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ECONOMIA

Eficiência na irrigação: uso racional traz exemplos na agricultura

O JORNAL DA PARAÍBA inicia hoje série de reportagens sobre a necessidade urgente de se repensar a forma que utilizamos a água.

Publicado em 16/08/2015 às 15:00

Em meio a uma forte crise hídrica, em um cenário onde a estiagem castiga há mais de quatro anos, algumas terras continuam verdes e produtivas. Para muitos, pode parecer milagre, mas o segredo está na técnica de irrigação utilizada pelos produtores, que aprenderam, depois de muitas perdas na lavoura, que na verdade eles não precisam de muita água, mas sim de sabedoria para usá-la da forma mais eficiente possível. A irrigação localizada garante uma economia de água de até 60% em comparação com os métodos convencionais.

Experiências positivas adotadas no agronegócio do Estado serão mostradas na série de reportagens que começa hoje. As matérias serão publicadas ao longo desta semana pelo JORNAL DA PARAÍBA e demais veículos da Rede Paraíba de Comunicação. A ideia é mostrar soluções para economizar água na agricultura, na indústria e também em casa. A série mostra ainda as obras que estão sendo executadas no Estado e um balanço dos efeitos da seca.

Produtor investe em microaspersão

No município de Mamanguape, a 60 quilômetros de João Pessoa, a reportagem encontrou um bom exemplo de economia de água. Na propriedade de Roberto Cavalcante, é utilizada a irrigação localizada por microaspersão, uma das mais eficientes para economizar água. A técnica serve para irrigar uma área de 500 hectares de mamão, segundo explicou o produtor, que é dono daempresa Frutas Doce Mel, que vende frutas para vários estados do país e também do exterior.

Para implantar a técnica, Cavalcanti investiu em consultoria, fez pesquisas e conheceu experiências exitosas em outros países. Atualmente ele colhe os frutos do investimento e serve de exemplo para outros produtores. A propriedade tem sido visitada há alguns meses por produtores interessados em conhecer a técnica. Desde que começou a ser utilizada, a microaspersão tem se mostrado eficiente, segundo o produtor. “A economia de água é uma realidade para nós. Depois de muito investimento, encontramos um método viável”, declarou.

Na avaliação de Cavalcante, embora haja sistemas eficientes para economia de água na agricultura, ainda falta conhecimento ao homem do campo. “É importante saber qual o método mais eficaz para cada realidade, levando em conta a cultura produzida, o tipo de solo, a ocorrência de chuvas, dentre outros fatores”, explicou. Além do mamão, ele também planta abacaxi (em uma área de 125 hectares), mas nessa cultura é utilizada a irrigação convencional.

Sistemas localizados são os mais eficazes na agricultura


Os sistemas de gotejamento e de microaspersão são os mais eficientes para a economia de água na agricultura, segundo explicou o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Patrício, chefe do Departamento de Educação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Paraíba (Senar-PB). “Esses dois tipos são os mais importantes e mais utilizados. A diferença básica entre eles é que, enquanto o gotejamento, como o próprio nome diz, irriga 'gota a gota', a microaspersão atinge uma área maior”, explicou.

De acordo com o engenheiro, a única desvantagem do sistema de irrigação localizado é que ele é fixo e exige um pouco mais de investimento no início, mas depois o produtor percebe sua viabilidade. Na irrigação convencional, segundo Patrício, há economia de material, mas há um grande gasto de água. “O método convencional é, sem dúvidas, o grande vilão da agricultura, embora muitos produtores ainda o utilizem”, explicou.

No sistema de irrigação tradicional, o desperdício acontece porque nem toda a água utilizada chega à planta. “Muita água é jogada fora. Já no sistema localizado, a água é bem aproveitada. No gotejamento, por exemplo, apenas a raiz da planta recebe a irrigação, por isso falamos que a economia chega a 60%”, explicou Patrício. Segundo o engenheiro, tanto o sistema de gotejamento quanto o microaspersão são bem utilizados na Paraíba.

Outra vantagem do sistema localizado é que ele permite o uso de fertilizantes e defensivos na água que vai irrigar a plantação, o que não é possível no sistema convencional. “São tantos benefícios que não podemos negar a importância desse sistema para a sobrevivência da agricultura, sobretudo no semiárido, onde a escassez de água é mais crítica”, afirmou.

Segundo Patrício, a utilização de métodos eficazes é quase uma obrigatoriedade ao homem do campo, que precisa, antes de qualquer outra coisa, de conscientização sobre os recursos naturais, e de capacitação, para usar o sistema da forma mais eficiente possível. “Se o sistema deve ficar ligado por 1 hora e o produtor deixa 3 horas, não adianta. Por isso que ele deve ser capacitado para que possa utilizar o sistema corretamente”, explicou.

Técnica do gotejamento beneficia a produção

Em alguns locais da Paraíba, onde a seca levou embora a alegria dos agricultores, a esperança ressurgiu 'gota a gota'. Através do Programa de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais), centenas de famílias são beneficiadas com a agricultura familiar que adota o sistema de irrigação por gotejamento. O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da Paraíba (Sebrae-PB) presta consultoria aos agricultores, depois de entregar o kit com dez galinhas, sementes e a estrutura necessária para iniciar a atividade.

O engenheiro agrônomo Newton Novais, responsável pela implantação e supervisão do sistema, disse que o resultado tem sido satisfatório em relação ao volume de água economizado na agricultura. “O sistema de gotejamento nos permite irrigar as raízes das plantas e não há desperdício. A eficiência nos garante uma economia de aproximadamente 70% de água”, afirmou. A técnica foi desenvolvida em Israel, para ser usada em regiões secas, otimizando o uso da água. No Brasil, o sistema passou a ser usado há cerca de 30 anos, segundo Novais.

A irrigação por gotejamento, na Paraíba, pode ser encontrada, principalmente, nas Várzeas de Sousa, no Vale do Piancó, Serra de Teixeira, no Sertão paraibano, no Cariri e na Borborema. O projeto desenvolvido pelo Sebrae-PB se concentra na Zona da Mata paraibana. “Temos projetos instalados pelo Sebrae para a produção de fruticulturas e horticulturas de forma orgânica, sem o uso de insumos químicos”, destacou.

O engenheiro disse que na região de Nova Floresta e Cuité, o Sebrae de Araruna mantém projetos de irrigação por gotejamento para a produção de maracujá, mantendo uma boa produtividade. “Hoje a Paraíba tem mais de três mil sistemas de irrigação por gotejamento”, explicou Novais. Para ele, esse tipo de irrigação representa o futuro da produção agrícola e o caminho para encontrar a tão falada sustentabilidade no campo.

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Jornal da Paraíba

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