ECONOMIA
Preço de orgânicos cai até 72% em feira agroecológica
Durante o mês de março deste ano, hortifrútis tiveram sua maior alta e os produtos orgânicos já podem ser encontrados com preço 25% a 72,2% mais barato.
Publicado em 17/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:09
A opção de hortifrútis mais saudáveis, como são conhecidos os produtos agroecológicos (orgânicos), está em média de 25% a 72,2% mais barato nas feiras livres agroecológica da Paraíba, no comparativo com o mês de março, período em que os produtos tiveram a maior alta de preços. Alguns itens, como o tomate, chegam a ser encontrados até 72,2% mais em conta que os comprados 5 meses atrás, segundo informações da Associação dos Agricultores da Várzea Paraibana (Ecovárzea), que representa o maior grupo de feirantes agroecológico do Estado.
Símbolo da alta da inflação no setor de hortifrútis, o tomate até pouco tempo era evitado por boa parte dos consumidores, devido ao robusto valor de compra do produto, que chegou a custar R$ 11 o quilo. O orgânico hoje pode ser encontrado a R$ 3,00/kg, valor que anima muitos compradores.
A professora e dona de casa Luzinete Rodrigues faz parte deste grupo de consumidores e diz preferir os orgânicos pelos benefícios que trazem à saúde. “A gente compra porque confia que são mais saudáveis, livre de agrotóxicos. Toda sexta-feira venho comprar tomate, alface e folhas em geral. Como eles estão mais baratos, a gente fica mais folgada para comprar mais produtos. Hoje já posso comprar o tomate, porque alguns meses atrás tava caro demais”, disse.
Armada toda sexta-feira, das 5h às 14h, a feira de orgânicos localizada por trás do bloco principal do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), está vendendo este mês cerca de 3,5 toneladas por dia.
Entre os meses de março e junho, o volume diário de produtos não passava de 1,5 tonelada.
SECA AFETOU
Um dos 27 feirantes do local, Assis Barbosa de Melo, que preside a Ecovárzea, afirma que o barateamento dos orgânicos está diretamente ligado à produção dos alimentos, que, por ser complexa, em relação aos vegetais convencionais, costuma sofrer mais com as alterações climáticas. “A seca nordestina afetou a produção de uma forma geral. Não foram só os orgânicos que sofreram. O problema é que os alimentos orgânicos são mais sensíveis e por isso costumam ser mais prejudicados, tanto com a seca como com a mudança rápida do clima”, disse Assis de Melo.
VARIAÇÃO CLIMÁTICA
De acordo com o feirante, o biofertilizante utilizado na agricultura orgânica é um produto de fraca potência, comparado com os fertilizantes convencionais, logo sua eficácia é alterada pelas variantes climáticas. “Se a terra está fria e de repente o sol fica muito forte o biofertilizante pode perder o efeito. Aí a hortaliça estraga e vão poucos produtos para venda. Como tem poucos, os preços costumam ficar mais altos”, explicou Assis.
Além da variação climática, a competição com os vegetais tradicionais também interfere nas compras dos produtos orgânicos. “O orgânico às vezes não é tão bonito em comparação ao comum, porque o fertilizante dele é leve e não interfere na forma. Já o produto normal aparenta ser mais bonito por causa do excesso de químicos que ele leva”, contou Assis de Melo.
O feirante explicou que o biofertilizante utilizado no tomate orgânico, por exemplo, só age na casca do produto, tem ação superficial, portanto é inofensivo, ao contrário do tomate convencional que tem químicos em excesso. “A mosca branca é a pior praga para os tomateiros. No tomate orgânico, o biofertilizante protege o produto por fora, de forma leve, por isso ele nem sempre é bonito. Já o fertilizante comum protege fora e dentro do tomate. Eles ficam bem mais bonitos, mas não são saudáveis"
OFERTA VAI CRESCER NO 2º SEMESTRE
Com a diminuição das fortes chuvas da temporada, a tendência é que a produção dos orgânicos aumente nos próximos meses, segundo a previsão do presidente da Ecovárzea. “Nos próximos 3 meses acreditamos que sejam vendidos 4,5 toneladas de produtos por dia em cada feira, porque nessa época o clima está melhor para produção”, disse Assis de Melo.
RESISTÊNCIA
Nos supermercados, entretanto, ainda há dificuldade de se encontrar os produtos. De acordo com o presidente da Associação de Supermercados da Paraíba, Cícero Bernardo, os alimentos orgânicos ainda são inacessíveis aos consumidores mais humildes, o que limita a comercialização do produto.
“Como o custo é mais caro, nem todas as lojas têm perfil para trabalhar com esse produto. Eles são mais voltados para grandes supermercados, como Carrefour e Pão de Açúcar, por exemplo. Para uma loja menor fica inviável o investimento, porque o perfil de consumidor desses estabelecimentos prefere comprar os produtos convencionais, que são mais baratos”.
Entretanto, o gestor de orgânicos do Sebrae, Pablo Queiroz, afirmou que a tendência é que esse perfil de mercado mude com o passar dos anos. “Estamos passando por um momento de conversão, onde cada vez mais se investe nos alimentos orgânicos. Este ano, tivemos um aumento nacional de 2 milhões em produção desses alimentos. Com o aumento da produção, a diferença de preços entre orgânicos e tradicionais tende a cair e o consumidor vai poder ter acesso a esses produtos”, previu. (Especial para o Jornal da Paraíba)
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