ECONOMIA
Paraíba quer revitalizar culturas com sustentabilidade
No passado, o algodão foi uma das principais fontes de riqueza de todo o semiárido nordestino, de forma especial na Paraíba.
Publicado em 09/08/2015 às 8:00
A falta de investimentos, de chuva e de inovação ao longo das décadas causou o desaparecimento de culturas importantes para a economia da Paraíba, como o algodão e o sisal. Outras culturas, como a do abacaxi, tiveram a produção reduzida e perderam espaço no cenário econômico. Por meio de estudos e projetos inovadores, a Paraíba busca revitalizar essas produções de forma sustentável, do ponto de vista ambiental e econômico. O primeiro passo, fortalecer a cadeia produtiva e capacitar os produtores interessados nas atividades, já foi dado.
Em relação ao algodão branco, por exemplo, a Paraíba teve uma produção expressiva até a década de 80, mas uma série de fatores fez a cadeia produtiva entrar em colapso no Estado, segundo explicou Liv Soares, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa). “A chegada do bicudo, que destruiu as plantações, é uma das lembranças mais fortes que temos”, declarou. Mas não foi só a praga a responsável pela decadência do cultivo do algodão branco.
De acordo com Soares, os demais estados brasileiros investiram na tecnologia e em equipamentos, enquanto a Paraíba ficou estagnada e não conseguiu acompanhar seus concorrentes. Dentre os avanços estavam a completa mecanização das etapas do cultivo; o uso intensivo de insumos modernos, como fertilizantes e fungicidas; e a adoção de cultivares de altíssima produtividade e qualidade de fibra. Atualmente, a maior produção de algodão no Brasil se encontra na região do cerrado.
O impacto na economia foi muito forte, segundo o técnico da Embrapa. “O algodão foi uma das principais fontes de riqueza de todo o semiárido nordestino, de forma especial na Paraíba. O cultivo gerava muito comércio e emprego e complementava a criação de bois”, afirmou Soares. Segundo ele, até hoje, ainda não apareceu uma cultura agrícola na Paraíba capaz de substituir o algodão, sobretudo nos pequenos municípios, como Gurinhém, Mulungu e Juarez Távora.
Agora, a luta é conseguir retomar a produção do algodão tradicional no interior nordestino, incluindo a Paraíba. De acordo com Soares, a dificuldade maior está na necessidade de utilizar uma tecnologia muito mais avançada do que a usada pelos produtores na década de 80. “Os produtores precisam reaprender a cultivar o algodão em um novo formato, que exige investimentos altos”, frisou. Mas para isso é preciso primeiro a cadeia produtiva se reestruturar de forma que o cultivo do algodão se torne uma atividade sustentável.
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