icon search
icon search
home icon Home > economia
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

ECONOMIA

Donas da Rua: a persistência de mulheres que estão na informalidade e esperam pela formalização

Homens ainda são maioria na formalização dos negócios, e mulheres enfrentam difculdades neste processo.

Publicado em 08/06/2025 às 11:05


				
					Donas da Rua: a persistência de mulheres que estão na informalidade e esperam pela formalização
Marineide transforma luta em força e segue vencendo a invisibilidade.. Foto: Silvia Torres/TVCabo Branco

Elas movimentam a economia com o que têm nas mãos, ocupam as esquinas com criatividade e resistem às dificuldades com fé e trabalho. Nesta segunda reportagem da série Donas da Rua, conheça agora a história de Marineide, que como Lidinalva e Thais, é uma empreendedora descoberta pelo quadro Dedinho de Prosa, do JPB1, da TV Cabo Branco, afiliada Globo na Paraíba. Ela que tem uma banca de tapioca e é exemplo como profissional, mãe e filha.

Enquanto os dados mostram que os homens ainda são maioria na formalização dos negócios, histórias como as delas revelam que as mulheres só precisam de oportunidade para ocupar esse espaço com ainda mais força.

Marineide, força que vem dobrada feito tapioca

Sempre passei pela Avenida Mandacaru que corta os bairros do Padre Zé e 13 de Maio. E avistava sempre uma mulher na esquina, em uma barraquinha, logo cedinho, vendendo tapioca. Pensei, essa tem bastante história. Uma manhã, segui para o local para convencê-la a gravar o quadro Dedinho de Prosa comigo. Meu cinegrafista Thiago Ferreira garantiu muitos gestos espontâneos de Marineide Pereira da Silva, de 57 anos. E a conversa fluiu. Assim, pude mergulhar num passado de muita luta dessa mulher.

Filha de uma mulher que criou sozinha seis filhos após ficar viúva, ela começou a trabalhar aos 12 anos e aprendeu com a mãe a arte da tapioca. Já vendeu frutas, verduras e trabalhou em ´casa de família´, mas foi com a tapioca que encontrou sua vocação.

Todos os dias, antes do sol nascer, ela acorda às 2h da madrugada para preparar as tapiocas que vende com a ajuda do marido, Edvan, seu companheiro de vida há 29 anos.

Mesmo sem ter um ponto fixo, ela mantém a clientela fiel. Seu maior sonho é ter um quiosque coberto para não precisar montar e desmontar a barraca todos os dias. “É uma luta. Mas com fé em Deus, eu sigo”, diz.

Marineide é exemplo de tantas mulheres que sustentam famílias com dignidade, coragem e esperança, colocando amor em cada tapioca servida.


				
					Donas da Rua: a persistência de mulheres que estão na informalidade e esperam pela formalização
Na esquina da Avenida Mandacaru, Marineide é mais uma mulher em várias jornadas de trabalho, em busca da formalização.. Foto: Silvia Torres/TVCabo Branco

A invisibilidade "delas" na informalidade

Um dado preocupante é o da informalidade. Segundo relatório de empreendedorismo do Sebrae, apenas 15,8% das mulheres empreendem com CNPJ.

A carga horária semanal também revela a dedicação dessas mulheres. Em média, elas trabalham 32,7 horas por semana, sendo que 95% exercem apenas uma atividade, enquanto 4,6% acumulam dois trabalhos e 0,4%, três ou mais ocupações.

Entre 2021 e 2024, a quantidade de mulheres atuando por conta própria caiu de 146 mil para 139 mil. Apesar da redução, o período registrou um avanço importante na renda média, que passou de R$ 1.007 em 2021 para R$ 1.400 em 2024.Esse crescimento, ainda que abaixo da média nacional, indica uma busca constante por autonomia e valorização do trabalho feminino. A média de horas trabalhadas também aumentou no período, demonstrando maior dedicação das empreendedoras aos seus negócios.

O cenário ainda é machista

Os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgados pelo IBGE, mostram que em 2022 ainda há uma grande diferença entre homens e mulheres, quando o assunto é empreender na Paraíba.

De acordo com a pesquisa, entre as pessoas com 14 anos ou mais que trabalhavam por conta própria ou como empregadoras, 335 mil eram homens e apenas 178 mil eram mulheres. Ou seja, os homens representavam quase o dobro das mulheres nessas ocupações.

A pesquisa também analisou se essas atividades estavam ou não registradas no CNPJ. Mesmo com a formalização crescendo, muitos paraibanos ainda atuam de maneira informal, especialmente entre os trabalhadores por conta própria.

O cenário reforça a importância de políticas públicas que estimulem o empreendedorismo feminino e a formalização dos negócios no estado, garantindo mais igualdade e oportunidades para todos.

Marineide reforça que precisa de mais apoio para continuar. Lidinalva revela que aguarda uma ajuda direta para transformar seu comércio ambulante em um negócio de verdade. E Thais sente que mesmo depois de fazer cursos de capacitação falta um suporte contínuo, um espaço para vender, um incentivo para quem já mostrou que quer trabalhar.

São falas marcantes de mulheres de diferentes gerações que estão nessa batalha desleal de tantas jornadas e de tantos hiatos ainda para a atividade formal. Os meios existem, mas ainda é preciso investir mais em rede de apoio, em informação fora das de escritórios e ambientes climatizados, longe da realidade dessas mulheres que ainda continuam nas esquinas, como donas da rua pela coragem que imprimem do acordar ao dormir, vislumbrando um dia o reconhecimento.

Imagem

Silvia Torres

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp