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ECONOMIA

Educação financeira: criança aproveita restos de couro para vender pulseiras

Um projeto de educação financeira na escola de Maria Clara foi o que impulsionou a pequena de, na época, 9 anos, a empreender de forma sustentável.

Publicado em 02/03/2022 às 6:20 | Atualizado em 02/03/2022 às 9:27


                                        
                                            Educação financeira: criança aproveita restos de couro para vender pulseiras
Maria Clara confeccionando pulseiras após aulas de educação financeira. Foto: Reprodução/Brasil Solidário

A iniciação da educação financeira merece começar ainda na infância, proporcionando responsabilidade e noções de realidade para crianças e adolescentes. A iniciativa, muitas vezes, parte dos pais. No caso de Maria Clara, um projeto em sua escola no município de Cabaceiras foi o que impulsionou a pequena de, na época, nove anos, a empreender de forma sustentável. Observando o trabalho do pai, que é artesão, ela encontrou uma forma de reaproveitar as sobras de couro que seriam descartadas, em material de venda, com pulseiras cheias de estilo e capricho feitas à mão.

O projeto “Piquenique” apresentado para as crianças, apontava sobre a importância de poupar dinheiro e economizar para garantir o melhor resultado ao final da partida. Para os alunos a partir de 6 anos de idade, o jogo de tabuleiro traz um formato leve e divertido, através do qual os pequeninos poderão imaginar um passeio ao ar livre com um grupo de crianças. Ao longo do percurso vão surgindo desafios que exigem tomadas de decisões e cumprimento de responsabilidades do dia a dia, como pagamento de contas. O objetivo é transmitir o conceito de poupar de maneira natural e próxima a realidade desses alunos.

Com os ensinamentos de educação financeira, Maria Clara passou a querer juntar e guardar qualquer moeda que encontrasse. Com o aprendizado e cultivando noções de educação financeira e empreendedorismo sustentável, ela decidiu aproveitar as sobras do couro utilizado para confecção de sandálias pelo pai artesão e fazer pulseiras para vender. 

“O Piquenique nos ajudava a nos conscientizar que coisas em excesso fazem mal tanto à saúde quanto ao meio ambiente”, conta Maria Clara. Depois ela começou a aprender a implantar o dinheiro naquilo que pudesse dar lucro. “Comecei a ter a ideia quando via muito resto de couro jogado na oficina do meu pai. E eu vi que tinha umas florzinhas e umas tirinhas no chão e percebi que poderia fazer uma coisa até pra mim”, completa. Pegou os materiais e fez a primeira pulseira. No dia seguinte, na escola, as encomendas já começaram sem que Maria Clara tivesse a pretensão de vendê-las.

Escolhi esse negócio porque eu vi que tinha muita coisa indo para o lixo e que eu poderia reutilizar, transformar o que era lixo em renda”, conta a estudante.

Com o dinheiro obtido nas vendas, Maria Clara usa parte do valor para repor os materiais necessários para confecção das pulseiras e o restante aplica naquilo que precisa no dia a dia. A mãe dela, Marilia Michelli, conta que recentemente a filha começou a se queixar de problemas para enxergar. Foi quando a própria Maria Clara disse para a mãe que usaria o dinheiro para pagar uma consulta médica. “Ela aprendeu também a aplicar o dinheiro da forma correta”, relata a mãe.

Para os pais de Maria Clara foi uma surpresa perceber que a filha, na época com apenas 9 anos, já apresentava um pensamento tão maduro para a idade. “Ficamos bem surpresos de ela ter essa noção de economia e de reaproveitamento, de sustentabilidade, de saber usar aquilo que poderia ir para o lixo e transformar em renda. Ficamos bem orgulhosos”, conta Marília.

A experiência fez com que a pequena ficasse ainda mais responsável. Ela começou a idealizar outros ítens para serem confeccionados, como marca páginas, também de couro, e acessórios para cabelo. “E ela pensa logo que precisa fazer porque quer comprar tal coisa. Então precisa vender”, conta a mãe, Marilia Michelli. 

Segundo a mãe, a educação financeira trouxe mudanças também nos hábitos de rotina, nas compras do cotidiano e até com dicas para outros familiares que estavam se engajando em alguma proposta empreendedora.

