ECONOMIA
Cultivo de orgânicos melhora renda de agricultores da Paraíba
Produtos são vendidos em feiras livres de João Pessoa a um preço mais rentável, por serem livres de agrotóxicos
Publicado em 19/07/2015 às 14:00
Debaixo do sol forte e com as mãos sujas de terra, o agricultor Edvan Pereira mostra, com um certo ar de satisfação, a horta de produtos orgânicos que cultiva na zona rural do município de Pedras de Fogo, na Zona da Mata paraibana. Na plantação, livre de veneno, é possível encontrar alface, coentro, hortelã, rúcula, pimenta de cheiro e muitas outras hortaliças saudáveis.
Os produtos são vendidos em feiras livres de João Pessoa a um preço mais rentável aos agricultores, por serem livres de agrotóxicos. Na agricultura familiar, pessoas como Edvan encontram um meio de garantir a sobrevivência que gera lucro e preserva o meio ambiente. Mas nem sempre foi assim. Por quase 20 anos, Edvan trabalhou alugado em terra de terceiros. Nesse período, usou vários tipos de venenos para matar as pragas que ameaçavam o plantio.
Um dia inteiro de trabalho no campo, que começava de madrugada e só terminava no final da tarde, rendia ao agricultor a quantia de R$ 15, dinheiro que mal dava para garantir as refeições dos três filhos. Por vezes, pensou em abandonar a vida no campo e tentar a sorte no Sudeste. Hoje não se arrepende de ter ficado.
Há seis anos, Pereira ficou sabendo de um curso de agricultura familiar promovido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da Paraíba (Sebrae-PB), através do Programa de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais), e decidiu tentar. Edvan, que nada tinha a perder, não imaginava o quanto poderia ganhar. “Recebi o kit da agricultura familiar e me dediquei ao cultivo”, declarou. O Sebrae montou a estrutura e ofereceu a capacitação, e o agricultor entrou com a mão de obra e o entusiasmo e conseguiu virar o jogo.
A agricultura, então, virou 'negócio de família'. Todo mundo em casa ajuda. No kit entregue pelo Sebrae estavam as sementes de hortaliças, dez galinhas e um galo. Hoje são 100 galinhas e uma produção que traz felicidade à família do agricultor. “A gente vende os ovos na feira, dá um dinheiro bom”, afirmou Edvan, que depois de entrar na agricultura familiar conseguiu comprar geladeira, máquina de lavar e TV de led. “Antes isso era uma ilusão”, afirmou.
Na horta orgânica ele cultiva diversas hortaliças, desde alface e coentro a pimenta de cheiro e manjericão, todos com aspectos que impressionam. Duas vezes por semana, às quartas e sábados, ele e a mulher, Maria Lucinalva, levam os produtos para uma feira orgânica em João Pessoa. Voltam para casa satisfeitos, com o bolso cheio de dinheiro. A horta representa para a família de Edvan um lucro aproximado de R$ 1 mil. A estrutura montada pelo Pais inclui um sistema de irrigação que evita o desperdício de água, que é reaproveitada.
Ao abandonar os potes de veneno, Edvan deixou para trás os tempos difíceis, quando vivia na incerteza. O cultivo sem agrotóxico demanda mais tempo e trabalho, mas em compensação garante um lucro maior, segundo o agricultor. “A gente consegue vender as hortaliças por um preço maior que as que são cultivadas com veneno. Hoje minha família se preocupa mais com o meio ambiente. É uma responsabilidade de todos nós”, revelou Pereira.
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