ECONOMIA
Nova Poupança rende até 14,54% a menos que antiga
Sucessiva redução da Selic fez com que a rentabilidade da poupança também caísse.
Publicado em 01/11/2012 às 6:00
Com a recente mudança no sistema de poupança, a rentabilidade dos novos depósitos feitos após o dia 3 de maio deste ano foi reduzida, em média, em 14,54%, quando comparado com a antiga poupança.
Com o índice mensal de 0,5% + TR (Taxa Referencial), os rendimentos gerados pelas contas dos antigos poupadores caiu para 0,4273% ao mês, somado à taxa referencial e ao correspondente a 70% da taxa Selic, esta última recentemente incluída na fórmula.
A sucessiva redução da Selic nos últimos meses, que está em 7,25% ao ano desde o último dia 10, fez com que a rentabilidade oriunda do investimento na poupança também caísse. Com o novo índice da Selic, essa rentabilidade deve chegar aos 0,4134% + TR no dia 11. “O maior problema da poupança hoje em dia é que ela está perdendo para a inflação, o que significa que se eu coloco R$ 100,00 na poupança em janeiro, não vou poder comprar a mesma coisa em dezembro. Os produtos estão encarecendo enquanto os investidores estão juntando dinheiro”, destacou a consultora de financiamentos da Futura Invest, Lívia Patriota.
Com a inflação oficial (IPCA) e a inflação de mercado (IGP-M) ainda em alta, tanto a rentabilidade do antigo modelo de poupança como a do novo estão com índices inferiores. Em setembro, por exemplo, o IPCA estava em 0,54%, enquanto o IGP-M fechou o mês em 0,94%. “Na realidade, a poupança sempre apresentou uma diferença muito pequena em relação à inflação, estando um pouco mais elevada ou um pouco abaixo.
Ela nunca foi o instrumento ideal para se ganhar muito dinheiro, a verdade é que a inflação impacta cada renda de forma diferente.
Depende muito do destino dado àquela quantia”, opinou o consultor em finanças pessoais Guilherme Baía, que destaca ainda a importância de procurar o acompanhamento de um profissional no momento de tomar decisões a respeito da renda.
“O ideal é que a pessoa procure um consultor de finanças pessoais que tenha vínculo com alguma instituição financeira. Só ele pode ter uma visão mais apurada a respeito de quais fundos de investimento podem ou não ser mais interessantes para o cliente de acordo com o seu perfil”, alertou.
Lívia ainda aponta a busca por outros fundos de investimento como uma forma de amenizar os efeitos da inflação sobre o sistema de poupança.
“Nossa sugestão é que o cliente procure o sistema de fundos de multimercado, que consiste no investimento em variadas estratégias, entre elas a Bolsa de Valores, títulos públicos e moeda. Como a pessoa não fica mais presa a apenas um modelo de investimento, é possível mitigar os riscos de sair no prejuízo”, recomendou, explicando que o sistema não exige que o cliente tenha uma alta quantia para investir. Segundo ela, os fundos de multimercado fecharam o mês na Futura Investimentos com uma rentabilidade de 1,3%, três vezes maior que o índice da poupança.
O especialista Guilherme Baía, no entanto, discorda. “O rendimento dos fundos de investimento de multimercado não é muito maior do que o promovido pela poupança, mas o principal problema é que é um investimento mais arriscado. Ao partir para fundos de renda variável, a pessoa passa a depender de muitos fatores, como a variação do dólar, de metais e de commodities.
No caso da poupança, o rendimento é uma linha horizontal, permanece o mesmo enquanto a Selic não mudar”, declarou Baía.
Com a rentabilidade da “antiga” poupança sendo superior à do novo modelo, a recomendação dos especialistas é de que o cliente parta para uma tentativa de renegociação das possíveis dívidas acumuladas. “Se eu pago 1,5% de juros em um empréstimo e se meu dinheiro está rendendo só 0,5% na poupança acabo saindo no prejuízo. Tendo em vista um cenário como este, a ideia é que o cliente tente buscar uma baixa nos juros, apresentando, se possível, alguma proposta feita por um banco concorrente”, concluiu Lívia.
APLICAÇÕES
No mês em que a Bolsa decepcionou e que os juros do governo desceram a 7,25%, os fundos de privatização que aplicam nas ações da Vale foram as melhores aplicações. Esses fundos subiram 4,62% seguindo a recuperação das ações da mineradora.
A chamada nova poupança rendeu 0,43% em outubro, permanecendo imbatível para os pequenos aplicadores que pagam taxas de administração acima de 1% (Da Folhapress).
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