os vendedores ambulantes de João Pessoa. Segundo uma estimativa feita pelo Sindicato do Comércio de Vendedores Ambulantes e Feirantes de João Pessoa, houve uma redução de vendas de 68% em 2015 em relação ao ano passado. “A situação é extremamente preocupante. Só para se ter uma ideia, no ano passado realizamos 42 viagens para comprar mercadoria, enquanto este ano só fizemos, com esforço, 5 viagens. Por conta da crise, muitos ambulantes estão deixando suas mercadorias um pouco de lado para procurar outro trabalho, como serviços gerais”, afirma Juarez Marques, presidente do sindicato.
Há oito meses, Mayara Pereira, que trabalhava em um supermercado, resolveu ter o seu próprio negócio. Hoje vende bolsas nas ruas da capital paraibana e diz que apesar da baixa movimentação no comércio o ano todo, na época do Natal o seu lucro tem crescido um pouco mais. “O ano todo a gente quase não vê gente parando aqui para comprar, mas no fim do ano essas pessoas têm aparecido e nos ajudado”, afirma.
Já para o vendedor de coco nem o final do ano, quando geralmente a população vai às compras, ajudou com o seu faturamento mensal. “Este ano está muito difícil e provavelmente o ano que vem vai ser pior ainda. As minhas vendas já caíram 60%. No ano passado eu vendia 180 cocos por dia, hoje eu vendo 80 ou 90. Em relação a água mineral, eu vendia 60 caixas por dia, hoje eu vendo 35 em um dia bom. Nós que somos responsáveis pelo dinheiro girar mais rápido no mercado também somos os mais prejudicados. Antigamente se via aquelas pessoas que guardavam as moedas do ano inteiro em um porquinho para, no final do ano, quebrar e pegar o dinheiro para comprar algo. Mas agora não se tem nem porquinho”, reclama Juarez.
Ambulantes reclamam da fiscalização da PMJP
Além dos prejuízos causados pela crise, outra preocupação ocupa a mente dos ambulantes: as fiscalizações realizadas pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb). “Eu já tive meu carro apreendido 7 vezes, já me cadastrei 4 vezes e de nada adianta. Sempre chega gente aqui com a maior ignorância do mundo pra tirar a gente daqui. Para onde eu posso ir? Na semana passada um carro subiu na calçada e bateu no poste do outro lado. E se eu tiver na rua, quantos acidentes já não teriam acontecido?”, questiona Eliomar Santos, que vende açaí há sete anos no centro de João Pessoa.
Segundo o vendedor, em uma das abordagens feitas pelos agentes da Sedurb, além de ter a mercadoria apreendida, foi atingido por disparos feitos por armas de choque. “Cheguei a denunciar na delegacia, mas não deu em nada, né? Mas esses agentes mais agressivos foram demitidos”, conta Eliomar. “O Ministério Público vem dando total apoio à Prefeitura nas ações que visam seguir o Código de Posturas de João Pessoa para desobstruir as calçadas e assim haja um livre acesso da população. Calçadas são lugares destinados aos transeuntes, não para fazer uma área comercial. Se existem locais próprios para esses vendedores, eles devem ir para lá”, afirma o promotor João Geraldo.
Sedurb vai cumprir Código de Posturas
A Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), informou que vai intensificar na próxima semana as ações relativas ao reordenamento do Centro da capital. O objetivo é cumprir a lei do Código de Posturas do Município, que estabelece também a retirada de ambulantes que se encontram de maneira irregular nas ruas de João Pessoa. A operação é denominada ‘Passeio Livre’ e foi iniciada em dezembro do ano passado.
Todos os comerciantes informais que estejam em pontos fixos e obstruindo o passeio público são notificados pelos agentes de controle urbano. “Nosso objetivo com essa operação é de educar esses comerciantes, que não podem estabelecer pontos fixos nas ruas. Eles podem sim trabalhar, mas dentro da Lei”, afirmou o secretário da Sedurb, Hildevânio Macedo.
O secretário ainda esclareceu que todos os comerciantes que desejam trabalhar nas ruas de João Pessoa podem procurar a Sedurb e realizar um cadastro. “O próprio nome já diz que o ambulante não pode ficar parado e ocupando as calçadas, que é o lugar do pedestre. Por isso, a orientação é de que o comerciante procure a secretaria para que a gente explique os possíveis locais onde ele possa trabalhar tranquilamente”, destacou.
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