ECONOMIA
Nova tendência do mercado, food trucks movimentam João Pessoa
Essas empresas sobre rodas vão onde o público está e divulgam suas 'paradas' via rede social. Grande vantagem desse negócio é a mobilidade.
Publicado em 25/10/2015 às 7:35
Sejam doces ou salgados, quentes ou gelados, a comida vendida na rua ganhou nova roupagem, profissionalizou-se e assim como ocorreu em terras norte-americanas (berço da ideia), chegou forte na Paraíba. O modelo food truck é uma tendência no Estado. Essas empresas sobre rodas vão onde o público está e divulgam suas 'paradas' (onde estarão atendendo) via rede social. Mas, diante da grande concorrência, o empreendedor precisa inovar para manter-se competitivo no mercado.
Os alimentos vendidos em veículos (carros, bicicletas, motos ou caminhões) que rodam os municípios da Paraíba e até extrapolam as fronteiras estaduais são o tema da segunda matéria da série 'Febre da Gastronomia'. “O grande diferencial é mesmo a inovação. O mercado está cada vez mais querendo algo diferente, moderno e de qualidade. Então, cada food bike ou food truck deve apresentar um produto inovador e de excelente qualidade”, enfocou a analista técnica no Sebrae Paraíba Marielza Rodriguez.
Mesmo quem já tem uma empresa física está aproveitando a 'onda' para expandir e aumentar o faturamento. Depois de trabalhar como vendedor de coxinha informalmente, Roberto Dias Júnior tornou-se Microempreendedor Individual (MEI) há cerca de 3 anos e implantou a lanchonete no bairro do Cristo Redentor. Mas há 2 meses decidiu levar o 'Playboy das Coxinhas' para os diversos bairros da capital.
“Com o food truck meu faturamento cresceu 40%. A coxinha é um dos salgados mais populares que conhecemos e para nos diferenciarmos temos uma receita própria da massa, feita com batatinha, iogurte e queijo. Nosso faturamento chega a R$ 45 mil todo mês e com a empresa sobre rodas atendo pessoas de vários municípios e também sou convidado para eventos”, contou Roberto Dias.
Ao todo são 25 sabores de recheio da coxinha, desde o tradicional frango até frutos do mar. O preço de cada produto varia conforme a ocasião. As vendidas nas ruas custam R$ 5 e o cento para eventos fica por R$ 80 (R$ 1,25 a unidade).
Mesmo tendo a unidade física da tradicional doceria Sonho Doce, em João Pessoa, Thiago Pimenta é outro empresário que aderiu à ideia. Juntamente com a esposa, Tammy Rafael Maia, ele colocou a SD Sobre Rodas nas ruas há cerca de um mês. Além de circular por cidades paraibanas como Campina Grande, já há planos para levar o caminhão para Pernambuco e Rio Grande do Norte.
A SD Sobre Rodas oferece desde massas até tortas. “Agora estamos mais perto do cliente. Divulgamos o local onde estamos pelas redes sociais e sempre convidamos outros trucks para ficar no ponto conosco, agregando valor. Já temos onze mil seguidores nas redes sociais”, confessou Thiago Pimenta.
Outro empreendedor que seguiu rumos semelhantes foi o MEI Henrique de Castro. Há três meses ele começou a circular em João Pessoa com o Plate Churros. O negócio deu tão certo que depois de um mês atuando em João Pessoa colocou o produto para ser vendido em outro transporte, um tuk-tuk (triciclo). E como a maioria dos comerciantes deste segmento, Henrique de Castro também levou novidades para os consumidores. “Além dos recheios diferentes como de carne de sol, o churro vem com uma cobertura”, revelou. O custo do produto varia de R$ 6 a R$ 12 (acompanha sorvete).
Saiba mais
O comércio sobre rodas, porém, não se restringe ao ramo da gastronomia. Segundo Marielza Rodriguez, do total de 70 trucks que existem em João Pessoa há uma que vende bijuteria e acessórios. É o 'Maria Maria', dos microempreendedores Agenor Cortez e Síntia Regina. O casal pernambucano, há 20 anos na Paraíba, montou o negócio oficialmente em 1º de setembro dentro de um furgão. “Somos pioneiros neste modelo de truck e os locais onde paramos são divulgados pelo Instagram. Nossas bijuterias são selecionadas e os preços variam de R$ 3,00 a R$ 20,00”, disse Cortez. Apesar do pouco tempo no mercado, os empresários já pensam em uma franquia.
Custo baixo vai estimular abertura
O baixo custo para a implantação é um dos fatores que estimula os microempreendedores a aderirem aos food trucks. Helen Rosi Barreto, por exemplo, pegou a famosa receita da vovó, incrementou e aplicou na Doce Empada, vendida sobre bike. Segundo ela, o custo mais acessível foi um elemento importante para a criação da empresa.
“Juntando a despesa da bicicleta, acessórios, equipamentos e o registro da marca gastamos pouco mais de R$ 6.000. Meu marido e eu somos estudantes e a partir de um projeto que ele fez para a faculdade, sobre food truck, decidimos investir neste ramo”, revelou Helen Rosi.
Há 5 meses no mercado, a microempresária já colocou a segunda bicicleta nas ruas e confessou que para conseguir crescer é necessário vontade e diferencial. “O negócio é promissor, agora quem deseja investir precisa ter coragem e criatividade”.
Com a Doce Empada, Helen Rosi trabalha de terça-feira a domingo e visita três locais diferentes por dia: dois diurnos e um no período da noite. O preço das empadas varia de R$ 4,00 a R$ 5,00.
Número de food trucks já chega a 70 em João Pessoa
A analista técnica do Sebrae Paraíba Marielza Rodriguez contou que uma das vantagens do negócio móvel é que ele pode ir onde o público está. Com isso a avaliação do mercado é feita diariamente, a cada parada em um bairro, município ou Estado. “Portanto o risco de perda do produto ou de fazer investimentos sem retorno é menor”.
Outro ponto favorável ao food truck é que a despesa para manter o estabelecimento é menor comparada aos custos de um ponto comercial fixo. Segundo ela, a estimativa é que em João Pessoa existam cerca de 70 negócios deste tipo, entre bicicletas, motos e caminhões.
O Sebrae, segundo a analista técnica, tem uma missão perante esse público. Existe um projeto de montar um cronograma de atividades de orientação e capacitação com os empreendedores de trucks. O objetivo é estimular os comerciantes a buscarem diferencial.
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