ECONOMIA
Etanol começa a faltar nos postos de CG
Aumento no preço da gasolina fez com que consumidores migrassem para o álcool.
Publicado em 21/02/2015 às 6:00 | Atualizado em 21/02/2024 às 16:16
Bastou o aumento da gasolina anunciado pelo governo federal chegar às bombas de combustíveis para os consumidores começarem a procurar alternativas que reduzam o impacto financeiro provocado pelo reajuste. A principal delas, trocar a gasolina pelo álcool, aumentou o consumo do produto, que chegou a faltar em alguns postos de Campina Grande. Em um deles, na avenida Assis Chateaubriand, o etanol acabou em duas ocasiões, em um intervalo de uma semana.
Segundo o proprietário do estabelecimento, Hussein Ramadan, depois do reajuste da gasolina a venda do álcool está cinco vezes maior em relação ao mês de janeiro. Antes, o posto comercializava cerca de 500 litros de etanol por dia, passando agora para 2,5 mil litros.
“Como não fazemos estoque, o álcool acabou duas vezes e tivemos que rapidamente comprar mais na distribuidora. Desde o aumento que o consumo de gasolina está caindo, até porque a maioria dos carros aceita os dois combustíveis”, explicou Hussein, ao estimar uma queda de 10% na venda da gasolina.
“Além do prejuízo do reajuste e de não poder repassar outros aumentos que tivemos para o consumidor, depois que a gasolina subiu dificilmente um cliente enche o tanque”, acrescentou o proprietário.
Já Patrick Lennon, auxiliar administrativo que trabalha em um posto de combustíveis no bairro do Centenário, explicou que no estabelecimento a demanda por etanol também aumentou logo após o anúncio do reajuste do preço da gasolina. “Nos primeiros dias já vimos uma mudança no interesse dos clientes, que não costumavam comprar tanto álcool”, explicou.
Apesar de ser mais barato que a gasolina, o etanol tem rendimento menor. Por isso, segundo os especialistas, antes de optar por um ou outro, o consumidor deve fazer um cálculo simples: dividir o preço do álcool pelo da gasolina. Se o resultado obtido for igual ou menor que 0,7, vale a pena substituir a gasolina.
Mesmo assim, alguns consumidores preferem optar direto pelo etanol, sem levar em conta o seu rendimento. “Não sei muito bem como se faz essa conta, mas de toda forma prefiro colocar álcool, porque o gasto instantâneo para abastecer é menor. De todo jeito, qualquer aumento desse pesa no bolso e a gente tem que reduzir os custos como pode”, afirmou o consumidor Dráulio Barros.
PROBLEMA PONTUAL
Ao comentar o assunto, o presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis e Derivados do Interior da Paraíba (Sindirev), Bruno Agra, informou que não tomou conhecimento da falta de etanol em alguns postos e disse acreditar que tenha havido um problema pontual, motivado pelo estoque antigo ou pequeno dos estabelecimentos. “Há mais de 10 anos o preço do álcool em Campina não é vantajoso. Então, acredito que tenha havido aumento da demanda por etanol por conta do reajuste da gasolina, mas essa vantagem de preço ocorre em poucos postos”, salientou.
ALTA PROCURA NÃO VAI INTERFERIR NA PRODUÇÃO
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Produção do Álcool do Estado da Paraíba (Sindalcool), Edmundo Barbosa, o Estado, que conta com sete usinas de produção de álcool, não deverá ter problemas em relação às novas demandas de etanol.
“A safra 2014/2015 foi a melhor da última década, então estamos bem abastecidos. O problema não é dos produtores, e sim de como funciona a distribuição e a venda nos postos, cujos donos podem estar despreparados”, explicou.
Edmundo ainda afirmou que a produção de etanol, que geralmente é encerrada no meio do mês de fevereiro, este ano só será finalizada em abril, o que reforçará o abastecimento local. “Apesar da demanda ter aumentado, e creio que ainda vai aumentar mais, não estamos preocupados com isso”, completou.
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