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ECONOMIA

PB pode ter pior ano de emprego

Em oito meses de 2013 foi registrado o quantitativo mais baixo desde 2004.

Publicado em 01/10/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 17:47

O saldo de novos empregos gerados na Paraíba pode encerrar o ano com o pior desempenho da década. Dados do último Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que nos primeiros oito meses de 2013 foram registrados tímidos 1,648 mil postos de trabalho, quantitativo mais baixo desde 2004, quando no mesmo período foram registrados 9,629 mil.

Para se igualar aos 12 meses de 2008, ano de pior desempenho em empregos (9,895 mil), a Paraíba terá que gerar pelo menos 8,247 mil postos de trabalho, margem difícil de ser alcançada, segundo especialistas na área, sobretudo no atual cenário econômico do país, quando importantes setores geradores de empregos, como serviços e comércio, têm desempenho muito aquém do esperado.

Este possível cenário se torna mais evidente quando constatado que diversos setores vêm apresentando queda no rendimento de novos empregos, segundo explicou o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos da Paraíba (Dieese), Renato Silva.

“Nos últimos meses, registramos que setores importantes têm fraco desempenho na oferta de novos postos de trabalho e crescimento no volume de desligamentos. Por essa razão acredito que o saldo de empregos este ano será bem menor que anos anteriores”.

O setor de serviços, considerado o mais importante em geração de empregos na Paraíba, teve, até agosto deste ano, 5,479 mil vagas contra 7,042 mil no mesmo período do ano passado.

A cadeia produtiva da construção civil é a principal responsável por este cenário, segundo Renato Silva, sobretudo quando se percebe arrefecimento no volume de empreendimentos. “A construção deixou de gerar cerca de seis mil empregos este ano. Isso tem forte impacto no saldo de postos gerados. Como é um setor de alta rotatividade, acreditamos que isso tenha acontecido pelas demissões e não contratações devido ao término das obras. Quando acabam as construções, as empresas desligam seus funcionários”, aponta Renato Silva.

QUEDAS NO COMÉRCIO

O fraco desempenho da geração de empregos estadual é também encontrado no comércio, um dos setores mais fortes na Paraíba e no último trimestre do ano. Contudo, nos oito meses deste ano, foram gerados apenas 650 postos de trabalho no setor, enquanto ano passado haviam sido registrados 1,8 mil, queda de 63%.

De acordo com o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas da Paraíba (FCDL-PB), Artur Melo de Almeida, as perspectivas para os próximos meses não são animadoras.

“O número de empregos será menor do que esperávamos, sem dúvidas menor que o registrado nos anos anteriores. Costumo dizer que o saldo de empregos no comércio é consequência do ambiente econômico do país, ora favorável, ora pessimista. O comércio é a estratificação desse ambiente. Com a timidez de nossa atividade econômica, é esperada uma queda no saldo de empregos para este ano”, disse o presidente da FCDL-PB.

Aliado ao fraco crescimento econômico, que diminui o poder de compra da população e, consequentemente, o volume de compras no comércio, os comerciantes paraibanos enfrentam gargalos específicos ao Estado, segundo explicou Artur Melo de Almeida. “O pequeno e médio empresário são os que mais sofrem. João Pessoa é uma das cidades com maior custo de empregabilidade. Aqui se paga um dos domingos e feriados mais caros do país (R$ 30,00), à frente de cidades como Recife, que tem o desenvolvimento econômico muito maior que o nosso”, disse.

O presidente da FCDL-PB apontou ainda os gastos diários do empresário, que nem sempre têm faturamento favorável para arcar com os custos. “Além do domingo, o comerciante tem que dar um dia de folga ao funcionário que trabalha nesses dias. Ele também tem que pagar a todo funcionário um vale alimentação por dia (R$ 4,50). Se você soma esses gastos e multiplica pelos dias da semana vai perceber que muitos empresários não têm fôlego para contratar funcionários”, reclama.

SINE-PB DIZ QUE TEM OFERTA SATISFATÓRIA

Um dos meios para se conseguir uma vaga no mercado de trabalho é o Sistema Nacional de Emprego na Paraíba (Sine-PB), que nos primeiros meses deste ano ofertou volume satisfatório de empregos, defende a responsável pelo setor de articulação empresarial do órgão, Rita Rocha.

“Nós cuidamos da parte de recrutar a mão de obra. Percebemos que muitas vagas foram abertas este ano. Só no call center (AeC), por exemplo, já colocamos mais de 2 mil pessoas. Estamos enviando dezenas para o galpão da cervejaria Itaipava, que está chegando ao Estado, mas como não monitoramos os desligamentos, não sabemos quantos continuam empregados”, disse Rita Rocha.

Mesmo ofertando muitos postos de trabalho, o Sine-PB não consegue mudar a realidade do desemprego no Estado graças às “manobras” de alguns dos empresários, é o que constata o supervisor técnico do Dieese, Renato Silva. “A iniciativa privada muitas vezes adota estratégias que desfavorecem o trabalhador, pensando na sua diminuição de custos”, disse.

De acordo com Renato Silva, uma dessas manobras é o desligamento prematuro. “Quanto mais tempo passa um funcionário em uma empresa, maior sua pressão por melhores condições salariais, como pedido de aumento, por exemplo. Por isso a maior parte dos desligamentos são realizados no primeiro ano de trabalho do funcionário, que é para ele não requerer as melhorias salariais. Essa é uma realidade em todo o país”, disse.

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Jornal da Paraíba

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