ECONOMIA
Custo da feira, com alimentos básicos, aumenta 14% em um ano
Se analisada a variação de preços de hortifrutis, divulgada pelo Procon, aumento médio chega a 17,22%, o dobro da inflação.
Publicado em 27/09/2015 às 9:00
A constância da alta de preços está desafiando a capacidade do paraibano de se nortear na hora das compras. Todos sentem no bolso o impacto dos reajustes e a perda do poder de compra. Difícil é mensurar quanto se paga a mais a cada ida ao supermercado. O custo médio de uma feira que inclui os alimentos básicos listados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aumentou 14,05% em um ano. Se formos analisar a variação de preços de hortifrútis divulgados pelo Procon de João Pessoa, a expansão média chega a 17,22%, quase o dobro da inflação oficial medida pelo IPCA (9,52%) em 12 meses.
CONSUMIDORES
A professora aposentada Socorro Pinto Bastos, 69 anos, sabe bem o impacto da inflação nas compras feitas nos supermercados. A dona de casa tinha o hábito de comprar, diariamente, itens para repor o que estava faltando na dispensa de casa, mas com as remarcações de preços, este hábito teve que ser revisto.
“Minha meta agora é escolher apenas um dia da semana, a quarta-feira, para comprar o que está faltando, porque a inflação veio devorar nossa renda e a nossa moeda está se tornando nada”, desabafou.
Segundo dona Socorro Bastos, a carne é o produto que mais pesa no orçamento, no entanto todos os produtos estão sofrendo alta com frequência. “E já percebi que quanto mais vou ao supermercado mais consumo. Às vezes vou comprar um ou dois itens e saio de lá com um monte de coisa que não planejava levar”, revelou.
O militar Jorge Aluísio Leite, 54 anos, não soube apontar qual produto teve maior expansão de preço nos últimos meses. “Tudo está sendo reajustado”, generalizou. E para adequar o salário mensal às constantes altas, Jorge Aluísio adota algumas ações. “Já substituí marcas caras pelas mais em conta e quando algum hortifrúti está com preço muito elevado, levo para casa em menor quantidade”, contou.
VARIAÇÕES
Na análise baseada no levantamento do Dieese, foram considerados 13 produtos em quantidade suficiente para alimentar uma família formada por dois adultos e duas crianças durante um mês. Nesta feira constam: carne (4,5kg), leite (6 litros), feijão (4,5 kg), arroz (3,6 kg), farinha (3 kg), tomate (12 kg), pão (6 kg), café (300 g), banana (7,5 dúzias), açúcar (3 kg), óleo (900 ml) e manteiga (750 g). O valor total dos itens em setembro do ano passado foi de R$ 283,09, contra R$ 322,89 em agosto deste ano.
Ao observar os valores divulgados na pesquisa do Procon de João Pessoa, percebemos que o preço da compra de 22 itens (frutas, legumes, raízes, folhas e verduras) saltou de R$ 97,06 para R$ 113,78, considerando as pesquisas realizadas em setembro do ano passado e deste mês. Entre as maiores variações podemos citar o preço do quilo da cenoura (82%), da cebola branca (56,85%) e do tomate (50,85%).
Nos dois exemplos analisados, a inflação dos alimentos fica bem acima dos índices oficiais divulgados pelo governo. Por isso não é de se estranhar a queixa constante dos consumidores com relação à perda do poder de compra.
ECONOMISTA
O analista financeiro Mauro Halfeld apontou algumas dicas para o consumidor evitar o desequilíbrio das finanças domésticas. Entre as principais estão: fazer o uso da lista de compras e segui-la à risca; pesquisar onde há promoções; evitar ir ao supermercado com fome ou acompanhado de crianças; procurar saber com os funcionários do estabelecimento quais as frutas da época (porque são mais baratas) e deixar para comprar itens não perecíveis pela internet. Segundo ele, a rede online oferece mais praticidade para buscar o melhor preço.
Saiba mais
Uma pesquisa da Associação Proteste apontou este mês que se o consumidor de João Pessoa souber pesquisar, poderá economizar até R$ 1.012,50 ao ano nas compras de supermercados, considerando uma cesta de 90 produtos, sem marca definida. Já com relação a uma cesta mais completa com 104 itens, de marcas líderes, a redução por ano poderá chegar a R$ 943,10. O resultado é obtido se a opção for por um 'atacarejo' da capital paraibana. “É fundamental o consumidor ficar atento aos preços e não comprar mais do que precisa. No nosso site há um simulador mostrando os dados da pesquisa”, declarou Natália Dias, técnica da Proteste responsável pelo estudo.
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