Etanol tem diferença de 105,71%

A diferença do preço do etanol que sai da usina para os postos de combustível chega a até 105,71% na Paraíba. O litro na usina custa atualmente R$ 1,05 contra uma média de R$ 2,161 nos postos. Entre janeiro e dezembro de 2011, o litro do álcool ficou mais caro 16,63%, tirando competitividade do combustível frente à gasolina. Conforme pesquisa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na Paraíba, o preço médio do etanol é R$ 2,166, no ano passado, no mês de janeiro, o litro do combustível custava R$ 1,857.

Segundo o Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba, os meses de janeiro e fevereiro são os mais intensos em produção do combustível no Estado, entretanto, mesmo no ápice da safra, os preços de revenda do biocombustível continuam elevados e superando em 83% do valor da gasolina. Para que o etanol seja economicamente mais vantajoso para o consumidor o litro do combustível não pode ultrapassar 70%, segundo a ANP.

Na comparação da rentabilidade do custo inicial da usina até o consumidor, as distribuidoras saem ganhando. A diferença de preço da usina para a distribuidora é de 75,23% (R$ 0,79 em cada litro) enquanto da distribuidora para os postos a diferença cai para apenas em 17,39% (R$ 0,32). Entre janeiro e dezembro, o preço do álcool também subiu mais na bomba (16,63%) do que para as distribuidoras (11,3%).

Apesar dos meses de janeiro e fevereiro serem os mais intensos em produção de etanol na Paraíba, ápice da safra, os preços de revenda do biocombustível continuam elevados. O motivo para um valor tão alto em plena safra nas usinas paraibanas, terceiro estado em produção no Nordeste, segundo o presidente Executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba (Sindálcool-PB), Edmundo Barbosa, é que as distribuidoras estariam elevando os preços do etanol para reduzir o consumo na Paraíba e enviar o combustível para estados do Sudeste do país, onde as usinas estão em entressafra.

“Na Paraíba, o etanol hidratado sobra nas usinas, enquanto as distribuidoras estão levando esse produto do Nordeste (Paraíba e Pernambuco) para o Centro Sul. Ao mesmo tempo, o produto está sendo vendido nas usinas a R$ 1,05 e nos postos a R$ 2,15, ou seja, está havendo um "pedágio" (margens de lucro muito maiores) sobre o etanol, o que prejudica o consumidor final e os produtores de etanol, porque o consumidor vai se afastando do produto”, revelou.

SAÍDAS
Para conseguir reduzir os preços do biocombustível, Edmundo Barbosa diz que "as soluções para o etanol dependem de decisões estratégicas do governo federal, que consistiriam em evitar que a matriz energética do país volte a ser mais dependente do petróleo que é mais suja”, afirmou.

“A equação da rentabilidade do etanol com custos de produção reais se defronta com a gasolina que tem os preços artificiais mantidos. O governo federal importa gasolina por um preço mais ele-vado do que o preço de venda, subsidia a gasolina e não o etanol. A ausência de políticas públicas para o etanol levou a uma situação em que a produção não atende o consumo doméstico”, completou.