ECONOMIA
Família youtuber: pai larga emprego e aumenta renda da família em 100 vezes
Atualmente, a família youtuber tem quatro canais ativos, mas o principal, com mais de 9 milhões de inscritos, é o da filha Sarah de Araújo.
Publicado em 13/08/2023 às 7:27 | Atualizado em 13/08/2023 às 11:11
Rafael Araújo trabalhava em uma gráfica e dividia a rotina de casa com a esposa, Amanda Oliveira. Com o nascimento da primeira filha, Sarah, o dia a dia da casa se tornou mais dinâmico. E como parte da rotina, a família passou a registrar alguns momentos com a pequena e publicar o vídeo no YouTube. No início, era só um divertimento. Gravavam quando podiam. Até que um vídeo viralizou e Rafael enxergou uma oportunidade de monetização. Hoje, o canal de Sarah de Araújo já conta com mais de 9 milhões de inscritos. Rafael, portanto, largou o emprego e hoje já conseguiu aumentar a renda da família em 100 vezes.
Atualmente, a família youtuber tem quatro canais ativos. Os vídeos são de conteúdos diversos, como desafios divertidos, brincadeiras empolgantes, envolventes histórias, clipes musicais contagiantes e até mesmo registros do cotidiano. Embora toda a família participe, a personagem principal é Sarah de Araújo, que com 10 anos já tem seguidores em todo o país.
Tudo começou em 2015. Amanda Oliveira, mãe de Sarah e Eloá - a irmã mais nova de apenas 6 anos - começou a se inspirar em um canal que trazia vídeos da rotina de uma mãe, de forma leve e interativa. Em 2015, pensou em começar a fazer a mesma coisa, e contou com a ajuda do marido Rafael Araújo para dar o primeiro passo. Depois disso, veio o canal de Sarah.
O primeiro vídeo da pequena, com apenas 3 anos na época, foi gravado em outubro de 2015, no setor de brincadeiras de um shopping. Os vídeos com características de vlogs continuaram, mas sem tanto rigor nas gravações.
“Na época, eu trabalhava em uma gráfica e Amanda era dona de casa. Até 2019 eu continuei trabalhando na gráfica e no canal. No início a gente postava poucos vídeos, porque estava no começo, não tinha muito tempo para gravar. Até que no aniversário de Sarah, de 4 ou 5 anos, fizemos um vídeo na Bica de Sarah fantasiada de branca de neve. Foi um dos primeiros vídeos que viralizou, hoje com mais de 23 milhões de visualizações. Fizemos tipo uma história”, relembra Rafael, pai de Sarah.
Com o primeiro vídeo viral, a família encontrou uma forma de tornar as gravações mais rentáveis, e aumentaram a frequência de publicação dos vídeos.
Hoje, quatro canais estão ativos pelo família youtuber:
O primeiro deles, intitulado "Sarah de Araújo", é dedicado ao público infantil, com vídeos divertidos e didáticos. Já os canais "Sarah de Araújo Games" e "Família Araújo" têm como objetivo atingir toda a família, oferecendo conteúdos variados que promovem o entretenimento e a união familiar. Um deles, especificamente sobre games. Ainda há um quatro canal, alimentado por Amanda, que relata um pouco da rotina. É o Dia a Dia com Amanda.
Processo de gravação
Quem pensa, inicialmente, nas ideias, são Amanda e Rafael. Com um aplicativo compartilhado, eles incluem as ideias que vão tendo no decorrer do dia. “No dia da gravação vemos a que dá mais certo para aquele dia, pensamos na história, e gravamos. Às vezes as meninas também dão ideia. Como não precisamos ensaiar tanto as falas, às vezes conseguimos decidir na hora o que fazer”, explica Rafael.
Hoje a família grava três vezes por semana e, em um dia, conseguem colocar dois vídeos em prática: um para a família e um para o perfil de Sarah.
Eloá, que tem apenas seis anos, também participa dos vídeos desde que nasceu. No dia do nascimento, inclusive, a família gravou um vídeo de Sarah vendo a irmã pela primeira vez. Conforme foi crescendo e aprendendo a falar, Eloá mesmo pedia pra participar.
Família youtuber: monetizando os vídeos
Como já conhecia um pouco esse universo dos vídeos, Rafael sabia que muita gente já tinha tido a vida transformada por meio do trabalho digital. Quando o primeiro vídeo de Sarah viralizou, enxergaram uma oportunidade.
“Chegou um tempo em que a renda do YouTube estava maior que a renda do meu trabalho. E a gente viu que dava para trabalhar com isso”, declara Rafael.
Mesmo assim, Rafael não largou o emprego de imediato. Só quando Eloá nasceu, é que começou a repensar o assunto. A pequena foi diagnosticada, no nascimento, com Epidermólise Bolhosa, uma doença multissistêmica hereditária, não contagiosa e ainda sem cura, que forma bolhas na pele.
Quando percebeu que a família estava demandando mais tempo da sua presença, Rafael saiu do emprego e decidiu manter a renda da família apenas com o YouTube. Dessa forma, estaria mais tempo em casa e poderia cuidar de Sarah e Eloá juntamente com Amanda. Nessa época, a renda com o YouTube já superava a renda do emprego em 10 vezes.
Epidermólise Bolhosa
Eloá nasceu com uma doença chamada Epidermólise Bolhosa (EB). Não se trata do nome de uma única doença de pele, mas sim um grupo de doenças clinicamente e geneticamente diferentes. Sua característica comum é a formação de bolhas. As bolhas se formam ao mínimo atrito na pele e/ou membranas mucosas. A EB engloba quatro tipos principais: EB simples (EBS), EB juncional (EBJ), EB distrófica (EBD) e EB Kindler (EBK), com mais de 30 subtipos que diferem pela localização na camada de pele na qual as bolhas são formadas e pela causa genética.
Quando estava grávida, Amanda conta que nenhum exame mostrava a doença. Tudo estava normal. “Quando tive ela, foi quando descobrimos, porque ela já nasceu com a perna sem pele, os dedos, a boca. Nesse momento, ficamos desesperados, porque nem os médicos sabiam. Mas teve uma pediatra que a identificou. No começo foi muito difícil, a gente tinha medo de cuidar. Hoje eu sei como cuidar, mas no começo era difícil”, conta Amanda Oliveira.
Hoje Amanda faz todo o tratamento em casa com Eloá, como as trocas dos curativos. A pequena participa de tudo. “Super inteligente, dança, corre. É uma deficiência de pele, mas ela está aí com a gente, ela brinca, vai para a escola. Tem momentos que é bem complicado, quando ela tem febre, não tem como participar”, revela.
Inclusive, a família usou o canal no YouTube para explicar a Epidermólise Bolhosa, porque quando ela aparecia nos vídeos, muitos seguidores perguntavam porque a “irmã de Sarah” usava curativos nos braços.
A família inteira participa dos canais. É renda fixa e transformou a rotina dos quatro, assim como Rafael via acontecer no começo com outros profissionais. Mas, embora as gravações tenham se tornado negócio para os pais, Sarah ainda tem outro sonho. Pode até seguir a carreira de youtuber no futuro, mas revela: “também quero ser veterinária”.
Para quem quer seguir o mesmo caminho, Sarah deixa um recado: “Eu diria para não desistirem dos seus sonhos. Começa o canal e não desiste”.
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