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ECONOMIA

Mecanização cresce no campo

Dados da Rais mostram que o setor da agropecuária na Paraíba registrou declínio de 10,84% nos postos de trabalho no período, nos últimos cinco anos.

Publicado em 23/10/2011 às 6:30

A mecanização nas colheitas de cana-de-açúcar coloca em xeque cerca de 30 mil trabalhadores do setor sucroalcooleiro na Paraíba. Para cumprir a legislação ambiental que pede o fim da queima de cana para o corte manual, até 2017, todas as áreas passíveis terão corte mecanizado. O problema é que nem os empresários do setor, órgãos trabalhistas ou governo do Estado sabem qual será o destino dessa legição para os trabalhadores.

Dados da Rais mostram que o setor da agropecuária na Paraíba registrou declínio de 10,84% nos postos de trabalho no período, nos últimos cinco anos. Em 2006, havia 15,8 mil postos com carteira assinada, caindo para 14,1 mil para 2010.

Apesar do panorama preocupante, poucos trabalhadores se mostravam preocupados com as mudanças que vão entrar em vigor daqui a seis anos.

O trabalhador Edmilson Gomes da Silva, 49 anos, que trabalha há 16 anos na colheita da cana-de-açúcar em Santa Rita, na Grande João Pessoa, diz que já ouviu falar que a mecanização pode fechar alguns postos de trabalho, mas que nem ele nem outros trabalhadores estão preocupados.

Com salário de R$ 1,5 mil para sustentar a família com cinco filhos, Silva não sabe qual será o seu destino.

“Se não tiver emprego, vou ter que arrumar outro jeito de manter a vida”, explica o agricultor, que não tem experiência em outras atividades e estudou até a 4ª série.

Com um grau de escolaridade semelhante, Romero Gonçalves, 36, também mora em Santa Rita com a mulher e uma filha. Assim como Edmilson, Romero diz que não tem medo de ficar desempregado, e que trabalhava com gado no interior do Estado quando decidiu trabalhar com cana, há seis anos.
“O dinheiro é melhor, paga mais do que a criação de gado, mas se não tiver mais vagas, vou ter que trabalhar com outra coisa”, relata. O ex-ajudante de pedreiro Wilson José da Silva, 25, largou os canteiros de João Pessoa há cinco anos para buscar seu sustento em Santa Rita, onde mora e trabalha. “Estudei até a sexta série. Se não der aqui, volto a trabalhar com construção civil”, diz o agricultor.

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Paraíba (Fetag-PB), Liberalino Ferreira, ouvindo os depoimentos dos agricultores, disse que a situação é muito complexa, e que ninguém está dando a devida atenção ao problema.

“Em São Paulo, onde a mecanização já está mais difundida, há mais de 50 mil trabalhadores desempregados. Aqui na Paraíba já temos nove máquinas trabalhando, o que já vem tirando trabalhadores do campo. É uma situação crítica, e ainda sem solução”, explica.

A Paraíba já teve cerca de 70 mil trabalhadores rurais no ciclo do açúcar e do álcool. De acordo com a Fetag, cerca de 35 mil pessoas trabalham na colheita da cana atualmente, e esse número pode cair 90% antes de 2017, com a mecanização da colheita. “Os usineiros falam em preparar a mão de obra, mas vão preparar pra quê? Para trabalhar na colheita mecanizada, uns seis mil trabalhadores podem ser aproveitados, qualificados pra isso, e o resto?”, questiona Liberalino.

O presidente da Fetag lembra que os empregos no campo já haviam sofrido com o fechamento de empresas que produziam abacaxi no Estado, e que os trabalhadores rurais deveriam ser qualificados para produzirem outras lavouras, com agricultura familiar.

"Mas também temos que pensar que essa qualificação pode não ser tão útil, já que o setor sucroalcooleiro ocupa terras que serviriam para culturas brancas, para pequenas lavouras”, critica.

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Jornal da Paraíba

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