ECONOMIA
Lojas de grife migram para bairros populares
O poder de compra da classe C atraiu lojistas e novos empreendedores para os bairros considerados emergentes.
Publicado em 02/06/2013 às 11:00 | Atualizado em 13/04/2023 às 18:08
Moradores de bairros populares de João Pessoa já podem contar com lojas, algumas de marcas de grife, já consolidadas no eixo Centro/praia. Essa migração do comércio vem sendo uma tendência nas grandes metrópoles do país e em João Pessoa veio também para ficar.
Bairros como Mangabeira, Geisel e Cruz das Armas já contam com estabelecimentos antes apenas no Centro da capital ou bairros de maior poder aquisitivo. O surgimento da classe C acelerou a migração de lojas. O poder de compra atraiu lojistas e novos empreendedores para os bairros considerados emergentes e com oportunidade de negócios.
O bairro de Mangabeira é, de longe, o que mais reúne lojas dos mais diversos segmentos no seu comércio local. As lojas como Arezzo e a Glamour, bem como outras centenas de unidades do setor de vestuário, sapatarias, joalherias, perfumarias e estabelecimentos eletro/eletrônicos, movelarias formam um vasto leque de opções de compras para os consumidores do bairro mais emergente da capital.
“Gosto do comércio de Mangabeira. Como sou consumista, agora encontro tudo mais perto de casa e aqui o comércio é vasto e tem muita variedades. Vou casar no final do ano e já sei em qual loja do bairro vou alugar meu vestido de noiva”, afirmou a estudante Eloísa de Silva Barbosa, 20 anos.
Para o economista Rafael Bernardino, a explicação para que esses empreendimentos estarem se deslocando cada vez mais para bairros mais populares de João Pessoa pode se resumir em três principais motivos: maior poder aquisitivo da classe C; a comodidade que o cliente busca na hora da compra e densidade populacional dos bairros. “Nos últimos anos, o salário mínimo tem sofrido aumento acima da inflação que, por sua vez, está relativamente estabilizada. Isso cria ganhos reais às comunidades da Classe C. Vale lembrar ainda as facilidades que existem hoje na compra através de crediário”, afirmou.
Segundo Bernardino, os empreendimentos instalados em bairros de periferias são sustentáveis, mesmo considerando que vai se chegar um certo estágio de que o consumo desta demanda reprimida vai sofrer redução. “O negócio é sustentável nestes locais porque a população estará sempre em crescimento. Vai se chegar o ponto em que haverá uma acomodação nas compras”, frisou Bernardino.
Com o maior poder aquisitivo, o consumidor só tende a comemorar a fase. A diarista Ozaneide da Conceição Alves disse que agora pode ir até a pé para o Armazém Paraíba, instalado no bairro do Geisel. “Não tinha muito para ir até a loja do Centro. Agora posso até vir aqui no intervalo do trabalho”.
As lojas que migram para bairro fora do Cento e Orla de João Pessoa atendem não só os moradores locais, mas também comunidades que ficam no entorno do bairro. Este é o caso do gerente industrial Pedro Almeida, que reside no Bairro das Indústrias, mas vai fazer compras na loja do Armazém Paraíba situada no bairro do Geisel. “De onde moro para a loja é cinco minutos de carro, bem mais perto do que o centro da cidade. Ganho mais tempo e economizo no combustível vindo aqui”.
Já o encarregado de uma distribuidora, Domiciano dos Santos Lira, que reside no bairro dos Funcionários, disse que costumava comprar no comércio de Mangabeira. “Mas como estão surgindo algumas lojas no Geisel prefiro vir para cá porque é mais perto da minha casa”, disse.
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