ECONOMIA
Desemprego sobe para 13,3% no 2º trimestre, aponta pesquisa do IBGE
Dados mostram que o número de desocupados apresentou estabilidade e foi estimado em 12,8 milhões.
Publicado em 06/08/2020 às 15:53 | Atualizado em 07/08/2020 às 7:58
O número de pessoas ocupadas no Brasil teve redução recorde de 9,6% no trimestre encerrado em junho, frente ao trimestre anterior: a queda foi de 8,9 milhões de ocupados. Com isso, a taxa de desocupação subiu para 13,3%, uma alta de 1,1 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em março. Já o número de desocupados apresentou estabilidade e foi estimado em 12,8 milhões. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explicou que mesmo com o cenário de estabilidade entre a população desocupada, a taxa de desemprego subiu por causa da redução da força de trabalho, que soma as pessoas ocupadas e desocupadas.
“Essa taxa é fruto de um percentual de desocupados dentro da força de trabalho. Então como a força de trabalho sofreu uma queda recorde de 8,5% em função da redução no número de ocupados, a taxa cresce percentualmente mesmo diante da estabilidade da população desocupada”, explicou.
Comércio perde 2,1 milhões de ocupados
Todas as atividades analisadas pela pesquisa sofreram queda, em relação ao número de ocupados. O comércio foi o setor mais atingido: 2,1 milhões de pessoas perderam suas vagas no mercado de trabalho, uma redução de 12,3% em relação ao último trimestre. Já o contingente de ocupados na construção teve uma redução de 16,6%, o que representa menos 1,1 milhão de pessoas trabalhando no setor. Outra perda considerável foi na categoria de serviços domésticos, em que os ocupados foram reduzidos em 21,1% frente ao trimestre encerrado em março. São 1,3 milhão de pessoas a menos nesse grupamento de atividades.
O contingente de pessoas ocupadas na categoria alojamento e alimentação também teve redução de 1,3 milhão de pessoas (-25,2%).
Os desalentados chegam a 5,7 milhões de pessoas, maior contingente da série histórica. Este grupo é formado por pessoas que não estão trabalhando e que, embora queiram trabalhar, desistiram de procurar vagas, pois não acreditam que vão encontrar emprego.
Nesse segundo trimestre, 5,2 milhões entraram na força de trabalho potencial, que soma as pessoas em idade de trabalhar que não estavam nem ocupadas nem desocupadas, mas que possuíam potencial para estarem na força de trabalho. Agora esse grupo soma 13,5 milhões de pessoas. Entre eles estão os desalentados, grupo de pessoas que não buscaram trabalho, mas que gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis para trabalhar. Eles foram estimados em 5,7 milhões de pessoas no trimestre encerrado em junho. É o maior número desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Em relação ao último trimestre, houve um acréscimo de 19,1%, o que representa 913 mil pessoas a mais nessa situação.
“É um crescimento recorde tanto na comparação trimestral quanto na anual. Há um aumento da força potencial de pessoas que apesar de não estarem procurando trabalho, elas até gostariam e quando a gente observa internamente as razões por essa não procura por trabalho, um grande contingente alega motivos ligados à pandemia”, afirmou Beringuy.
Postos de carteira assinada atingem o menor patamar
A categoria dos empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada foi estimada em 8,6 milhões de pessoas, uma queda de 2,4 milhões em relação ao último trimestre. Já contingente de trabalhadores por conta própria teve uma queda de 10,3% e agora chega a 21,7 milhões de pessoas. São menos 2,5 milhões de pessoas nessa categoria.
A pesquisadora explica que essas categorias fazem parte do grupo de trabalhadores informais, que ainda inclui, por exemplo, os empregadores sem CNPJ. “Da queda de 8,9 milhões da população ocupada, 6 milhões eram de ocupados informais, ou seja, a queda na informalidade ainda responde por 68% da queda da ocupação”, explicou a analista da pesquisa.
Já a categoria de trabalhadores do setor privado com carteira assinada perdeu 2,9 milhões de pessoas (-8,9%). Agora o grupo soma 30,2 milhões de pessoas empregadas.
“Isso faz com que a gente chegue ao menor contingente de trabalhador com carteira assinada na série histórica e mostra que essa queda na ocupação está bem disseminada por todas as formas de inserção, seja o trabalhador formalizado, seja o não formalizado”, analisou.
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