ECONOMIA
Malha aérea pode atrasar NE
Para o turismo crescer no Nordeste é preciso desenvolver malha aérea, diz secretário-executivo do CTI-NE, Roberto Pereira.
Publicado em 06/11/2013 às 6:00 | Atualizado em 18/04/2023 às 17:51
Investir em políticas que desenvolvam a malha aérea nordestina, interligando seus estados, é fundamental para que o Nordeste se torne atrativo tanto para os turistas brasileiros como estrangeiros. Quem defendeu a afirmação foi o secretário-executivo da Fundação Comissão do Turismo Integrado do Nordeste (CTI-NE), Roberto Pereira, que esteve ontem na Paraíba lançando o projeto Curta Nordeste, na sede da Empresa Paraibana de Turismo (PBTur).
De acordo com o representante da CTI-NE, se não melhorar sua aviação comercial, o Nordeste vai ficar para trás das demais regiões. “Alguma coisa mais significativa tem que ser feita para que a malha aérea receba estímulos, tem que melhorar, sob pena de ficarmos 'capengas'. Não se pode, por exemplo, não termos mobilidade para sair de uma capital nordestina para outra. Se você quer ir para Fortaleza tem que ir em Brasília. Uma viagem que deveria durar 40 minutos vai durar 6 horas. Isso é incompreensível, inadmissível e inexequível, se quisermos dar ao turismo um sentido profissional”, disse Roberto Pereira.
Para o secretário-executivo do CTI-NE, alguns Estados do Nordeste já têm adotado medidas para estimular a aviação comercial da região, como a redução da isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre o querosene, um dos principais motivadores da alta do preço das passagens. “O CTI Nordeste ainda está discutindo o apoio a redução de ICMS sobre aviação. Eu pessoalmente apóio. O Ceará, por exemplo, já reduziu o tributo de 25% para 7% e vem apresentando bons resultados. É um fator de incentivo, sem dúvidas”, disse Roberto Pereira.
Na Paraíba, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, o preço das passagens aéreas teve alta de 17%, fator que contribui para a diminuição do fluxo de passageiros no aeroporto Presidente Castro Pinto, Região Metropolitana de João Pessoa, que já acumula entre janeiro e setembro deste ano queda de 1,79% em passageiros.
Além do ICMS cobrado sobre o querosene de aviação no Estado (17%), a escassez de oferta de voos também encarece o preço das passagens, conforme explicou Roberto Pereira.
“Quanto maior a oferta de voos, menor o preço da passagem.
Uma maneira de atrair as companhias para a Paraíba seriam os incentivos fiscais. Fora isso, equipamentos como o Centro de Convenções também tendem a ser chamarizes para o turismo, por isso acredito que em breve as empresas vão estar mais presentes no destino João Pessoa”, disse o secretário-executivo do CTI-NE.
PBTUR QUER ATRAIR COMPANHIAS MENORES
A presidente da Empresa Paraibana de Turismo (PBTur), Ruth Avelino, confidenciou que a malha aérea do Nordeste precisa ser amadurecida. “Temos feito uma série de reuniões com a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) para desenvolver mais nossa aviação, esta é uma luta dos governos dos Estados nordestinos. Hoje viajar pelo Nordeste não é fácil, é muito complicado se deslocar entre os Estados”, disse.
De acordo com Ruth Avelino, a PBTur vem traçando estratégias para solidificar a tímida malha aérea paraibana. “Nosso objetivo é fazer com que companhias pequenas, como Trip, Noar e Passaredo, passem a fazer rotas no Estado, ligando cidades como Campina Grande à Caruaru. Mas percebemos que é um problema nacional, as companhias aéreas estão retirando voos de todos os Estados do país, então temos que lutar para incrementar a malha aérea regional”, disse.
A urgência também é para atrair voos do exterior para o Estado, tendo em vista que, apesar do nome, o Aeroporto Internacional Presidente Castro Pinto não oferta voos internacionais, ou seja, todo turista que deseja visitar a Paraíba precisa passar por outras cidades antes.
“Não temos voos internacionais, apesar de termos um aeroporto internacional. Já fretamos voos para fora do país nos anos 90, estamos lutando por um fretamento na Argentina e Portugal, mas nada de concreto”, disse.
DESAFIO AINDA É 'DESTINO PARAÍBA'
Apesar da necessidade, Ruth Avelino acredita que, antes de atrair as empresas aéreas ao Estado, é necessário popularizar a Paraíba no país e fora dele.
“ Isso é tudo uma questão de mercado. Ninguém vai colocar voo internacional na Paraíba se o voo não estiver cheio de passageiros. Nós estamos fazendo trabalho para divulgar a Paraíba lá fora, trabalhando forte com publicidade na Argentina e Portugal. Precisamos colocar a Paraíba na cabeça das pessoas, assim como já está consolidado o Rio de Janeiro, Salvador, Búzios. A Paraíba ainda é muito desconhecida, então estamos trabalhando para mudar isso”, disse.
A presidente da PBTur disse ainda que a reforma no Aeroporto Internacional Presidente Castro Pinto, na Região Metropolitana de João Pessoa, deve incentivar a vinda de companhias aéreas para a cidade. “Nosso fluxo internacional de passageiros vem todo de Recife e Natal. Acredito que isso vá mudar, pois nosso aeroporto vai passar por uma reforma, com um novo terminal de passageiros e pistas ampliadas. Será anunciado pela Infraero muito em breve e acreditamos que com esse novo aeroporto, maior, mais amplo e equipado, a gente possa atrair as companhias”, disse Ruth Avelino, que não precisou quando começará a reforma.
Outro dispositivo de fomento ao turismo no Nordeste, segundo Ruth Avelino, é o projeto Curta Nordeste, que pretende divulgar e interligar os Estados da região.
“O projeto congrega todos os nove Estados nordestinos. A ideia é estimular o turismo regional, otimizando a qualidade de atendimento da região. O projeto comporta uma série de ações que divulgam a região em mídias impressa, aplicativos de celular, ações nas redes sociais, entre outras”
FLUXO DE TURISTAS NO LITORAL DEVE CRESCER 5% NO VERÃO
Mesmo com economia desacelerada e alta no preço das passagens aéreas, a Paraíba deve crescer em pelo menos 5% o fluxo de turistas no verão 2014, é o que acredita a presidente da PBTur, Ruth Avelino. “As expectativas são as melhores. Tivemos um mês de outubro com hotéis lotados quase o mês inteiro. Já estamos com um turismo aquecido e nossa expectativa é que da última semana de dezembro até fevereiro a gente tenha um fluxo alto de turistas”, prevê.
A presidente da PBTur explicou ainda que, apesar do alto volume, a rede hoteleira paraibana vai estar preparada para receber os turistas. “Os nossos leitos vão dar conta. Em janeiro tem um 'boom' na procura no Nordeste inteiro, período em que a região fica mais cara. Todo mundo gosta de verão, gosta de sol e gosta de praia. Mas ainda assim teremos espaço para todos no Estado”, disse Ruth Avelino.
Comentários