MERCADO EM MOVIMENTO
Geopolítica: o assunto que pesa no seu bolso
O "cenário político global" se manifesta em cada litro de gasolina no tanque, em cada compra de pão na padaria e até no preço do celular.
Publicado em 05/09/2025 às 11:50 | Atualizado em 05/09/2025 às 12:24

Há quem prefira mudar de assunto quando se fala em geopolítica. Age como se fosse um debate distante, restrito apenas a diplomatas engravatados em conferências internacionais. Não é bem assim. O chamado "cenário político global", sempre movido a tramas complexas em lugares distantes, se manifesta, quer você interesse ou não, em cada litro de gasolina no tanque, em cada compra de pão na padaria e até no preço do celular que você carrega no bolso.
Veja a guerra entre Rússia e Ucrânia. O conflito pode parecer que está restrito ao outro lado do mundo , mas aqui ele pode chegar na bomba de combustível. Petróleo mais caro significa gasolina mais cara. E, quando o frete, por tabela, encarece, a conta chega na feira, no supermercado e até na passagem de ônibus de cada dia. Para completar, como o Brasil depende do fertilizante russo, o enxame de drones e mísseis lá acaba por encarecer a soja, o milho e até mesmo o pãozinho do café da manhã. É a prova de que guerra alheia também sangra o bolso do brasileiro.
E o que dizer dos Estados Unidos? Quando o Federal Reserve, uma espécie de Banco Central deles, insiste em juros altos, não é só o americano médio que sente. Hurry up, moçada! O capital internacional corre para os cofres de Washington e foge de países emergentes, como o Brasil. O resultado é o dólar nas alturas. E dólar caro não é só problema para quem vai viajar: encarece remédio, carro importado e qualquer produto que dependa de peças ou insumos estrangeiros. Se isso ainda não lhe abala, note que os tarifaços de Trump devem significar perdas consideráveis nas exportações de empresários à esquerda e à direita.
Outro exemplo está nos mares. Ondas de ataques no Mar Vermelho, ligados à guerra no Oriente Médio, obrigam navios a desviar rotas. Isso acaba aumentando o tempo do trajeto e encarecendo o frete. Quem paga a conta? Você, que vai perceber o aumento no preço de um determinado produto, mesmo que não tenha conhecimento de lado fica o Iêmen.
Nos tempos de hoje, em que alianças entre potências projetam um mundo multipolar, não dá para tratar a geopolítica como “coisa de longe”. Diante da conjuntura internacional em que a pressão econômica substitui confrontos militares diretos, já há quem se refira a esses tempos atuais como "a era da geoeconomia". Seus efeitos não estão só na padaria, como também no financiamento da sua casa, no crédito para sua empresa. Se ligue no que acontece lá fora, ou siga andando no escuro pela estrada acidentada da economia global.
Há uma semana, edição especial do evento "O Poder do Saber", do Manaira Shopping, reuniu dois ótimos comentaristas de política internacional, convidados pela Rede Paraiba, Guga Chacra e Marcelo Lins. Ambos, nomes bem familiares para quem acompanha a grade da GloboNews. Para a plateia que esteve no evento, foi a oportunidade de ouvir deles próprios uma dura verdade nesses tempos de solavancos e sopapos no terreno da globalização. Ignorar a geopolítica é um luxo que o brasileiro não pode se dar. Porque, gostemos ou não, o mundo manda a conta.
Comentários