ECONOMIA
Nordeste registra pior seca em 50 anos
Com a produção reduzida a 55.256 toneladas e o rebanho bovino mais afetado do Brail, Paraíba soma os prejuízos da estiagem.
Publicado em 29/03/2014 às 6:00 | Atualizado em 16/01/2024 às 15:08
Apesar das chuvas das últimas semanas, o Nordeste enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos. Segundo o relatório da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), os prejuízos chegam a US$ 8 bilhões de dólares (R$ 18,5 bilhões).
A situação caótica fez o Brasil entrar no mapa mundial de eventos climáticos extremos de 2013. Parte destas perdas são refletidas na Paraíba, que produziu apenas 55.256 toneladas de grãos em 2013, quando a safra normal seria de 300 mil toneladas.
O rebanho paraibano apresentou a maior baixa do país no efetivo bovino (28,6%) entre os anos de 2012 e 2011, passando de 1,354 milhão de cabeças para 967,067 mil. No mesmo período, a Paraíba também obteve redução na produção de caprinos (-18,6%) e ovinos (-16,30%). O Nordeste também registrou a maior queda (-4,5%) entre as regiões brasileiras.
Para se ter ideia do valor, o prejuízo na região Nordeste equivale a mais de duas vezes o orçamento total do Estado de Alagoas para o ano de 2014, que foi fixado em R$ 8,3 bilhões.
O presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado da Paraíba (Fetag), Liberalino Ferreira, afirmou que a situação no semiárido é preocupante, e as perdas do rebanho bovino atualmente chegam a 60%.
Os animais que restam estão abaixo do peso de abate. “Há 15 dias estava levando cana-de-açúcar e a casca do abacaxi para passar na forrageira e alimentar os animais. Quem não pode fazer isso perde o pouco que tem. Vivemos, em 2012 e 2013 as piores secas que eu presenciei”, destacou Liberalino Ferreira.
O presidente da Fetag contou que visitou este ano 180 municípios paraibanos e o que viu foi os maiores mananciais do Estado secos.
“Os açudes Coremas Mãe D'Água e Boqueirão estão com mais ou menos 30% de sua capacidade. As chuvas que caíram este mês, chamadas de veranico, estimularam os agricultores a plantar, mas há oito dias que não chove e se continuar assim eles podem perder suas lavouras”, destacou.
Segundo Liberalino Ferreira, os grãos que o governo federal prometeu aos nordestinos ainda não chegaram à Paraíba. Mas o Ministério da Agricultura e Pecuária informou que várias ações estão sendo implementadas para minimizar a situação do sertanejo.
Entre elas estão a Venda Balcão de milho disponibilizada aos produtores situados na região amparada pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) até 30 de junho. Ao todo, serão disponibilizados pelo programa até 490 mil toneladas de milho, com limite de aquisição por beneficiário de até 3 toneladas ao mês e preço de venda de R$ 18,12 por saca de 60 kg.
ESTIAGEM É A PIOR OCORRÊNCIA DO BRASIL
O mapa virtual elaborado com as piores ocorrências no planeta, aponta que a seca é o único evento extremo no Brasil. Por conta da estiagem, mais de 1.400 municípios decretaram emergência pela falta de água e precisaram ser abastecidas por carros-pipa.
Segundo a pesquisa "Produção da Pecuária Municipal", do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a região perdeu 4 milhões de animais em 2012. As chuvas de verão, porém, amenizaram a situação da seca este ano.
"Pelo segundo ano consecutivo, a região Nordeste do Brasil experimentou seca severa. A seca deste ano é considerada a pior dos últimos 50 anos. O Planalto brasileiro, região central da América do Sul, experimentou seu maior déficit de chuvas desde que os registros começaram, em 1979", diz o estudo.
A OMM cita que o governo precisou intervir com a distribuição de água e comida a sertanejos afetados. "O governo forneceu ajuda alimentar à população afetada em cinco dos nove Estados do Nordeste. Fontes de energia hidrelétrica foram ameaçadas, como barragens no Nordeste que encerraram dezembro de 2012 com apenas 32% da capacidade, abaixo dos 34% considerado suficiente para garantir o abastecimento de energia elétrica", aponta o relatório.
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