Frete já acumula 14% de alta

A alta do óleo diesel e a nova Lei do Motorista (descanso) já contribuíram para um aumento de 14% na taxa do frete na Paraíba. Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Estado da Paraíba, Arlan Rodrigues, a nova elevação de 5% do combustível nas refinarias, desde ontem, deve afetar os custos e interferir nos preços do setor de transporte e de cargas e, em cadeia, ser repassados para os produtos e bens consumidos no varejo.

Nos últimos 34 dias, o reajuste do diesel já acumula alta de 10,4%. O reajuste de ontem foi o quarto do óleo diesel desde junho do ano passado. O último ocorreu no dia 30 do mês passado, quando o preço do produto nas refinarias foi reajustado em 5,4%. Na ocasião, a Petrobras também aumentou o preço da gasolina comum (gasolina C) em 6,6%.

Esse percentual diluído, na avaliação do presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Clésio Andrade, deve ser de 1,25% no preço do frete, e este incremento do combustível terá, ainda, impacto na inflação. Como a Paraíba importa mais de 80% de tudo que consome de outros estados e o transporte rodoviário é o principal modal, o novo reajuste do diesel deve ser repassado aos produtos e bens comprados pelas empresas nos preços dos produtos com alta do frete, retirando ainda mais o poder de compra dos consumidores.

Uma das consequências diretas para o bolso dos consumidores com a alta do fretes será nos alimentos do paraibano. De acordo com o presidente da Associação dos Supermercados da Paraíba, Cícero Bernardo, estes incrementos vêm sendo sentidos desde janeiro. O aumento de custos é repassado aos produtos. “O frete já está muito alto, já houve os reajustes mencionados por causa da Lei do Motorista e, com o combustível mais caro, poderá aumentar ainda mais. Resultado, a cadeia produtiva é prejudicada e o consumidor poderá verificar uma alta dos preços dos produtos”, afirmou.

ETANOL
A alta foi no diesel das refinarias, mas a indústria sucroalcooleira também depende dos fretes e poderá ter dificuldades em segurar os valores para o preço do etanol nas bombas. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Produção do Álcool da Paraíba (Sindalcool-PB), Edmundo Barbosa, o diesel representa 18% dos custos de uma usina do setor. E, se a análise permear apenas o total gasto com transportes, este percentual sobe para 31%. “Então, o impacto é muito grande. Na agroindústria do etanol e do açúcar, o impacto do aumento anunciado ontem tem como reflexo menor rentabilidade das empresas, lembrando que, em épocas de estiagem como temos atravessado, o consumo é ainda maior pelos produtores que utilizam diesel na irrigação. Uma usina gasta cerca de 10.000 litros de diesel por mês, apenas na irrigação”.

LEI DO DESCANSO
Para elevar ainda mais os custos do setor de cargas, conforme Arlan Rodrigues, a alta do diesel será somada à entrada em vigor da Lei do Motorista. A Lei 12.619 traz os direitos e deveres dos motoristas e estabelece, dentre outros pontos, o tempo de direção e a jornada de trabalho. “Dessa forma, acumulamos uma defasagem de 14% nos valores dos custos operacionais”.

Segundo Arlan, o aumento dos custos leva a empresa ser obrigada a repassar o reajuste na íntegra, pois, se não fizer, poderá contrair dívidas e ir à falência. “O mercado não estabelece uma tabela. Portanto, cada empresa negocia com seu cliente, mas o recomendado é que repasse a taxa para não 'quebrar'”, pontuou.