ECONOMIA
Novos 'vilões' do 2º semestre
Alta inflacionária sobre itens como leite, feijão preto, farinha e macarrão faz consumidores reduzirem compras.
Publicado em 10/09/2013 às 8:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 17:23
A alta inflacionária sobre os alimentos já elegeu os novos vilões no segundo semestre. O consumidor paraibano está gastando mais para comprar alimentos de consumo básico, como feijão e leite, além das massas como a farinha de trigo, obrigando o consumidor a diminuir o volume de compra das mercadorias. Segundo dados do Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado de janeiro a agosto deste ano, o valor desses produtos supera a média dos demais pesquisados, muitos com crescimento de mais de 20%.
Um dos alimentos mais presentes nos carros de compra, o leite longa vida já é encarado como o vilão da alta de preços, com crescimento de 24,94%, no comparativo de janeiro a agosto de 2012 e 2013. Quem pensa em substituir o produto pelo leite em pó pode ficar decepcionado. Isso porque o produto também apresentou significativo crescimento. No mesmo período, o aumento foi de 15,04%, superando o crescimento dos preços de outras bebidas, como café solúvel (4,65%), cerveja (5,28%) e até mesmo iogurte (7,36%).
Aliado à alta do leite, o preço da farinha de trigo também ficou mais alto, com elevação de 20,53% no acumulado do ano. Neste cenário, derivados dos dois produtos também ficaram com preços mais salgados, como por exemplo macarrão (10,92%), pão de queijo (10,59%), bolo (9,28%), pão doce (7,59%) e pão francês (7,75%). Por essa razão, a tendência é que o café da manhã do brasileiro fique mais magro nos próximos meses.
DONA DE CASA
A dona de casa Maria da Luz, que costuma comprar todo mês pelo menos um saco de farinha de trigo, pretende alterar o volume de compras nos próximos meses. “Eu sempre compro nas feiras. Já percebi que está mais caro. Antes eu comprava por no máximo R$ 2,50, agora o quilo já passa dos R$ 3,00. Por isso estou levando para casa uma quantidade menor que o normal”, disse.
De acordo com o economista Geraldo Lopes, do Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual (Ideme), o aumento nos preços é consequência da crescente alta do dólar, somado à baixa produção nacional. “Maior parte do trigo consumido no Brasil é importado. Com o atual preço do dólar, a tendência é que os produtos fiquem mais caros, pressionando o preço no mercado interno. Com relação ao leite, houve uma queda na produção brasileira. No Nordeste por conta da seca e no Sul por conta das geadas”, disse. Estados Unidos, Argentina e Canadá são os principais endereços de compra de trigo do Brasil.
Feijão e fava têm alta
Considerado um dos grãos prediletos do brasileiro, o feijão preto está na lista dos produtos com maior alta de preços no ano. Entre janeiro e agosto de 2013, a mercadoria elevou seu valor em 22,39%, segundo dados do IPCA. Por essa razão, os consumidores têm dado preferência ao seu principal “concorrente”, o feijão carioca ou mulatinho, que em agosto registraram queda, respectivamente, de 8,02% e 10,87%.
O gerente comercial do Bem Mais Supermercados, localizado no Jardim Cidade Universitária, Alexandre Fernandes, disse que o aumento nos preços tem assustado os clientes, mas as lojas estão em busca de disponibilizar ofertas para que o consumidor não deixe de levar seus produtos prediletos. “O volume de vendas cai, porque os clientes percebem a diferença dos preços. Se ele antes comprava feijão preto, ele vai dar preferência ao carioca, porque está mais em conta”, disse.
De acordo com Alexandre, quando o preço do feijão preto estava mais em conta, eram vendidos em média 50 fardos por semana, equivalente a 1,5 tonelada. Com o atual preço, a saída do produto é 80% menor, com dez fardos (300kg) sendo vendidos no mesmo período. Outro grão em alta, segundo o gerente do supermercado, é a fava, que teve seu preço elevado em 212%.
“Antes o consumidor comprava a fava por um preço médio de R$ 8,00. Hoje ele está comprando por aproximadamente R$ 25,00. Nós vendíamos 20 fardos (600kg) por semana, agora vendemos no máximo um fardo (30kg)”, disse Alexandre Fernandes.
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