ECONOMIA
Governo prevê ampliação do setor na PB
Construção do polo industrial de Caaporã, no Litoral Sul do Estado, deverá favorecer os setores metalúrgico, cimenteiro e vidreiro.
Publicado em 24/05/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 15:06
Apesar de a Paraíba caminhar com as pernas atadas pelo pacto federativo que torna o Estado dependente de recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE), a indústria local está construindo um cenário próprio, não mais otimista do que o nacional, porém promissor.
Marcos Procópio, secretário executivo da Indústria e Desenvolvimento da Paraíba, ressalta que o Estado passa por um momento favorável. “Estamos vivenciando um momento tanto de ampliação quanto de mobilidade empresarial, com várias atividades se deslocando dentro do território. A Paraíba tem um dos melhores custos competitivos do Brasil”, afirma.
A construção do polo industrial de Caaporã, no Litoral Sul do Estado, deverá favorecer os setores metalúrgico, cimenteiro e vidreiro, ampliando a cadeia produtiva na Paraíba e em outros locais.
No último dia 19, foi assinado um protocolo de intenções entre o governo do Estado e quatro empresas – Votorantim, Moais, LM-Came e Paulista Praia Hotel – para a instalação de fábricas no Estado, três delas em Caaporã. O investimento deverá atingir R$ 718,5 milhões e gerar, num curto prazo, 585 empregos diretos.
Quando a fábrica da Votorantim estiver pronta, estima-se que a produção de cimento na Paraíba chegue a 9 milhões de toneladas por ano, colocando o Estado entre os maiores produtores. Já a fábrica da Fiat que será instalada em Goiana (PE) também deve incentivar a indústria paraibana – como a LM-Came, cuja fábrica deverá atender exclusivamente a demanda da montadora por linhas de solda e outros produtos.
“Não estamos conectados com o cenário brasileiro. Nos últimos anos, a Paraíba foi o primeiro Estado em taxa de crescimento de postos de trabalho. Diversas atividades econômicas estão surgindo em Caaporã, incluindo condomínios para as pessoas que vão trabalhar nas fábricas”, garante Procópio.
O vice-presidente da Fiep-PB, Magno Rossi, reforça o diferencial do Estado. “A indústria paraibana vive um momento diferente por conta de pontualidades, como o cimento e o setor automobilístico em Pernambuco, que tem reflexo aqui. Está com um crescimento até maior que a média nacional”.
Todavia, é preciso evitar o deslumbramento, porque as deficiências estruturais também existem por aqui. “Estamos com um problema sério de falta de mão de obra. Temos agora o Pronatec, mas a formação de pessoas é demorada. A escola pública de base é muito fraca hoje. As pessoas chegam em um curso técnico com baixo conhecimento em matemática e português”, conta Rossi.
CONSTRUÇÃO PUXA ALTA INDUSTRIAL
“A construção civil tem sido uma locomotiva que puxa um trem inteiro de subsetores”. É assim que Irenaldo Quintans define a indústria da construção, a que tem o melhor desempenho tanto em nível nacional quanto estadual. “Se considerar todas as atividades coligadas, que formam o macrossetor da construção civil, ela responde por cerca de 20% do PIB”, frisa o economista.
Segundo ele, cerca de 30 mil empregos na Paraíba se devem ao subsetor.
O boom da construção ocorreu a partir de 2010, com a facilidade dos consumidores de acesso ao crédito por meio do programa governamental Minha Casa Minha Vida. No ano, o segmento teve uma disparada no crescimento de 11,6%, muito acima do PIB naquele período – embora os preços tenham acompanhado. Atualmente os preços estacionaram e o crescimento, apesar de não ter retomado os níveis colossais, se mantém constante. “As pessoas sempre estão casando, se mudando, comprando novos imóveis”, conta Quintans.
Porém duas variáveis assombram o setor e podem render prejuízos, caso a política econômica do governo federal falhe: a inflação e os juros (que estão umbilicalmente ligados).
“É importante que a inflação não ultrapasse a meta de inflação e que os juros sejam contidos, para que o consumidor não perca poder de compra e continue tendo acesso às linhas de crédito”, explica. Ontem, o Ministério do Planejamento elevou a previsão do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – principal termômetro da inflação – de 5,3% para 5,6%. A expectativa é que o indicador feche abaixo do registrado em 2013, de 5,91%.
Já a Selic, mantida em 11% para controlar o consumo e segurar as rédeas da inflação, deve começar a baixar a partir da metade do ano, segundo analistas.
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