ECONOMIA
Mercado de trabalho em baixa
Quando comparado com o mesmo período do ano passado, número de empregos no comércio e na construção civil despencou.
Publicado em 27/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:21
Nem os setores que anualmente lideram vagas na Paraíba vêm conseguindo ter performance satisfatória no número de novos empregos. No acumulado de janeiro a julho deste ano, a construção civil registrou saldo negativo em 162 postos (diferença de 22.926 desligamentos contra 22.764 admissões). Já o comércio contou com saldo positivo de 496 postos, mas o varejo ficou com um saldo bem aquém ao longo dos sete meses com saldo de apenas 36 postos. Outras 459 vagas foram criadas pelo segmento atacadista.
Quando comparado com o mesmo período do ano passado, nota-se que o número de empregos nestes dois setores despencou de forma significativa. Entre janeiro e julho de 2012, a construção civil liderava o saldo de empregos no Estado, acumulando 3.406 postos, enquanto o setor de comércio também respirava tranquilo com saldo de 1.339.
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Construção de João Pessoa (Sinduscon-JP), Fábio Sinval, os números são explicados por um conjunto de fatores, que alteram o cenário dos empregos estaduais do setor. “Na verdade o que percebemos é que no mercado continuam faltando empregados, mas se precisa de profissionais qualificados. Hoje, a construção civil está passando por uma evolução, com mais equipamentos e menos mão de obra pesada, isso faz com que menos trabalhadores 'braçais' sejam contratados”.
O representante do setor informou ainda que os empregadores vêm constatando que muitos trabalhadores optam pela saída do emprego, visando os benefícios trabalhistas. “Com seis meses de trabalho, muitos dos empregados forçam a demissão, para ficar recebendo do seguro desemprego”, disse.
Segundo Fábio Sinval, os números do faturamento mostram que o mercado da construção civil continua aquecido na Paraíba, na comparação entre janeiro e julho de 2012 e 2013. “Fechamos o primeiro semestre do ano com crescimento de 9,91% em volume de vendas. Esperamos fechar o ano com crescimento de pelo menos 5%, porque não adianta lançar muitos produtos no mercado e a economia como um todo não acompanhar a velocidade”, explicou o presidente do Sinduscon-JP.
Em Campina Grande, a perspectiva de crescimento nas vendas deste ano é a mesma (5%), mas o déficit dos empregos formais no setor foi ocasionado por razões diferentes. “Houve forte desaceleração nas obras do Programa 'Minha Casa, Minha Vida'. Eram construções que tinham de 500 a 2.000 funcionários.
Desde janeiro elas estão sendo concluídas, por isso ocorrem as demissões”, disse Lamir Motta, presidente da Indústria de Construção da Paraíba (Sinduscon), que representa Campina Grande e o interior do Estado.
DEMISSÕES CRESCEM EM SETE MESES
Além de baixo de dinamismo na economia que afetou a criação maior volume de emprego, os setores da construção e comércio que lideram o saldo do emprego tiveram crescimento de desligamentos este ano. As demissões na construção passaram de 18,661 mil postos de janeiro a julho do ano passado para 22,926 mil trabalhadores no mesmo período este ano, o que representa um crescimento de 22,85% ou 4,265 mil trabalhadores a mais desligados em 2013. Já as admissões da construção civil cresceram apenas de 22.067, em 2012, para 22.764, em 2013, alta de apenas 3,15% este ano ou só 697 postos a mais de admissões sobre o ano passado.
O comércio também registrou crescimento de 6,35% em desligamentos este ano sobre o ano passado. Os desligados nos sete meses deste ano somaram 22.322, ou 1,333 mil a mais de desligados (de 20.989, em 2012, para 22.322, em 2013)
Para o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado da Paraíba (FCDL-PB), Artur Melo de Almeida, o baixo desempenho em contratações segue o atual cenário econômico do país. “As Micro e Pequenas Empresas (MPEs) estão com dificuldades em bancar os custos. Este ano a economia está diferente de anos anteriores, o ritmo está abaixo do que se espera. Além disso, a alta carga tributária vêm obrigando as MPEs a cortar gastos, o que acaba gerando demissão dos trabalhadores e impedimento de expansão dos negócios ”, explicou. (Especial para o Jornal da Paraíba)
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