ECONOMIA
PB perde 9 mil postos e tem pior 1º trimestre
De janeiro a março, o resultado negativo foi de 9.030 postos, sendo 37.718 admissões contra 46.748 demissões.
Publicado em 18/04/2013 às 6:00
No primeiro trimestre deste ano, a Paraíba teve o pior saldo de empregos (admissões menos demissões) da série histórica para o período desde 2002. De janeiro a março, o resultado negativo foi de 9.030 postos – sendo 37.718 admissões contra 46.748 demissões. O impacto foi tão forte que o número representou 12% do saldo negativo contabilizado na Região Nordeste (-74.766 carteiras assinadas).
Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), organizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). No trimestre, o saldo negativo deste ano (-9.030) foi de 3,2 mil postos acima do mesmo período de 2012 (-5.826).
As perdas maiores de postos se devem ao decréscimo no saldo da indústria de transformação (-5.815 postos) e da agropecuária (-3.447 postos), que puxaram a queda. Com exceção de serviços (844), os demais setores como comércio (-426) e construção civil (-144) encerraram trimestre no vermelho. (veja o quadro ao lado)
Por um lado, a seca justifica a queda neste último setor, por outro, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Produção do Álcool da Paraíba (Sindalcool), Edmundo Barbosa, foi o fim da safra que motivou as demissões na indústria de transformação da qual fazem parte as usinas sucroalcooleiras. “O grosso dos desligamentos foi motivado por isso. É uma redução sazonal e esperada, quanto à de agora, não há outro motivo. Mas vale ressaltar que a seca pode impactar sim e gerar uma redução nas contratações da próxima safra, uma vez que ela deve começar mais tarde, em setembro”, explicou.
Apesar da forte impressão que deixa, o saldo paraibano – que foi o terceiro pior do Nordeste -, mas ficou bem abaixo de Pernambuco ( -26.652 postos) e de Alagoas (- 24.896 postos). No ranking da região, neste trimestre, apenas a Bahia conseguiu um saldo positivo (1.508).
NOS MUNICÍPIOS DA PB
Nos municípios acima de 30 mil habitantes, Santa Rita liderou perda de postos (- 4.577), seguido de Mamanguape (-1.343) e Campina Grande (- 191). Já a capital paraibana conseguiu gerar um saldo positivo de 223 empregos, mas abaixo do trimestre do ano passado (995 postos).
ANÁLISE
O professor de Economia da UFPB Lucas Milanez lembrou que a geração negativa de empregos impacta na economia do Estado e traz sérias consequências. “A primeira delas é que, de imediato, cai o consumo do dia a dia – existe o impacto social que já é, por si só, muito prejudicial. Em segundo plano, o paraibano também deixa de aquecer a economia local através da obtenção de crédito, uma vez que não dispõe de renda”, pontuou.
Por conta disso, conforme disse, o governo começa a ter que arcar com as contas do trabalhador. “Com o seguro-desemprego, por exemplo. Enfim, é um círculo vicioso que deve ser evitado”, concluiu.
SALDO DE MARÇO
O saldo negativo de março nos empregos foi o maior do primeiro trimestre (-3.641 postos), com 11.159 admitidos e 14.800 desligados. Na prática, houve sucessivas quedas no saldo de empregos na Paraíba nos três meses: janeiro (-2.263 postos) e fevereiro (-3,126)
No mês de março, na região Nordeste, apenas Piauí (489), Rio Grande do Norte (409) e Bahia (375) conseguiram saldos positivos. No caso paraibano, mais uma vez foi a agropecuária (-1.152) e a indústria de transformação (-1.577) que puxaram os números para baixo em março.
Em março, Santa Rita contabilizou um saldo negativo de 1.705 postos e João Pessoa -675 postos.
2º PIOR SALÁRIO MÉDIO
O levantamento do Caged mostrou ainda que a Paraíba registrou o segundo pior salário médio de admissão do país. Um funcionário recém-contratado no Estado ganha, em média, R$ 848,55 – um valor muito inferior à média nacional (R$ 1.079,92), superando só o Piauí (R$ 842,05).
No ranking nordestino, lideram Pernambuco (R$ 1.005,28), a Bahia (R$ 980,28) e o Maranhão (R$ 976,19). “Nossos empregos, no geral, são do setor primário (agricultura) e comercial. A Paraíba não dispõe de grandes parques industriais, portanto, não há exigência de alta qualificação que, por sua vez, viabilizaria salários mais altos. Ou seja, a estrutura produtiva do Estado favorece médias menores”, avaliou Lucas Milanez.
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