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ECONOMIA

O poder do coletivo: como as cooperativas transformam vidas na Paraíba

Primeira reportagem da série "Conexão: Mãos que Cooperam" mostra como cooperativas uniram pessoas de diversas origens em torno de um objetivo comum.

Publicado em 14/05/2025 às 7:49


				
					O poder do coletivo: como as cooperativas transformam vidas na Paraíba
Cooperativas têm transformado vidas na Paraíba - Foto: TV Cabo Branco.

No campo ou na cidade, o cooperativismo tem unido gente de diversas origens em torno de um objetivo comum: prosperar juntos. Já são quase 100 mil cooperados e mais de 3.500 empregos diretos nas cooperativas do estado. A série “Conexão: Mãos que Cooperam”, vai trazer para o Jornal da Paraíba a força desse movimento. Ele está se tornando não apenas uma saída para sobrevivência de um negócio, mas representa crescimento e mudança de vida a partir da consciência de trabalho, produção e comercialização em conjunto.

Um Sertão de desafios e oportunidades

No ciclo do semiárido, a fonte de luz e beleza é também a que traz a seca e, com ela, muitos desafios. Quem os conhece de perto e da vida toda é Jenecy Alcântara. Ele vive e trabalha no Sítio Rigideira, zona rural de Monteiro, no Cariri, onde, além da água, preza por outra preciosidade. A renda da família vem dos mais de 300 litros de leite produzidos diariamente pelas 25 vacas atualmente em lactação. Um diferencial na vida do produtor é que, faça chuva ou faça sol, o leite é vendido o ano inteiro e pelo melhor preço do mercado local, atualmente a R$ 2,40 o litro. Isso porque seu Jenecy faz parte da cooperativa dos produtores rurais de monteiro, a Capribom, que garante o recebimento do leite de todos os sócios cooperados.

Criação de cabras gera renda para mais de 300 produtores

Artur Neto cria cabras há cinco anos, também na zona rural de Monteiro, seguindo o exemplo do pai dele. Atualmente, são 12 matrizes em lactação e quase 20 litros de leite por dia. Como é cooperado, Artur também tem a certeza da venda e cada litro significa um valor de R$ 3,34 pra ajudar o produtor a manter a família e se manter com esperanças no Semiárido. Os mais de 500 litros produzidos mensalmente garantem uma renda de suma importância a quem não teria escoamento da produção caso não existisse a cooperativa.

Do curral à loja: fábrica de laticínios e abatedouro


				
					O poder do coletivo: como as cooperativas transformam vidas na Paraíba
Cooperativismo transforma vidas na Paraíba - Foto: TV Cabo Branco.

A Capribom possui a própria fábrica de laticínios, onde recebe diariamente cerca de 15 mil litros de leite de vaca e de cabra. Grande parte é comprada pelo Governo Federal para distribuição às famílias em situação de vulnerabilidade e para as escolas públicas. O restante do leite é usado para a fabricação de vários produtos, que são vendidos a preços competitivos, já que, por força de lei, a agroindústria familiar, na qual se encaixa esse tipo de cooperativa, é isenta de pagar ICMS.

Recentemente, na área vizinha, o Abatedouro de Caprinos e Ovinos do Cariri Paraibano passou por reforma, ampliação e adequação às normas técnicas. A cooperativa também ganhou a concessão para gerir o estabelecimento. A capacidade é para o abate de mais de cem animais por dia, o que deve gerar a partir deste ano mais empregos e movimentação econômica em vários municípios. “A cooperativa vem para agregar valor à produção, à matéria-prima desses produtores… com isso, cada vez mais a gente tá conseguindo mais sócios cooperados, temos 700 e uma lista de espera de mais de 150 pessoas”, afirma o presidente da Capribom, Fabrício Ferreira.

E, assim, as vidas vão sendo transformadas. A conexão de mãos que trabalham juntas. O esforço de todos sustenta o modelo de cooperativismo, que está em várias áreas.

Os números do cooperativismo na Paraíba


				
					O poder do coletivo: como as cooperativas transformam vidas na Paraíba
Gráfico mostra a quantidade de cooperados, na parte superior. Na parte inferior, os números são relacionados ao total de empregados pelo cooperativismo - Foto: TV Cabo Branco. Gustavo Demétrio

O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras na Paraíba (OCB-PB), André Pacelli, explica que “o cooperativismo é um modelo de negócio formado por pessoas. Tem um conselho fiscal que verifica a prestação de contas. E quando os cooperados trabalham de forma conjunta conseguem agregar valor e trazer benefícios para todos”.

Reconhecimento internacional

O modelo se tornou tão significativo no mundo inteiro que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2025 o Ano Internacional das Cooperativas. É um reconhecimento da importância desse modelo de produção e de negócios para o desenvolvimento econômico e social das comunidades, como defende, no vídeo abaixo, o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Freitas.

