ECONOMIA
Graça Foster assume Petrobras
Primeira mulher a comandar a Petrobras, Graça Foster, asumiu o cargo nesta segunda-feira (13).
Publicado em 14/02/2012 às 6:30
A funcionária de carreira Maria das Graças Foster tomou posse, ontem, como presidente da Petrobras. Graça Foster, como gosta de ser chamada, sucedeu José Sergio Gabrielli, que esteve à frente da empresa por 6 anos.
Graça Foster foi às lágrimas ao agradecer à presidente Dilma Rousseff e lhe garantiu total lealdade. Agradeceu em seguida ao presidente Lula, a Deus, a seus filhos e a sua mãe, dona Terezinha. "É emocionada que agradeço a confiança em mim."
Ela iniciou seu discurso lembrando sua história na estatal e destacou ser a primeira mulher no mundo a comandar uma petroleira do porte da empresa.
A nova presidente da Petrobras disse que o maior "foco" da sua administração será reforçar gestão, com prazo, metas e avaliação de desempenho.
"O meu perfil é de gestão, de execução", disse em sua primeira entrevista no cargo. De acordo com Foster, a área de exploração e produção de óleo terá total prioridade.
Foster disse ainda que muitas empresas estão interessados nos ativos da Petrobras colocados à venda. Ela citou como exemplo a venda de uma fatia da Gás Brasiliana à Cemig. "Todas s empresas estão interessadas em se associar à Petrobras."
Segundo a executiva, a intenção é vender participações entre 30% e 40% em cada um dos ativos. Foster defendeu ainda a política da companhia de manter campos maduros de óleo e gás e afirmou que a política de conteúdo local é feita por muitos países e não se trata de uma questão ideológica.
A nova presidente disse estar preparada para o desafio e garantiu que sua gestão é de continuidade. Ela destacou que irá trabalhar para cumprir as metas e prazos e dedicará atenção especial à exploração do pré-sal, à ampliação do parque de refino, à construção de plantas de fertilizantes e ao aumento da participação da empresa no setor de etanol.
"É o maior desafio que já tive em minha vida. Devo esse momento a vocês", disse dirigindo-se aos técnicos e diretores da companhia.
Como funcionário de carreira licencidado da Petrobras, o presidente da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), Wagner Victer, disse que a posse de Graça Foster valoriza o corpo técnico da companhia. Victer observou que a Petrobras não tinha um presidente considerado técnico desde o governo Itamar Franco. "O último foi Alfeu Valença, no governo Collor", disse.
O diretor-geral do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, não crê em mudanças substanciais na gestão de Graça Foster. "É o mesmo governo." Mas disse acreditar que Foster será mais "exigente" na hora de cobrar resultados. Rosa só externou preocupação com a área de produção e exploração, cujo diretor, Guilherme Estrella, está se aposentando. "Ele teve um papel importante no uso da indústria nacional."
O presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Mauricio Tolmasquin, comemorou a posse da nova presidente da Petrobras. "Trabalhei com Graça [Foster]. É uma excelente gestora, de uma capacidade técnica enorme. Cada coisa que ela trata, ela estuda a fundo", disse.
O representante dos armadores brasileiros também elogiou a mudança no comando da maior estatal do país. "Acredito muito na Graça Foster. Foi com ela que reiniciamos, junto com a presidente Dilma Roussef, a construção naval brasileira", disse o presidente do Sindicato da Indústria Naval, Ariosvaldo Rocha, que também participou da solenidade de posse. Ele se lembrou da primeira reunião que teve com as duas, em fevereiro de 2003. "Foi com elas [Dilma e Graça] que nós provamos que era tecnicamente viável construir navios no Brasil."
DESPEDIDA
Gabrielli iniciou seu discurso pedindo desculpas por ter de ler as 54 páginas de sua fala. O ex-presidente da Petrobras disse estar triste e feliz ao mesmo tempo por deixar o cargo. Triste por deixar a companhia e os amigos que fez por lá, e feliz por ter conseguido conquistar, em sua avaliação, a confiança dos empregados e, principalmente, do mercado.
Gabrielli destacou como vitórias de sua gestão a autossuficiência da produção de petróleo, a expansão do setor refino e também do petroquímico, a conclusão da malha de gasodutos, a mudança no marco regulatório do pré-sal, a adoção da política de conteúdo nacional, a capitalização da empresa e o reconhecimento da companhia como "investment grade".
Comentários