Imóvel de JP é o 7º mais caro entre as capitais

Conquistar a casa própria vem se tornando um desafio amargo para os moradores da cidade de João Pessoa. Isso porque a cidade tem um dos metros quadrados mais caros do Brasil, superando cidades de grande porte como Salvador, Fortaleza e Curitiba, que têm a densidade populacional quase três vezes maior que a capital paraibana.

Dados do portal Agente Imóvel, órgão que monitora mensalmente o preço de imóveis à venda no país, revelam que, apesar da queda em 0,55% em relação ao mês de julho, o metro quadrado em João Pessoa atingiu R$ 4.675 em agosto deste ano, com preço médio de aproximadamente R$ 405 mil por imóvel. No comparativo com outras capitais brasileiras, o preço do metro quadrado é o sétimo mais caro do país.

2º MAIS CARO DO NE

Entre as capitais do Nordeste, o preço do metro quadrado da capital paraibana perde apenas para Recife (R$ 4.888). A cidade de Salvador, por exemplo, que teve alta de 0,78% no preço do imóvel, tem o metro quadrado a R$ 4.277, enquanto a mesma metragem em Fortaleza, com alta de 2,32%, sai por aproximadamente R$ 3.876. No país, a média foi de R$ 5.450/m².

O executivo do Agente Imóvel, o sueco Johan Jonsson, explicou que a pesquisa tem abrangência sobre os mais variados tipos de imóvel, por isso tende a ser um termômetro de grande representação acerca do custo dos imóveis pesquisados. “Nós trabalhamos com peças anunciadas pelas empresas. Analisamos apartamentos, casas, condomínios e até quitinetes. Estudamos a base de preços anunciados pelas empresas situadas nas cidades com maior relevância imobiliário no país”, disse.

De acordo com o executivo, a cidade de João Pessoa tem forte ascensão na valorização do imóvel, por isso encabeça a lista das capitais com o metro quadrado mais salgado do país.

“Há cerca de dois anos João Pessoa se destaca pelo seu crescimento imobiliário, tomando a frente de cidades fortes, como Fortaleza. O ritmo da região Nordeste como um todo vem deixando o Sul do país para trás e a tendência é que essa valorização seja mantida por todo o ano”, explicou Johan Jonsson.

No comparativo com as capitais da região Sul do país, o contraste é alto. A cidade de Curitiba, capital do Paraná, considerada uma das cidades mais caras para se viver, tem o metro quadrado 35,15% abaixo do encontrado em João Pessoa. Lá, o preço do metro quadrado gira em torno de R$ 3.459. O valor também é menor em outras capitais da região, como Florianópolis (R$ 4.022) e Porto Alegre (R$ 4.435).
CUSTO ABARCA 50%

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon – JP), Fábio Sinval, explicou que a alta dos preços na capital paraibana é resultado dos custos que enfrentam os construtores da cidade.

“O que está em questão é o custo básico. Aqui em João Pessoa o preço do terreno é muito alto. Em média, 50% do valor da obra é para custeio do terreno, isso faz com que o custo básico da obra fique muito caro”, disse.

De acordo com Sinval, além do preço do terreno, a mão de obra na cidade não acompanha o volume demandado pelas construções, o que acaba encarecendo o preço dos empreendimentos.

“O impacto da escassez de mão de obra qualificada é muito alto. Os prédios hoje são construídos aos moldes de grandes clubes e isso demanda qualificação, que não é fácil de ser encontrada na Paraíba. Acaba que a mão e obra gera impactos significativos no custo básico dos imóveis”, explicou o presidente do Sinduscon-JP.

METRO QUADRADO NA ORLA CHEGA A R$ 4.931

Na orla de João Pessoa, o preço médio do metro quadrado dos imóveis novos já vendidos subiu 3,16% no primeiro semestre deste ano, segundo pesquisa realizada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP). O metro passou de R$ 4.780,65, em dezembro de 2012, para R$ 4.931,89, em junho deste ano.

Já o metro quadrado geral da capital paraibana subiu um pouco mais (3,93%), passando de R$ 3.174,54, em dezembro de 2012, para R$ 3.299,46, em junho deste ano. De acordo com Fábio Henriques, tecnólogo responsável pela consolidação dos dados, o aumento é consequência do valor agregado das construções em João Pessoa, que costumam dispor de materiais com maior qualidade, comparado com os outros Estados analisados.

“Estamos passando por uma revolução nas construções. João Pessoa tem os imóveis com maior qualidade do país. Comparando com Salvador, por exemplo, lá se usa pouco revestimento nos prédios. Aqui, a maioria dos prédios tem pastilhas de alta qualidade. Isso aumenta o custo do imóvel, mas também seu valor agregado”, explicou Fábio Henriques.

Além da orla paraibana, outras regiões da cidade vêm mudando a forma de se construir empreendimentos. “Os imóveis na praia sempre tiveram maior valor agregado, mas percebemos mudança em diversos bairros. O Altiplano, por exemplo, é um dos bairros mais bem planejados de João Pessoa e hoje tem seu valor reconhecido. O Valentina, que é vizinho do Altiplano, também vai se valorizar ainda mais, porque tudo que chegar em um bairro vai refletir no outro”, disse.

Segundo Fábio Henriques, a transformação será forte nos bairros da zona sul da cidade, que passará a dispor de empreendimentos cada vez mais grandiosos. “O bairro dos Bancários é hoje um dos exemplos dessa mudança na construção. O bairro já passa – e vai continuar passando – por uma verticalização. O bairro não comporta mais prédios pequenos, sem elevador. As construções no bairro vão seguir o modelo de bairros próximos à praia, que são mais altos e modernos”, disse.