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ECONOMIA

Poupança vai manter ganho real

Regra está na Medida Provisória (MP) 567, que estabelece as alterações no cálculo do rendimento da aplicação

Publicado em 06/05/2012 às 8:00

Os saques das cadernetas de poupança, se dos depósitos antigos ou dos novos, com as novas regras, serão definidos pelo poupador.

A regra está na Medida Provisória (MP) 567, que estabelece as alterações no cálculo do rendimento da aplicação. Caso o poupador não tome a decisão, o saque, então, será feito a partir dos recursos que forem, por último, depositados na conta.

A explicação é do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, que, em entrevista à Agência Brasil, destacou que a MP, para proteger o poupador, estabelece que o saque realizado deve ser o mais recente, caso não haja a manifestação do depositante. Barbosa disse ainda que a poupança deverá manter o ganho real, com rendimentos acima da inflação ao longo do tempo.


Agência Brasil: As pessoas podem ficar tranquilas com as mudanças?
Nelson Barbosa: O governo está garantindo os rendimentos da poupança, que continuarão sendo a melhor aplicação popular com rendimentos mensais, liquidez imediata e isenção do Imposto de Renda. A decisão também irá ajudar o Banco Central [BC] a diminuir os juros. Sem a mudança, não haveria condições para a redução das taxas na economia e impedir que a caderneta de poupança virasse o refúgio dos grandes investidores do mercado financeiro. Quem diz que o governo está mexendo na caderneta de poupança está fazendo desinformação. O governo está preservando os ganhos da poupança e ampliando as condições para os juros continuarem a cair. O poupador não precisa ir à agência e o saldo das cadernetas antigas continuam preservados, rendendo 0,5% ao mês mais TR [taxa referencial]. Se os juros continuarem caindo, será o melhor investimento do mercado preservando os rendimentos para a maioria da população..

ABr: Havia uma dúvida hoje sobre quem iria definir de que saldo fazer o saque, antigo ou novo. Será o poupador ou o banco?
Barbosa: Os bancos serão obrigados a apresentar nos extratos os saldos das cadernetas de poupança, discriminando os depósitos novos dos antigos, com o índice de correção de cada um. Se o poupador seguir fazendo depósitos e, eventualmente, fizer uma retirada quem irá decidir de qual saldo o dinheiro será retirado é ele, dono absoluto do destino de seus recursos.

ABr: Na opinião do senhor, o poupador menos informado irá entender que esse investimento ainda é uma boa alternativa e que ele não terá prejuízos?
Barbosa: Quem aplicar dinheiro a partir de hoje [4] vai perceber que a poupança ainda é o investimento mais rentável porque não tem taxa de administração dos bancos e nem imposto. Quem tem prestação da casa própria pelo Sistema Financeiro de Habitação [SFH] também não precisará se preocupar. A prestação continuará igual e, à medida que as taxas de juros forem caindo, os empréstimos imobiliários também serão feitos a custos cada vez menores. A poupança é a melhor fonte de recursos para o Sistema Financeiro de Habitação e continuará sendo assim porque a parcela [da poupança] destinada à habitação continuará a mesma, 65%.

ABr: É possível manter o ganho real da poupança, acima da inflação?
Barbosa: A poupança continuará tendo ganho real, acima da inflação. Um exemplo seria a taxa básica de juros [Selic] em 8%. Ao aplicarmos 70% dessa taxa [8%], chegaremos a 5,6%, incluindo a TR, pela nova regra da poupança. Esse resultado, se levarmos em consideração uma inflação de 4,5%, daria, ao subtrairmos 5,6% de 4,5%, um rendimento, ainda, de aproximadamente 1,1% [de ganho] real. Então, a poupança continuará tendo um ganho real, dependendo do nível da Selic. Para os níveis que a gente espera que a Selic se situe nos próximos anos, a poupança deverá, sim, ter ganho real acima da inflação.

ABr: O senhor considerou 4,5%, que é o centro da meta para a inflação estabelecida pelo governo. E se for para o topo da meta, que é 6,5%?
Barbosa: Não é o caso, porque a expectativa neste ano, e nos próximos, é convergência da inflação para o centro da meta [4,5% em 2012]. Mas vamos falar pensando em um prazo mais longo. Se daqui a dez anos, por exemplo, a inflação subir e o Banco Central tiver que ajustar as taxas de juros, aí vale a regra que estabelece que, se a Selic for maior de 8,5%, a poupança passa a ser corrigida por 0,5% mais TR, como era até ontem. Senão, continua a regra nova que é 70% da Selic mais TR. Mas é importante notar que o Brasil está se aproximando das condições que a gente verifica em outros países. A taxa de juros no Brasil deverá flutuar, a partir de agora, entre níveis muito aceitáveis. O país, daqui a alguns anos, terá uma taxa de juros que irá flutuar entre 4% e 8%. A taxa ficará dentro dessa nova banda que foi estabelecida para os depósitos feitos a partir da última sexta.

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Jornal da Paraíba

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