ECONOMIA
Milho mais caro reduz lucro
Mesmo com alta no valor do cereal, os comerciantes não perderam a esperança de movimentar o comércio no período junino
Publicado em 03/06/2012 às 15:37
A festa mais esperada do ano para muitos paraibanos, o São João, ainda vai movimentar um pouco a economia do Estado, apesar da estiagem que comprometeu o cultivo do milho no Sertão da Paraíba, fazendo com que o grão aumentasse de preço no mercado. Mesmo com a alta no valor do cereal, a expectativa dos comerciantes é que a tradição junina ainda contribua para movimentar um pouco as vendas de comidas típicas no período.
Os pequenos comerciantes do cereal ainda estimam um aumento, na semana que antecede os festejos, no preço da 'mão' do milho, que deve passar de R$ 20 para até R$ 50, uma elevação de 150%, embora a maioria dos vendedores entenda que um aumento exagerado pode acabar assustando os consumidores.
Trabalhando na Feira Central de Campina Grande há 50 anos, a vendedora Francisca Melo, 68 anos, disse que este ano, a única cidade que ainda produz o milho na Paraíba é Boqueirão, na região da Borborema.
“O milho que compramos vem de lá e de outros municípios pernambucanos, como Limoeiro do Norte e Ibimirim, em alguns casos a gente chega a pagar até R$ 1 mil de frete. Eu acho que Boqueirão só está vendendo porque as plantações são irrigadas e não dependem de chuva”, contou.
Francisca Melo informou que por causa do aumento no preço dos fretes, o milho também teve um acréscimo no seu valor nas últimas semanas, passando de R$ 15, a 'mão' (equivalente a 52 espigas), para R$ 20, valor praticado atualmente.
“Ano passado o milho vinha de mais perto, de cidades do Brejo, como São Sebastião de Lagoa de Roça ou Alagoa Nova. Eu consegui vender quatro mil 'mãos' de milho na semana do São João, o que eu acho muito difícil de conseguir este ano”, lamentou.
A cozinheira Elza Santos, 58 anos, que trabalha há 20 anos produzindo pamonhas, canjicas e bolos de milho, está ainda mais pessimista com relação às vendas de junho. Segundo ela, o preço da pamonha e canjica passou de R$ 2, para R$ 2,50; já o bolo de milho teve um aumento de R$ 6, para R$ 8. Ela contou que chegou a comprar por R$ 12 a 'mão' do milho, em 2011.
“A situação está horrível, já cansei de explicar para os clientes o motivo do aumento. Por enquanto, não está tão caro, mas se o milho estiver muito difícil nas vésperas da festa, a 'mão' do produto pode chegar a R$ 50. Milho não vai faltar, mas o preço é que vai ser um pouco salgado”, contou. Ela também disse que enquanto produziu cerca de 600 produtos típicos, nesta época no ano passado, este ano conseguiu produzir apenas 120.
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