“Lembro quando ela chegou em casa falando do jogo, que tinha aprendido a administrar várias coisas, sobre como economizar, e esse aprendizado a gente percebeu em casa, além da venda das pulseiras, ela passou a observar os preços dos produtos em todas as compras e até dando dicas para a minha sogra, quando ela estava se organizando para venda dos ovos de páscoa, a Maria Clara falou sobre como ela poderia aproveitar melhor o valor dos produtos e lucrar mais na venda”, relata Marília.

Aos 12 anos, Maria Clara já tem um sonho e já escreve o seu destino com as tiras de couro que sobram na oficina do seu pai. Se vai mudar de ramo nos negócios, não podemos prever, mas já vemos algumas páginas sendo escritas: “quando eu crescer quero ser uma empresária de sucesso, quero aprender a administrar bem a minha empresa”, declara.


				
					Educação financeira: criança aproveita restos de couro para vender pulseiras
Projeto Piquenique. Foto: Brasil Solidário/Divulgação.. Projeto Piquenique. Foto: Brasil Solidário/Divulgação.

Projeto 'Piquenique' auxilia na educação financeira

Para os alunos a partir de 6 anos de idade, o jogo de tabuleiro “Piquenique” traz um formato leve e divertido, através do qual os pequeninos poderão imaginar um passeio ao ar livre com um grupo de crianças. Ao longo do percurso vão surgindo desafios que exigem tomadas de decisões e cumprimento de responsabilidades do dia a dia, como pagamento de contas. O objetivo é transmitir o conceito de poupar de maneira natural e próxima a realidade desses alunos.

Já os estudantes a partir de 10 anos, recebem o jogo de cartas “Bons Negócios”, que visa primordialmente aproximá-los da experiência prática de investir e abrange ótimas oportunidades de instigar a negociação e uma visão ampla da rotina de um empreendedor já atuante.

As atividades com os jogos já foram fomentadas em 109 municípios de escolas das regiões do Maranhão, Pará, Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, São Paulo, Ceará, Rio Grande do Sul, Tocantins, Mato Grosso e Rondônia.

Na Paraíba, as ações ganharam adesão nas escolas de toda a rede municipal das cidades de: Arara, Barra de São Miguel, Bernadino Batista, Boa Vista, Bonito de Santa Fé, Cabaceiras, Cajazeiras, Camalaú, Conde, Congo, Coxixola, Cuité, Esperança, Frei Martinho, Gurjão, Ibiara, Ingá, Joca Claudino, Malta, Matinhas, Monte Horebe, Nova Palmeira, Olho d'Água, Patos, Pilões, Poço de José de Moura, Prata, Queimadas, Riacho de Santo Antônio, Salgado de São Félix, Santa Helena, São Domingos do Cariri, São Francisco, São João do Cariri, São João do Tigre, São José da Lagoa Tapada, São José de Piranhas, São José dos Cordeiros, São Sebastião do Umbuzeiro, São Vicente do Seridó, Sapé, Serra Grande, Serra Redonda, Sobrado, Sumé, Taperoá, Triunfo e Zabelê.

Diante dos resultados da primeira formação realizada com os educadores da região, o projeto expandiu novas turmas para 2022, e já tem confirmado 20 novos municípios, alcançando as cidades de: Aparecida, Pitimbu, Olivedos, Santa Cecília, Cubati, Bananeiras, Bom Jesus, Coremas, São João do Rio do Peixe, Pedro Régis, Curral Velho, Juru, Jericó, Ouro Velho, Brejo do Cruz, Itapororoca, Sertãozinho, Soledade, Picuí e Caiçara.

A proposta com os Jogos Piquenique e Bons Negócios, realizada pelo Instituto Brasil Solidário, conta com ações mobilizadas não só no Brasil, mas já atendendo escolas em Santiago, no Chile. O Estado da Paraíba foi o primeiro a receber as ações do projeto numa escala a nível estadual, com entrega gratuita de todo o material pedagógico nas escolas dos 48 municípios atendidos, além de uma capacitação de 72 horas para os educadores, que está sendo realizada no modelo EaD pela equipe de formadores do Instituto Brasil Solidário.

Cientes da importante missão agregada ao projeto, em formar gerações mais conscientes e com amplas oportunidades no desenvolvimento social e econômico de sua comunidade, a aliança formada por empresas que viabilizam a expansão do projeto no Brasil e América Latina conta com nomes como Bank of America, Citi Foundation, Instituto XP, Bayer, B3 Social, entre outros, além de pessoas físicas.

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Jornal da Paraíba

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