Saúde em rede

As cooperativas de saúde estão entre as mais conhecidas no Brasil, principalmente a Unimed, considerada a maior cooperativa do segmento no mundo, uma referência internacional. Aqui na Paraíba, ela detém o maior número de clientes no seu plano de saúde, como é chamado o serviço fornecido. Um trabalho que acontece a partir de médicos cooperados, consultórios, hospitais e clínicas. Isso para ficar na Medicina. Mas a cooperativa também agrega profissionais e serviços de outras especialidades da Saúde, a exemplo da Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e Psicologia, fornecendo suporte nas mais variadas necessidades de quem busca atendimento e paga uma mensalidade. Os planos podem ser locais, dando direito a atendimento em uma cidade; estaduais ou nacional. E ainda existe o modelo com ou sem coparticipação, um mecanismo em que o beneficiário paga um plano mais barato, só que precisa contribuir financeiramente com parte dos custos quando utilizar os serviços.

Capilaridade e proximidade com o usuário

Quando um profissional se coopera, mesmo no início da carreira, ele tem a possibilidade de realizar um bom volume de atendimentos por causa do tamanho da cooperativa, que tem mais de 300 unidades no país. O Diretor de Provimento de Saúde da Unimed João Pessoa, Ricardo Queiroga, relata, no vídeo a seguir, os números da cooperativa no Brasil e as vantagens em ser um cooperado.

Fisioterapia em cooperativa

Com a força da Medicina, as cooperativas médicas partiram na frente com este modelo e abriram um mercado gigantesco no Brasil. Com o tempo, outras especialidades da Saúde buscaram se cooperar e fazer negócios com a própria Unimed e outras empresas. O presidente da Cooperativa de Fisioterapeutas da Paraíba, Francisco Pinheiro, diz que foi através da instituição que muitos profissionais deram as mãos para conseguir melhores condições de remuneração e o desenvolvimento das clínicas. “Damos esse apoio para entender contratos, brigar por valores e abrir mais mercado, preparando também os profissionais para entrar no mercado”, afirma.

Cooperativas de Crédito – o cooperado como sócio de um banco

Nas cooperativas de crédito, que funcionam no regime bancário e possuem o mesmo tipo de registro e obrigações junto ao Banco Central, os cooperados são sócios do empreendimento. Com isso, eles têm melhores condições e menos burocracia, por exemplo, na hora de contratar empréstimos. Mas não é só isso. A conta aberta funciona como uma capitalização. A mensalidade de manutenção dessa conta, geralmente um valor simbólico, vai sendo acumulado e, se um dia o cooperado quiser deixar a cooperativa, ele recebe o valor corrigido de todas as contribuições. No caso do Sicoob, a maior cooperativa de crédito do país, a tecnologia não deve a de nenhum banco brasileiro, possuindo um dos aplicativos mais bem avaliados do mercado, por onde se resolve uma gama de necessidades com segurança e rapidez.

Algo muito interessante e que contraria a lógica do que observamos em bancos comuns é que, como sócios, os cooperados têm direito a dividir os lucros de sua cooperativa. Isso ocorre uma vez ao ano, após uma assembleia que define as regras para a divisão, de acordo com os serviços que cada cooperado usa, como: aplicações financeiras, uso de cartão de crédito, saldo em conta corrente e contratação de empréstimos. Aqui na Paraíba existem 12 cooperativas, que estão em todas as regiões do estado. Em Cabaceiras, no Cariri, é a única instituição financeira formal. Já em Campina Grande o modelo conseguiu um feito de grande importância, onde tomou a dianteira da movimentação financeira da cidade, como afirma Paulo César Martins, presidente desta que se tornou uma das maiores agências Sicoob no país.

Quem mantém as operações empresariais na cooperativa afirma que viu vantagens desde o primeiro dia. “Como cooperativa, a gente tem uma facilidade imensa de crédito. É tudo muito mais fácil. Na parte de carteira com clientes, boletos. E a cooperativa está expandindo”, comemora Alexandre Farias, que é empresário no ramo de vidraçaria.

Algo muito importante a ser lembrado é que uma cooperativa, como o próprio nome diz, depende da atuação de todos os sócios, não só na entrega dos produtos e serviços, mas no compromisso em buscar o crescimento do negócio, o aperfeiçoamento dos processos. Os especialistas também alertam para um modelo de governança que não permita desvios e vise a uma administração por gestores que busquem conhecimento e inovação, principalmente com o apoio das instituições que trabalham diretamente no desenvolvimento das cooperativas, como o Sescoop e o Sebrae, ambos do Sistema S.

O legado de uma região

Um dos excelentes exemplos do que uma cooperativa bem gerida pode transformar está no município de Monteiro e região. Até o início do século, o PIB das cidades do Cariri e o Índice de Desenvolvimento Humano patinavam nas últimas posições da Paraíba. Hoje, segundo o diretor de Operações da Capribom, Rubens Remígio, Monteiro figura na 14ª posição no PIB do estado entre os 223 municípios. Para o diretor, a cooperativa tem participação direta no crescimento econômico da região, uma vez que as centenas de cooperados geram uma injeção financeira que movimenta a economia local.

Imagem

Plínio Almeida

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