ECONOMIA
Patos é 16º consumo do País
Ranking da McKinsey e da Escopo inclui a cidade paraibana no mapa das 20 maiores taxas de crescimento do interior até 2020.
Publicado em 02/09/2012 às 8:11
Passa carro de luxo, passa moto, bicicleta. Vem gente de todos os lados, dos próprios bairros da cidade e também dos municípios vizinhos. Sob o sol, despontam arranha-céus, como também novas lojas, franquias, mercadinhos e faculdades.
Estamos no Centro de Patos, no Sertão da Paraíba. O barulho do trânsito, o ruge-ruge das pessoas passando, fazendo pesquisas de preço e comprando – muito, por sinal - mostra um pouco da efervescência da cidade, que está em plena ascensão no mapa do consumo do interior do Brasil.
A instalação das Lojas Americanas na cidade, no ano passado, assim como novos negócios nas áreas de construção civil, veículos, calçados e vestuário e de distribuidoras são sinais claros da economia em ascensão, que atrai consumidores de dezenas de municípios circunvizinhos da Paraíba e também dos estados da divisa como Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Com potencial de consumo de mais de um R$ 1 bilhão em 2012, a 'Capital do Sertão', como Patos é conhecida, entrou no mapa das 20 cidades do interior do país com as maiores taxas de consumo. Segundo pesquisa realizada pelas empresas McKinsey e da Geomarketing Escopo, Patos está inserida entre as cidades de interior que mais crescem em todo o Brasil, conquistando a 16ª colocação no ranking dos 20 municípios que devem apresentar maior consumo entre 2010 e 2020. O estudo, que analisou 45 categorias em cidades com mais de 100 mil habitantes, estima um crescimento na ordem dos 11% nos próximos 8 anos. Com mais de 100 mil habitantes e no centro do mapa do Estado, o município caminha para um novo ciclo econômico amparado no comércio.
“Patos é uma cidade-polo, que tem o privilégio de ser próxima de Pernambuco, Rio Grande do Norte e do Ceará. Calculamos que habitantes de 52 municípios vizinhos consomem aqui. O ramo da construção civil está crescendo assustadoramente e estamos recebendo cada vez mais empresas de fora”, afirmou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Patos, Vicente Martins da Nóbrega. Segundo a pesquisa do IPC Maps, somente com materiais de construção os patoenses vão destinar R$ 46,3 milhões este ano, atrás apenas de gastos com veículos próprios (R$ 48,8 milhões).
PODER AQUISITIVO
A alta no consumo constatada no comércio local é decorrente também do crescimento do poder aquisitivo da população. A enfermeira Milca Costa é uma das muitas moradoras que aumentaram sua renda nos últimos anos. Recentemente, ela foi aprovada em um concurso público, o que a permite fazer compras com mais facilidade. “Meu salário está bem melhor e outro detalhe interessante é que os preços dos produtos estão caindo, talvez pelo aumento da concorrência das lojas que estão chegando. Isso tem sido outro ponto favorável. Minhas condições financeiras mudaram bastante desde que comecei a trabalhar”, comentou.
Além da elevação do salário mínimo nos últimos anos, o programa de transferência de renda Bolsa Família também impulsiona o consumo. A dona de casa Maria Juciene Ribeiro também teve um incremento em sua renda familiar há alguns anos. Agora, ela se beneficia com o Bolsa Família, que lhe garante mais R$ 134 por mês. O programa federal, porém, não é o único ponto que estimula o consumo, na opinião de Juciene.
“Além disso, as lojas estão parcelando o pagamento em vários meses e produtos como computadores e refrigeradores, que antes eram muito difíceis de ter, hoje estão com preços bem mais acessíveis”, destacou.
Além do crescimento do comércio e da construção civil, a economia local vem se beneficiando com o grande fluxo de pessoas de outras regiões que estudam ou trabalham no município. “Ônibus com alunos de outras cidades e estados chegam diariamente e isso injeta dinheiro no município.
Calculamos ainda que cerca de 500 carros alternativos entram na cidade por dia e 70 táxis de Santa Luzia e São Mamede rodam para Patos”, diz o presidente da CDL.
NOVA DISTRIBUIDORA
A localização estratégica, no centro do Sertão, e o crescimento do poder aquisitivo da população são alguns dos fatores quem levaram empreendimentos como as Lojas Americanas a se instalarem na região. Na cidade desde agosto de 2011, o estabelecimento comercial partiu para a região após realizar um estudo que constatou a viabilidade do negócio, levando em consideração o número de habitantes da cidade e seu poder de compra.
No próximo ano, mais uma grande empresa deve chegar ao município, prometendo gerar 120 empregos diretos e 300 indiretos. Em funcionamento desde 2000 em João Pessoa, a Nordil atua como distribuidora de grandes marcas de alimentos e bebidas, entre elas a Bauducco, Red Bull, Ferrero Rocher e Nissin Miojo. "A necessidade de partir para o interior surgiu por questões práticas, uma vez que a instalação da empresa no Sertão facilitará a distribuição dos produtos a todo o interior paraibano. Patos foi escolhida por ser bem localizada geograficamente e por ter mão de obra abundante e qualificada o suficiente para os serviços que vamos precisar. Também levamos em consideração o estudo da McKinsey, que foi apenas mais uma prova de que Patos tem potencial de crescer ainda mais", diz o diretor comercial da Nordil, Zezé Veríssimo.
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