ECONOMIA
Inflação faz tradicional arroz com feijão virar 'artigo de luxo'
Reajustes de até 40,76% deixaram a 'refeição nossa de cada dia'- o tradicional arroz, feijão e carne- bem menos acessível à população. Maior alta foi do feijão.
Publicado em 07/02/2016 às 8:05
Já se foi o tempo em que o tradicional prato feijão com arroz era a refeição mais acessível para a maioria das famílias paraibanas. Devido aos fatores climáticos, elevação cambial e sazonalidade estes produtos tiveram forte alta nos últimos meses. No acumulado do ano passado, o feijão sofreu reajuste médio de 40,76% em João Pessoa, maior oscilação dos 12 alimentos pesquisados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos na Paraíba (Dieese-PB). O arroz subiu 15,35%. Para acompanhar os grãos, podemos citar o preço da carne bovina, que expandiu 10,68% no período. Os três itens mais consumidos pelas famílias diariamente subiram mais que a média da inflação, que ficou em 10,67%
Considerando os números divulgados pelo Dieese-PB e pelo Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da Paraíba (Ideme), o preço médio do quilo do feijão saiu de R$ 3,68, em 2014, para R$ 5,18 no ano passado. A variação do preço do quilo do arroz foi de R$ 2,41 para R$ 2,78, enquanto o aumento do valor do quilo da carne bovina passou de R$ 19,38 para R$ 21,45.
Considerando a metodologia do Dieese e Ideme, que consideram que uma família composta por dois adultos e duas crianças que consomem mensalmente 4,5 quilos de carne; 4,5 quilos de feijão e 3,6 quilos de arroz, o custo destes três itens subiu 15,46% em um ano.
GASTO MÉDIO NO MÊS
O preço desta mini feira para essa tamanho de família com apenas esses três itens passou de R$ 112,44, em 2014, para R$ 129,83, no ano passado.
Dependendo do tamanho da família e do consumo médio nos três itens, o gasto pode ser bem mais expressivo.
EXPLICAÇÕES
O economista e supervisor técnico do Dieese-PB, Renato Silva, lembrou que a estiagem do início do ano, os elevados volumes de exportação e os altos custos do boi magro e do bezerro encareceram a reposição do produto. Com relação ao feijão, a queda na oferta dos principais produtores do país (Paraná, Minas Gerais, Goiás e São Paulo), causada por efeitos climáticos, tem feito com que esse produto chegue bem mais caro na mesa do consumidor paraibano.
O economista lembrou que ao longo do ano passado os produtores estiveram retraídos na produção do arroz aguardando as melhores cotações cambiais, passando a comercializar o produto à medida que precisavam “fazer caixa”. Por isso desde julho de 2015 os compradores começaram a pagar valores mais altos na aquisição do grão, para garantir a demanda interna e externa. “A chuva que atingiu a parte Sul do país no início de 2016 prejudicou muitas lavouras da região, fazendo com que o arroz e o feijão também ficassem mais caros. As fortes chuvas prejudicaram as lavouras do Paraná, principal fornecedor de feijão do Brasil e o excesso de umidade também reduziu a oferta do arroz”, completou Renato Silva.
Saiba mais
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que sete em cada 10 entrevistados comem feijão pelo menos cinco dias por semana. A telefonista Suzy Elady da Silva, por exemplo, confessou que não dispensa o arroz e feijão na alimentação diária. “Mas em tempos de inflação reduzo a quantidade desses produtos ou evito o consumo de outros alimentos mais caros”.
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