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ECONOMIA

CTCC inova no curtimento de pele

Pesquisa desenvolvida no Centro de Tecnologia do Couro e Calçado desenvolve processo de curtimento que reduz a carga de poluição causada.

Publicado em 18/12/2011 às 8:00


O curtimento de peles consiste em um processo de fabricação de couro, que permite torná-lo definitivamente imputrescível, possibilitando a utilização do material na indústria coureiro-calçadista. O método mais tradicional de curtimento é realizado com o cromo, um metal pesado que depois do processo é descartado no meio ambiente, provocando inúmeros impactos.

Uma pesquisa desenvolvida no Centro de Tecnologia do Couro e Calçado (CTCC) Albano Franco, localizado no bairro de Bodocongó, em Campina Grande, que faz parte do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-PB), tem como foco desenvolver um processo de curtimento substituindo o cromo por taninos vegetais em conjunto com produtos químicos de baixo impacto ambiental, reduzindo a carga de poluição causada pela transformação da pele em couro, excluindo o metal do processo.

Segundo a coordenadora do projeto, a tecnóloga química Maria Coutinho Ramos, através do processo experimental é possível curtir peles caprinas e de peixes (da espécie tilápia) transformando-as em couro 'metal free' ou bioleather, como é conhecido nos curtumes. “Para a indústria química o metal free não é novidade, sendo muito comum no Sul do país, mas na nossa região esta técnica não é utilizada e o diferencial é descobrir matérias-primas que tornem a qualidade do couro cada vez mais próxima daquele curtido em cromo”, explicou.

O processo tecnológico aplicado no curtimento, requer a realização de 19 etapas envolvendo processos físicos, químicos e operações mecânicas, realizadas em sequência, durando duas semanas para conclusão. O trabalho requer a utilização de grande quantidade de água, além de produtos químicos apropriados.

A tecnóloga conta que como a pele é lavada diversas vezes, ao final do processo o cromo acaba sendo lançado na rede de esgoto com o descarte de efluentes mesmo após ser tratado.

“Os curtumes precisam ter uma estação de tratamento de resíduos metálicos, mas mesmo após ser tratado, o efluente ainda não está 100% livre do cromo, provocando a contaminação do solo ou até mesmo do ar, quando lançado na água, podendo ser absorvido pelos vegetais ou animais ao redor, causando um grande risco de contaminação ao longo da cadeia alimentar”, alertou Maria.

Segundo ela, o grande diferencial do projeto é trabalhar com um agente curtente que não causa este alto risco ambiental. Este novo processo de curtimento ainda está sendo utilizado em escala laboratorial no curtume escola do Senai, mas segundo a tecnóloga, a utilização do 'metal free' tem se mostrado bastante viável para o setor industrial, principalmente para os pequenos produtores de couro, que não têm facilidade de comprar o metal.

“Os curtidores artesanais seriam muito beneficiados com a produção do couro bioleather em seus curtumes, principalmente por ser uma alternativa que não agride o meio ambiente”, destaca Maria, que também é professora do Senai. A diferença entre o produto curtido em cromo consiste no grau de maciez, elasticidade e temperatura, que ainda não é o mesmo quando a pele é curtida com o agente não poluente, apesar dos resultados já apontarem uma certa similaridade.

O projeto vem sendo desenvolvido desde o início do ano passado e faz parte do programa Inova Senai, que tem como objetivo estimular alunos e professores a desenvolverem trabalhos quem tenham como foco a inovação, criatividade e raciocínio lógico. O Senai está aberto a fazer parcerias com as empresas interessadas em desenvolver o processo em escala industrial.

“A diferença entre o metal free e o cromo ainda é cerca de 40%, mas o trabalho de pesquisa continua para que possamos alcançar o padrão melhor”, diz a responsável pelo projeto.

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Jornal da Paraíba

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