ECONOMIA
Etanol tem diferença de 95% entre usina e posto
Redução do valor do combustível vendido para as distribuidoras, não vem sendo repassada para o consumidor, diz Sindálcool-PB.
Publicado em 22/09/2012 às 6:00
O preço do etanol comercializado nos postos em João Pessoa chega a ser 95,8% superior ao praticado pelas oito usinas paraibanas atualmente. É o que informa o Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool do Estado da Paraíba (Sindálcool-PB), que afirma que a redução do valor do combustível vendido para as distribuidoras não vem sendo repassada para o consumidor, que não encontra alternativa econômica nos postos de combustíveis do Estado.
Segundo o presidente do Sindálcool-PB, Edmundo Barbosa, a queda dos preços está atrelada ao aumento da oferta de etanol devido ao início da safra no mês passado no Estado. “Temos fornecedores aqui no Estado e ainda recebemos produto de outros lugares. Essa quantidade de combustível e a competitividade entre as usinas acabam por, naturalmente, baixar os preços. Isso é comum em todos os anos”, explicou.
A particularidade da safra atual, porém, é a baixa procura de consumidores pelo combustível, apesar de mais de 50% da frota de veículos em circulação poderem rodar com álcool. “Este ano está mais difícil porque o preço da bomba está afastando o consumidor e isso acaba por reter um pouco do etanol nas usinas. Isso é totalmente contra os interesses do Estado, pois desestimula a produção e pode levar ao fechamento de alguma usina, como aconteceu na safra passada e neste ano em Pernambuco”, comentou.
A recente pesquisa de preço realizada pelo Procon-JP apontou uma variação de R$ 2,07 a R$ 2,359 no preço do etanol, enquanto o valor comercializado das usinas para as distribuidoras gira em torno de R$ 1,20, conforme afirma Edmundo. “O preço final do etanol está, em média, R$ 1,00 mais caro do que o cobrado pelas usinas. Desse valor, quase 41% é de impostos. Fazendo uma conta rápida, as distribuidoras e os postos revendedores têm uma margem de lucro em torno de R$ 0,60 por litro, valor muito superior ao dos produtores”, resumiu.
Atualmente, o setor emprega cerca de 18 mil pessoas em 26 municípios paraibanos. A preocupação, segundo Edmundo, é de que haja uma baixa nas vagas de emprego, devido à diminuição da demanda por etanol. “Essa questão exige uma solução urgente. É preciso compreender a quantidade de trabalhadores que dependem das usinas de etanol enquanto milhões de consumidores com carros flex estão deixando de usar o álcool.
Isso prejudica toda uma cadeia produtiva e a própria população paraibana”, finalizou.
Em janeiro deste ano, a diferença do preço do etanol que saía da usina para os postos de combustível chegou a até 105,71% na Paraíba. Na época, o litro na usina custava R$ 1,05 contra uma média de R$ 2,161 nos postos.
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