ECONOMIA
Imóveis populares serão nova tendência de JP
Mercado deu fortes indícios de que imóveis populares, dentro da margem de R$ 130 mil, serão grande demanda para 2013, diz Sinduscon-JP.
Publicado em 30/11/2012 às 6:00
As construtoras que investirem em imóveis populares – dentro da margem de R$ 130 mil, para enquadramento no 'Minha Casa, Minha Vida' – sairão na frente na concorrência do setor. Segundo o novo presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP), Fábio Sinval, o mercado deu fortes indícios de que esta será a grande demanda para 2013. “As empresas que apostarem neste nicho estarão muito bem”, comentou Sinval, que toma posse hoje à noite da presidência da entidade, durante evento de confraternização da categoria, na Maison Blunelle, em João Pessoa.
Para o próximo ano, o Sinduscon-JP prevê um crescimento de 5% sobre 2012 – uma taxa próxima ao esperado para este ano (entre 4% e 5%).
Para Sinval, o momento da construção civil é de crescimento moderado e gradual. “O prefeito eleito prevê a construção de 13 mil casas populares para os próximos quatro anos. Além disso, observamos a procura intensa por imóveis deste tipo durante a edição do SIM Paraíba neste ano. Por isso a grande demanda provavelmente será na faixa do MCMV”, afirmou.
Segundo dados do Sinduscon, a média de preços de imóveis na capital é de R$ 276 mil. Neste sentido, para que aconteça esta adaptação do setor à nova realidade precisará acontecer antes o fim da especulação imobiliária. “Temos muitos terrenos disponíveis e muita viabilidade. Mas a grande dificuldade para a construção de imóveis populares é encontrar terrenos com preços compatíveis”, disse.
Para Sinval, as áreas de periferias são aquelas onde há preços mais exorbitantes. “Um terreno que antes era de R$ 5 mil, agora, está com preços nas alturas. E como o Litoral Sul deverá ser o foco – tanto em virtude da Fiat em Goiana, quanto das demais indústrias e empresas satélites da região -, isto precisa ser revisto. Creio que o mercado conduzirá para preços mais equilibrados. De qualquer modo, o 'oba-oba' para ganhar muito dinheiro com a venda passou”, declarou.
Por outro lado, o presidente do Sinduscon afirmou que tem, nos agentes bancários, aliados para a nova demanda. “Os financiamentos não são feitos só pela Caixa Econômica, mas pelo Banco do Brasil e demais bancos privados. O cliente tem uma gama de possibilidades para comprar”, comentou.
REDUÇÃO DE ITBI
Um dos problemas para as classes C e D, no momento de comprar a casa própria, são os valores pagos em impostos. De acordo com Fábio Sinval, em 2013, o sindicato irá pleitear a redução de tributos – a exemplo do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).
“Vamos fazer alguns pleitos junto à nova administração da Prefeitura Municipal para tentar reduzir este tributo. Porque embora tenhamos isenção para uma faixa, para aquelas do MCMV não há.
Então imagine 3% de ITBI somados aos impostos de cartório? Em média, são R$ 6.500 de custos cartoriais. Isso é muito alto e precisa ser revisto”, concluiu.
ENTREVISTA
JORNAL DA PARAÍBA - O PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil avançou 16,2% em 2010, segundo informações do IBGE divulgadas na última semana. Dados do Sinduscon-JP, daquele ano, mostram ainda que, em João Pessoa, o faturamento quase dobrou (92,7%). Tivemos o melhor ano da construção?
FÁBIO SINVAL - Este foi um ano muito bom, chegando a ser atípico, com o 'boom' imobiliário e muita especulação. Mas 2011 também foi bom, embora não tanto quanto 2010. Para 2012, teremos um crescimento desacelerado, chegando entre 4% e 5%, no entanto, estamos acompanhando a economia do país. E é por este mesmo motivo que 2013, com melhores perspectivas econômicas para o PIB, teremos um crescimento moderado, contudo, firme e positivo.
JP - Qual foi o grande gargalo para a construção civil em 2012?
FÁBIO SINVAL - O grande gargalo deste ano foram as dificuldades para obtenção de licenças. Levamos de seis meses até um ano, em média, para retirarmos a licença ambiental e o Alvará de construção. Na minha análise, isto não está relacionado à negativa das secretarias responsáveis, mas porque a burocracia é muito grande. Na verdade, o quadro de funcionários é muito restrito. Atualmente, apenas uma pessoa pode assinar um Alvará na Prefeitura Municipal. Precisamos montar uma estrutura compatível à demanda de 730 mil pessoenses.
JP - E com relação ao problema de falta de mão de obra qualificada?
FÁBIO SINVAL - A verdade é uma só: nós não estamos formando mão de obra suficiente para a demanda da construção civil em João Pessoa. É preciso que se faça um trabalho em conjunto com Sesi e o Senai para suprirmos essa necessidade da capital. Contudo, deveremos, ainda, achar alternativas para o setor, utilizando mais equipamentos, mais tecnologia e menos mão de obra.
JP - Para os próximos anos, o que muda, em termos de tecnologia, para as novas construções de João Pessoa?
FÁBIO SINVAL - Veremos mais utilização de 'drywall' (estruturadas em gesso), de estruturas mais modernas – como se faz nas grandes economias. Sairemos da nossa construção que ainda é muito artesanal, apesar dos avanços, para estruturas com alternativas de indústria.
Poderemos ver ainda mudanças na fundação dos edifícios, inclusão de itens de sustentabilidade, a exemplo dos painéis fotovoltaicos e da energia eólica. Além disso, gastaremos mais tempo com os projetos, utilizando o apoio de softwares, para termos uma obra mais rápida, mais segura e sem atropelos.
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