ECONOMIA
Opinião: O Metaverso - a realidade virtual paralela e as implicações econômicas
Realidade virtual paralela promete revolucionar as balizas da sociedade, trazendo uma série de dúvidas sobre sua regulamentação e sobre seus impactos, principalmente, no ponto de vista social e econômico.
Publicado em 22/11/2021 às 15:39 | Atualizado em 22/11/2021 às 16:31
Se perguntassem a qualquer brasileiro, na década de 90, a influência que a internet teria no mundo contemporâneo, poucos conseguiriam prever com precisão o impacto desse fenômeno nas nossas vidas e para a economia. As redes sociais, de igual modo, também trouxeram consequências irreversíveis para as relações sociais, reduzindo as barreiras da globalização e as distâncias físicas.
Agora, a bola da vez é o metaverso, uma realidade virtual paralela, que promete revolucionar as balizas da sociedade, trazendo uma série de dúvidas sobre sua regulamentação e sobre seus impactos, principalmente, no ponto de vista social e econômico.
Quando o Facebook Inc., organização que controla o Facebook, Instagram e Whatsapp, trouxe o seu CEO e fundador, Mark Zuckerberg, para anunciar ao público a mudança do nome da organização para “Meta”, todos acreditaram se tratar de uma alternativa para não vincular a big tech apenas ao Facebook, um de seus intentos, ou uma ação de marketing buscada pela plataforma, contudo, com a explicação do gestor, tudo mudou.
Segundo Mark Zuckerberg, “O Metaverso é a próxima fronteira para aproximar as pessoas, assim como eram as redes sociais quando começamos”. Semelhante ao que percebemos nas obras cinematográficas de ficção científica – como Jogador n. 1 e Matrix - e no universo dos games – como o fenomênico Fortnite -, o Metaverso seria um universo digital paralelo, com alta precisão gráfica, onde as pessoas poderão interagir, realizar transações financeiras, trabalhar e, até mesmo viajar sem sair de casa.
Para tanto, a companhia, juntamente com outras empresas de tecnologia, vem ampliando as pesquisas em equipamentos e softwares que possibilitarão a efetivação da ferramenta. Dentre os instrumentos, nós temos o VR (“Virtual reality”), os tolkens, as capturas em 3D e, sobretudo, as criptomoedas, que serão fundamentais para efetivação da convergência entre o mundo digital e o físico, objetivo do Metaverso.
Tudo isso pode parecer uma novidade longe de ser palpável, mas não podemos fechar os olhos para fenômenos tão disruptivos, escaláveis e com grandes impactos econômicos, principalmente quando sabemos que nossa realidade legislativa não costuma regulamentar estas relações de forma pontual e temporânea.
A falta de regulamentação e de conhecimento dos players sobre o tema pode trazer impactos financeiros, a curto e médio prazo, e os exemplos nesse sentido são clarividentes. As criptomoedas chegaram e repentinamente cresceram de forma exponencial, estremecendo o mercado financeiro e fazendo com que tivessem de se adaptar a toque de caixa. Já as NFT’s - Non-Fungible Tokens, tolkens criptografados com uma sequência única, que são utilizados para dar autenticidade a objetos físicos ou digitais, vem movimentando bilhões e causado um rebuliço no mercado do entretenimento e artístico. Pensando nisso e sabendo da potencialidade do Facebook, diversas marcas já tem adaptado seu portfólio a nova realidade do metaverso, buscando se antecipar aos efeitos nefastos do atraso na regulamentação e sair na frente dos outros players do mercado.
A revista “Time” e a Disney já preparam as estruturas para ingressar no metaverso, as empresas de tecnologia correm para criar o seu metaverso e os gigantes do mercado de vestuário não ficaram para trás, recentemente, a Nike, a Balenciaga, Louis Vitton e a Gucci fizeram registro de seus produtos para venda no mundo digital. Não há dúvida que esse movimento demonstra a efetividade desse novo cenário e a necessidade do mercado de entender o mais rápido possível essa conjuntura. A título de exemplo, em Junho de 2021, a Gucci vendeu uma bolsa dentro do game Roblox, que custou aproximadamente R$ 22 mil reais, preço muito superior ao vendido pelo produto físico e sem qualquer produção física, apenas por meio digital. Já pensou poder fazer isso com seu produto ou negócio? Seria um sonho, hein?
Brincadeiras a parte, esses são só alguns exemplos do que está por vir, no futuro não haverão mais barreiras físicas para as relações interpessoais, os trabalhos poderão ser exercidos de qualquer lugar e a qualquer momento, nos depararemos com mais frequência com produtos totalmente virtuais e poderemos viajar ou frequentar ambientes de dentro da nossa casa por meio de tecnologias ultrarrealistas.
Assim, não há dúvida que esse é um fenômeno que veio para ficar, que foi acelerado em decorrência da pandemia, com as determinações de isolamento social, e que deve ser analisado por todos, sejam os que já exercem atividades comerciais ou que estão buscando formas de se antecipar a um mercado tão volátil e instantâneo. De todo modo, essas são cenas dos próximos capítulos, que, com o andar da carruagem, estão cada vez mais próximas.
*Felipe Crisanto - Advogado especialista em Dir. Tributário com MBA em contabilidade e Mestre em Dir. Econômico
** Rafael de Castro - Advogado especialista Dir. Empresarial e Societário
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